“Saímos de uma era de pacificação para uma era de luta de classes”

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Para Ruy Braga, é guerra de classes

Luciana Genro: ‘Dentro do capitalismo não há como melhorar as condições de vida do povo’

No Diário Liberdade, 26 Julho 2015 02:32

A crise política e econômica que o Brasil vive mostrou que o projeto do PT era claramente um projeto capitalista, segundo a ex-candidata à presidência da República pelo PSOL Luciana Genro. “Está claro que, dentro do capitalismo, não há como melhorar as condições de vida do povo”, disse, em debate promovido pela bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, neste sábado.

Discutindo a saída para a crise, Genro afirmou que o arruinamento da política tradicional representada por PT e PSDB, que continham o povo pelo centro, permite a radicalização das massas e uma polarização, possibilitando o crescimento das forças da “esquerda coerente” e da extrema-direita.

Neste sentido, segundo ela, não há uma ofensiva da direita, mas sim uma contra-ofensiva, “porque o avanço nos últimos anos foi da esquerda”, com conquistas do movimento LGBT, negro e feminista.

Por outro lado, o sociólogo e professor da USP Ruy Braga apontou que nos últimos anos, com a chegada do PT ao poder, houve um “amortecimento” da luta de classes, um período de relativa pacificação social apoiada pelo consentimento em alguns setores. Porém, segundo ele, esse período de passividade acabou: “saímos de uma era de pacificação para uma era de luta de classes”.

Ele citou o avanço sobre os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, como o aumento do crédito, a terceirização, o aumento do aluguel, a expulsão do centro para a periferia e o aprofundamento da mercantilização do conhecimento.

Esse cenário econômico reflete a tentativa do imperialismo estadunidense de enfrentar a crise do seu modo, impondo um “neoliberalismo 2.0”, de acordoo com o economista da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr, que também participou do debate.

“Isso se manifesta pelos imperativos do ajuste fiscal”, que quer ajustar a sociedade brasileira às exigências do grande capital, primeiro com as privatizações, e depois com o rebaixamento do nível de vida do povo brasileiro, assinalou.

Para ele, enquanto a direita ataca sem medo, a esquerda mostra-se fragmentada, mas pode começar um processo de aglutinação. “Para isso é preciso ter competência e fazer coisas diferentes”, disse. Temos que saber “quais são as tendências efetivas e entender as contradições que mobilizam a luta de classes”.

Segundo o economista, a tarefa estratégica da classe operária e o norte para a esquerda brasileira deve ser impulsionar a transformação profunda, a Revolução Brasileira. “Temos que ter a força política da Revolução”, ou seja, “não podemos cair na armadilha institucional”, afirmou. Para fazer a Revolução Brasileira é preciso superar a teoria e a prática do programa democrático-popular, organizar o povo e dotá-lo de consciência política: “isso significa superar o PT”, completou.

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Comentários

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Jair Almansur

Prisão de Direceu é consequência de um partido acovardado de um governo conservador que não fez outra coisa nos últimos anos além de assistência social e tentativa de agradar os conservadores.
Um governo que não reformou a midia, nem a estrutura agrária, nem a tributária, nem a sindical, nem a política. O Brasil segue sendo um pais com estruturas do século IXX.
Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina, Uruguai devem ser nossos exemplos.

    Urbano

    Principalmente o erro crasso de alimentar os bandidos da oposição ao Brasil, como o famigerado pig.

Carlos Salgado

Eu tô dentro, precisamos encontrar coesão nos movimentos populares e de esquerda outra vez, superar o PT.
Agora pondero que não devemos jogar a criança com a água suja da bacia…
Não reconhecer os avanços sociais dos últimos 12 anos é tentar tapar o sol com a peneira!

Há um pré-sal para defendermos para a saúde e educação, o que permitirá a conscientização e a transformação profunda na vida dos pobres!
É realmente necessário que estejamos juntos!

Danilo

As esquerdas precisam buscar pontos comum, se unir em torno deles (o restante é negociável), e criar uma frente sólida e combativa, com programa, com projeto… Está demorando muito essa reação.

jean

uma dúvida já avisaram o proletariado que vivemos uma luta de classe – um certeza possuo, não será aécio, fernado henrique que dominarão a massa – digo, a massa é incontrolável, eu não possuo patrimônio – em uma nova ordem só tenho a ganhar, e você.

