Reforma da Previdência: Deputados mineiros querem impedir a CUT de contar que na hora H eles beijam a mão de Temer

Tempo de leitura: 6 min

por Conceição Lemes

8 de maio de 2017, final do campeonato mineiro, entre Atlético e Cruzeiro, estádio Independência, Belo Horizonte.

Estava tudo acertado. A Central Única dos Trabalhadores – Minas Gerais (CUT-MG) exibiria na lateral do gramado  uma placa de publicidade contra a reforma da previdência:

Morrer sem se aposentar: é isso a reforma da Previdência. Diga não!“.

Na última hora, a Rede Globo, detentora da transmissão do jogo, censurou-a, alegando “cunho político”.

Hipocrisia despudorada, já que “vende” a reforma nos seus noticiários travestida de jornalismo isento.

Agora, três deputados federais mineiros tentam também silenciar a CUT/MG:

*Newton Cardoso Junior (PMDB).

*Raquel Muniz (PSD), sim, sim, sim, sim.., que inaugurou a nossa Galeria dos Hipócritas (Veja PS do Viomundo).

*Jaime Martins Filho (PSD), o Jaiminho, como é mais conhecido.

Eles foram à justiça para impedir a divulgação da campanha “Se votar, não volta”, decidida nacionalmente pela 15ª plenária estatutária da CUT.

Os três parlamentares votaram a favor do impeachment da então presidenta Dilma, da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita.

E, como integram a base aliada e sempre se posicionam com o governo, devem beijar mais uma vez a mão de Temer e votar a favor da reforma da Previdência (PEC 287/2016).

VOCÊ VOTARIA EM QUER ACABAR COM O SEU DIREITO  À APOSENTADORIA?

Só que a conjuntura mudou e  o sim atualmente à  PEC 287/2016  pode significar a não  reeleição em 2018. 

Desde que que o presidente usurpador Michel Temer (PMDB-SP) anunciou a reforma da Previdência, em 5 de dezembro de 2016, tem havido crescente mobilização dos movimentos sindicais, sociais, populares e estudantis contra a proposta, que, na prática, acaba com a aposentadoria no Brasil, ignorando R$ 426 bilhões devidos pelas empresas ao INSS.

Tanto que, quatro dias depois,  mais de 12 mil metalúrgicos do ABC paulista pararam a região contra a reforma da previdência. Da frente da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo (SBC), eles caminharam até a rodovia Anchieta, ocupando-a entre quilômetros 15 e 18.

Em 12 de janeiro de 2017, a CUT e representantes de outras centrais, reunidas em São Paulo, anunciaram ser contra as reformas trabalhista, da previdência e a terceirização ilimitada e a disposição de mobilização nacional e nos estados contra elas.

Em Belo Horizonte, por exemplo, mais de 100 mil trabalhadores protestaram em 15 de março como parte do Dia Nacional de Paralisação contra a Reforma da Previdência. Dezenas de categorias paralisaram as atividades. Manifestações e paralisações aconteceram em todo o Estado.

Em 31 de março, em mais um ato histórico, cerca de 100 mil pessoas novamente saíram às ruas de BH e os  manifestantes cantavam: “Ou para esta reforma, ou paramos o Brasil”.

Esses protestos serviram como preparação para a histórica greve geral de 28 de abril de 2017, que, segundo a CUT nacional, conseguiu a adesão de  mais de 35 milhões de trabalhadores; a maior greve já realizada no País desde 1989.

O fato é que a intensificação de passeatas, atos e campanhas de esclarecimento produziu dois resultados:

1)A ficha da população caiu. Pesquisa CUT/VOX realizada em novembro de 2017 revelou que 85% dos brasileiros são contra o fim da aposentadoria e 71% acham que não vão conseguir se aposentar.

2) Aumentou a pressão nos deputados federais, levando o governo a adiar várias vezes a votação da PEC 287.

A intenção era votá-la em 19 de abril de 2017. Postergou para 2 de maio. E até agora não votou, pois não tem os 308 votos necessários para aprovar a PEC 287 na Câmara.

Este ano haverá eleição e os deputados receiam enfiar mais essa maldade goela abaixo da população e não se reelegerem.

Daí a investida dos três deputados federais contra a campanha da CUT Minas, que apenas cumpre o seu dever de informar os trabalhadores.

A propósito: Você votaria em quem quer acabar com o seu direito à aposentadoria?

Bem, os deputados Newton Cardoso Júnior, Raquel Muniz e Jaime Martins Filho não declararam oficialmente até agora se são a favor ou contra a reforma da Previdência.

São os famosos em cima do muro. Com isso, podem barganhar mais com o governo. Mas que na hora h beijam a mão  de Temer.

Pois, os três querem impedir a CUT Minas de contar a verdade à população.

Isso é censura!

Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT Minas e coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, avisa: “Vamos persistir na luta para que a antirreforma da previdência não seja aprovada”. em cima

Em nota a CUT/MG (na íntegra, ao final), observa:

.. “quem não deve, não teme”. Utilizar o Poder Judiciário para tentar silenciar a Central Única dos Trabalhadores demonstra uma lamentável ausência de postura democrática e explicita um medo de que a população saiba as consequências do posicionamento dos parlamentares.

