Rennan Martins: O que a direita busca é mexicanizar o Brasil

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Jose serra

Rezando pela cartilha de Washington

A ofensiva da Casa Grande e a construção da trincheira

Por Rennan Martins | Vila Velha, 03/07/2015

Do Desenvolvimentistas

É urgente compreender que a ofensiva da direita visa “mexicanizar” o Brasil, desmantelar o Estado, garantias e direitos sociais, gerindo a miséria por meio de um simulacro de democracia e Estado policial.

O Brasil do abismo social avança

Capitaneados pelo inescrupuloso e aplicado serviçal, Eduardo Cunha, a Casa Grande empreende duríssima ofensiva que ameaça retroceder diversos pilares civilizatórios do país. Inconformados com os modestos avanços de cunho inclusivo dos últimos anos, pretendem não só anulá-los, mas também restaurar o Brasil do século XIX.

As frentes do atraso são várias e se aglutinam num discurso histérico de uma imprensa partidarizada, aliada a um dos congressos mais obscuros já eleitos na história brasileira. Sob o discurso antipetista e “contra” a corrupção, o que se vê é o “moralismo a serviço da imoralidade”, quadro muito bem constatado por Ciro Gomes.

A redução da maioridade penal é a resposta cínica de uma sociedade que legitima o aparte da juventude negra e pobre e a política de exceção praticada nas periferias. Sua aprovação em primeiro turno se deu usando de expedientes como chantagem e ameaça e o fato de ter violado flagrantemente o artigo 60 da Constituição só reforça a tese de que esta redução não valerá para os bem-nascidos, mas somente para os açoitados, os mesmos desde os tempos coloniais.

No mesmo sentido se dá o oportunista PLS 131/2015, de autoria de outro conhecido despachante dos interesses da banca, senador José Serra, que pretende tirar da Petrobras a condição de operadora única dos campos do pré-sal. Se valendo da retórica da crise e ignorando a solidez de uma empresa lastreada em bilhões de barris de petróleo, caminhamos para anular uma das mais robustas políticas social e de desenvolvimento já ensaiadas no Brasil.

Soma-se ainda a terceirização ampla, geral e irrestrita, materializada no PL 4.330, agora PLC 30. Sob o embuste da especialização e flexibilização do mercado de trabalho, a proposta tem o potencial de submeter toda a classe trabalhadora a uma dinâmica de mais exploração, menores salários e sonegação de direitos. A estrutura macroeconômica também não passaria ilesa, a fatia do PIB destinada a salários seria tão gravemente atingida que o mercado interno sofreria grande baque, perdendo o dinamismo e capacidade atuais.

Paralisado pela capacidade do presidente da Câmara em dar início a um processo de impeachment, o governo se rendeu incondicionalmente. Primeiro aderiu ao ajuste fiscal, que nas condições de juros estratosféricos vigentes não passa de transferência direta de recursos da sociedade para o cartel financeiro, que em troca ordena seus analistas dizerem que o Mercado se agrada da “disciplina e austeridade” fiscal da equipe econômica.

A viagem aos EUA reforçou o giro completo do Planalto. Objetivando se redimir dos “devaneios” outrora praticados, Dilma Rousseff aderiu ao discurso imperial e aos investidores nova iorquinos disse que temos uma burocracia infernal, e que sua segunda gestão seria voltada para consolidar a “nova” política econômica. Fechando com chave de ouro, foi além e conseguiu tecer fartos elogios ao criminoso e genocida Henry Kissinger, ex-secretário de Estado norte-americano e um dos principais responsáveis pela articulação dos regimes ditatoriais da América Latina.

Diante dessa pavorosa conjuntura, a resposta do campo progressista é pífia. Os governistas se limitam a uma postura de torcida de futebol, engolindo o batido argumento da governabilidade e creditando toda a crise aos coxinhas, a mídia e aos golpistas. Enquanto isso, a oposição de esquerda se limita a estéreis discussões teóricas e a sádica postura que diz “eu avisei”, a cada novo recuo do PT.

Ora, parece que ambos se esquecem que política é ação com base na “análise concreta da situação concreta”. É preciso que fique claro e evidente que o projeto da Casa Grande é a mexicanização do país. O que almejam é o desmantelamento do Estado, das garantias e direitos sociais, restando apenas um simulacro de democracia, um mar de miséria em que uma elite diminuta associada a interesses estrangeiros gere o caos por meio de um Estado policial.

Não será por meio de troca de acusações, ressentimento, e disputa de quem é verdadeiramente compromissado com o povo que barraremos essa ameaça. É hora de organizar a Frente Popular, uma coalizão suprapartidária, vinculada a uma agenda mínima, sem pretensões eleitoreiras e com compromisso inabalável de barrar o retrocesso que a cada dia se torna mais palpável. Combatendo e denunciando tanto o projeto neocolonial da direita, quanto a capitulação e fisiologismo inaceitável do governo.

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Comentários

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Caracol

Se esse estado de coisas continuar, logo logo, com renhido esforço e abnegação, conseguiremos chegar… à Idade Média.