Arthemisia

O que eles estão esperando que ainda não organizaram e conscientizaram o povo? Querem que o governo faça, enquanto recebem salários e bolsas para pesquisar o marxismo?
A gente acabou de aprender uma grande lição com o Tsipras. Na hora do vamo ver, cadê o plano?

FrancoAtirador

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Preparem-se para o Início do Século 20.
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Bacellar

No Brasil nunca teve “luta de classes”…O que ocorre de tempos em tempos é “massacre de classes”…

Nelson

“Temos que ter a força política da Revolução”, ou seja, “não podemos cair na armadilha institucional”, afirmou. Para fazer a Revolução Brasileira é preciso superar a teoria e a prática do programa democrático-popular, organizar o povo e dotá-lo de consciência política: “isso significa superar o PT”.

Concordo com tudo, inclusive com o “superar o PT”.

A questão é: como fazer isto, como dotar o povo de consciência política ao mesmo tempo em que temos, do outro lado, um aparato de propaganda descomunal a injetar ideologia capitalista por todos os poros de cada cidadão?

Para chegarmos ao estágio de conscientização de pelo a maior parte do povo, ainda vamos “comer muita grama”. Até lá, infelizmente, teremos que ir nos defendendo do jeito que pudermos. E isto significa sustentarmos, a todo custo, o pouco de democracia (que, dadas as circunstâncias podemos considerar bastante) que ainda temos. Se fraquejarmos, será a ditadura neoliberal avassaladora.

Urbano

É que a Esquerda continua com os ouvidos zunindo pelo troar dos pingos d’água fascistas, em um único ponto da cabeça, a repetir a cantilena mais inteligente que podiam: comuniiista… terroriiista… Mas melhorou-se muito atualmente; já podemos chamar os da oposição ao Brasil de fascistas e, o que é melhor, sem ser leviano.

Eduardo Guimarães

Azenha e Conceição, um leitor me passou esse link dizendo-se “estupefato”. Confesso que o entendo, mas deixei de me surpreender faz tempo. Essa esquerda acredita mesmo nessas coisas? Alguém imagina ser possível desinstalar o capitalismo no Brasil? Não que eu não gostasse; o capitalismo é diabólico. Mas essa gente não pensa na realidade, no que será a vida do povo nos próximos 10 anos, por exemplo. Age como criança. Brinca de revolucionário. Não tem plano algum para enfrentar a direita e impedi-la de aprofundar a desigualdade. Pior: não está nem aí para a ameaça premente de ruptura institucional, com a possível derrubada de Dilma, que jogaria 54 milhões de votos no lixo. Alguém consegue extrair alguma realidade de toda essa masturbação ideológica? Esquerda desmiolada… Não está fácil

    Alexandre

    Comentário muito bem colocado. Lula, o pragmático, conseguiu tirar 40 milhões da pobreza e acabou com a fome endêmica do país. Mas nossa esquerda catedrática prefere discutir o sexo dos anjos em colóquios inexpressivos enquanto a direita entreguista aquece os tanques e os ‘paus-de-arara’ nos porões de Curitiba e São Paulo. Frente de Esquerda já, em defesa da democracia e da presidenta eleita!

Julio Silveira

Para mim o ingrediente luta de classes nunca deixou de existir na cabeça das elites nacionais. Eles sempre disfarçaram sob diversos argumentos, também alcunhas, para no fim imporem as classes mais abaixo, suas estrategias para manutenção de suas exclusividades e dominancia. A manuenção de seu poder baeado nas fraquezas, culturais, morais, que se transformam em economicas pela propria incapacidade das demais classes em exercer contra eles concorrência mostra claramente esse interesse, que muito poucos associam permitindo a continuidade da desconstrução de uma nação integradora . Um Lula no poder mostra claramente isso, para bons observadores possibilita uma franquia aos olhos, por que mostra a todos um estado de espirito que sempre esteve latente mas camuflado, o preconceito. E a indisposição com aqueles que, por seus conceitos, devem se manter abaixo na linha de pobreza para não oferecerem risco de mudança de poder e Status Quo.

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