A nota revela estas informações que pouca gente conhece:

Em 2017, a CUT Minas participou de reunião promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais a CUT para debater o posicionamento dos deputados federais mineiros sobre a antirreforma da Previdência.

Os citados deputados não apareceram.

Insistentemente foram procurados em seus escritórios regionais para dialogarem sobre a mesma reforma. Não obtivemos sucesso em nenhuma tentativa.

O governo quer aprovar a reforma da Previdência qualquer preço ainda em fevereiro.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cogita colocar em votação no dia 19,20 ou 21.

Independentemente de quando ela ocorrer, os sindicatos, as centrais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os movimentos sociais e estudantes convocam os trabalhadores para a greve geral nesta segunda-feira, 19 de fevereiro.

Se a PEC 287 for aprovada, ela acaba com a aposentadoria de milhões de brasileiros que terão dificuldades para cumprir as novas regras que Temer quer impor.

PS do Viomundo:  A deputada federal Raquel Muniz estreou a nossa Galeria dos Hipócritas. Em 17 de abril de 2016, ao proferir o 303º voto a favor da abertura do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, saltitante afirmou:

Meu voto é em homenagem às vítimas da BR-251. É para dizer que o Brasil tem jeito, e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão.

O meu voto é por Tiago, David, Gabriel, Mateus, minha neta Júlia, minha mãe Elza. Meu voto é pelo Norte de Minas, é por Montes Claros, é por Minas Gerais, meu voto é pelo Brasil.

Sim, sim, sim, sim, sim, sim…

Menos de 12 horas depois, o marido dela o então prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB), foi preso pela Polícia Federal (PF) acusado de fraude na gestão pública de Saúde.

Em 19 de dezembro de 2017, a Justiça condenou a deputada e o marido Ruy Muniz por improbidade administrativa.

Segundo a decisão do juiz Jefferson Ferreira Rodrigues, do Tribunal Federal Refional (TRF1), o casal teria utilizado de forma explícita, e pública, a influência dos seus cargos para pressionar auditores fiscais da Receita Federal, com o objetivo de promover os interesses do grupo econômico que seriam os verdadeiros proprietários.

Segundo o G1, a  sentença destaca especificamente a liberação de equipamentos médicos adquiridos na Alemanha e apreendidos pela alfândega por suposta prática de interposição fraudulenta. Na apuração da Justiça, Ruy e Raquel são os verdadeiros donos e gestores das associações AMAS Brasil e Soebras, além do Hospital Mário Ribeiro da Silveira, para onde os equipamentos médicos seriam destinados.

Raquel Muniz, Jaime Martins Filho e Newton Cardoso Júnior votando pelo impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016 

ÍNTEGRA DA NOTA DA CUT MINAS

Deputados federais tentam silenciar a CUT Minas

Diante da tentativa de censura que os deputados federais mineiros Newton Cardoso Junior, Raquel Muniz e Jaime Martins tentam impor a CUT/MG através da judicialização da campanha de esclarecimento sobre a antirreforma da previdência (PEC 287) que tramita na Câmara dos Deputados, a Central esclarece:

1.A publicidade institucional veiculada pela Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais está amparada na Constituição da República, em especial nos art. 5º, IV, IX, XIV, XVII, no art. 8º, III e no art. 220, §1º e §2º. Trata-se de uma prática inerente ao próprio do Estado Democrático de Direito.

2.Pessoas investidas no mandato popular devem prestar contas pelo exercício desta representação sendo, por conseguinte, cobrados para que não se posicionem contrários aos interesses da sociedade, como no caso da “antirreforma da previdência”.

3.A campanha institucional “se votar, não volta!” é nacional e reflete diretriz definida em resolução pela 15ª plenária estatutária da CUT contra as antirreformas trabalhista e da previdência.

4.Já nos ensinou o ditado popular “quem não deve, não teme”. Utilizar o Poder Judiciário para tentar silenciar a Central Única dos Trabalhadores demonstra uma lamentável ausência de postura democrática e explicita um medo de que a população saiba as consequências do posicionamento dos parlamentares. Em 2017, a CUT Minas participou de reunião promovida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais a CUT para debater o posicionamento dos deputados federais mineiros sobre a antirreforma da Previdência. Os citados deputados não apareceram. Insistentemente foram procurados em seus escritórios regionais para dialogarem sobre a mesma reforma. Não obtivemos sucesso em nenhuma tentativa.

5.A CUT Minas continuará seu trabalho de lutar para que a antirreforma da previdência, por todos os prejuízos que trará a população, NÃO SEJA APROVADA. E que todos os parlamentares respondam junto à população pelo posicionamento que tiverem.

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Comentários

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JULIO CEZAR DE OLIVEIRA

TEREMOS QUE ESCOLHER MUITO BEM EM QUEM VOTAR NESSA PRÓXIMA ELEIÇÃO,TEM DEPUTADOS QUE SE DIZEM CONTRA A REFORMA,MAS VOTARAM PARA TIRAR A DILMA,ENTÃO SÃO DIRETAMENTE RESPONSÁVEIS POR ESSAS REFORMAS IMORAIS QUE ESTAMOS VIVENDO.

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