FrancoAtirador

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MACHADO DE ASSIS: DE VOLTA PARA O FUTURO
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A Realidade na Ficção e A Ficção na Realidade
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(http://jornalggn.com.br/blog/jota-a-botelho/a-igreja-do-diabo-por-machado-de-assis)
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Luiza

E é bem isso mesmo, a mexicanização do Brasil.
“O que almejam é o desmantelamento do Estado, das garantias e direitos sociais, restando apenas um simulacro de democracia, um mar de miséria em que uma elite diminuta associada a interesses estrangeiros gere o caos por meio de um Estado policial.”
O roteiro é mesmo o de um filme de terror, o ensaio de naufrágio, que vai paralisando os movimentos à medida em que o tempo vai passando e escapando pelos dedos a possibilidade de escapar.
No Brasil atual os s atropelos sao tantos e sem trégua, quase simutaneos, que a reaçao nao consegue se articular na mesma velocidade. É triiste, mas a impressao que se tem é que as mazelas paralizaram a iniciativa, impediram a compreensão real do perigo que se aproxima e as consequencias que virao sobre todos, sem distinção. Se um líder-conciliador nao aprecer a tempo, nao vejo saída e a maioria é que vai pagar essa conta e virar estatística.
Como num naufrágio, depois do casco irremediavelmente rompido, salva-se quem enfrenta realidade e tem juízo. Os que só contemplam a tragédia sem calcular as suas consequencias terminam por sucumbir junto com a embarcaçao. De certa forma, todos saem perdendo, só que os sobreviventes, pelo menos, ainda terao a chance de escreverem num livro as aventuras de suas vidas; já os afogados, aqueles que nada fizeram porque tiverao pouca ou nenhuma percepçao da tragédia, a sua importancia e/ou existencia vai virar estatística, números frios numa planilha ou tabela do levantamento de vítimas da tragédia.
Para os navegantes, sobretudo em águas nada tranquilas, o melhor conselho é o de manter um olho no peixe e o outro no gato, porque a vida nao acolhe à quem dorme.
Promete ventar ainda mais forte no Brasil nos próximos dias e meses. Melhor cada um pensar sério sobre a sua real situaçao, o que se quer e o preço que se tem a pagar, e fazer a escolha entre ser um sobrevivente ou virar estatística.

FrancoAtirador

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Na Atual Circunstância, diante do Bloqueio Absoluto da Verdade
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nos Meios de Comunicação Massa Convencionais (Rádio e TV),
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uma Ampla Frente Democrática Laica só alcançaria Credibilidade,
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junto à População, se excluísse os Petistas que estão no Governo.
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Resta apenas saber se a Luciana aceitaria conviver com o Lembo
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ou se o Boulos consentiria em aliar algum propósito com o Ciro.
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De qualquer forma, está na hora agrupar o Pessoal em uma Caravana,
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tal como nas ‘Diretas’, para percorrer, de Cidade em Cidade, o Brasil Inteiro.
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O Momento é de Comunicação Direta com o Povo, antes que seja Tarde.
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Edgar Rocha

Frente Popular sem pretensões eleitoreiras???? Vai sonhando.

A mexicanização é fato consumado nas periferias. Só não veio à tona por que… ora porque???? Porque é na periferia, ué!
É que todos os articulistas estão esperando a queda da Bastilha pra conclamar o povo às ruas e fazer a Revolução. Só pode. Tá na receita de bolo que eles leram. Depois, o terror e, por fim, o tão sonhado estado neo-burguês, seja lá o que isso signifique. Tenho até medo de imaginar.

Quem lideraria a tal Frente Popular? O Lula? Aí, deixa de não ser eleitoreira. Ele é candidato natural, acho eu.
Então, a solução vai ser criar a frente, ganhar as eleições e cooptar com os aliados. Tem de ser pragmático, né? Ah, não! Os possíveis aliados desta frente não serão da direita, nem do PMDB, portanto, não têm o poder de tocar fogo no país e tirar o Lula à força da cadeira, como ele sempre temeu. E aí? Tem de negociar, sejamos francos.

Errrr. Por Deus! Malafaia que me perdoe, tive uma visão!!!! Vi uma serpente envolta em si mesmo, devorando o próprio rabo! Já sei! É a tabela periódica, estúpido. De período em período, ocorre um golpe, uma ditadura e os elementos reagem da mesma forma. É a Física.

Voltemos à Frente popular…

Julio Silveira

O Brasil devia ser motivo suficiente para alcançar esse objetivo, mas existem razões, todas pessoais, e vaidades, todas dos principais lideres, que impedem essa visão de dever acima de qualquer diferença. Outro fator impeditivo é a desconfiança. A esquerda, hoje, é mais panfletaria que proativa. Na hora do vamo ver todos com poder tem mostrado serem as esquerdas que a direita gosta, fraca, covarde e aderente.

    Danielle

    Desconheço esquerda m ais aderente do que PT e PCdoB. O resto é fichinha. Pró-ativo é o que? Propor, como Lula fez logo no início do seu primeiro mandato, reformas como a da previdência que tirou direito dos aposentados?

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