Professor detona MEC congelar vagas em universidades federais: “Retrocesso. Vai continuar rindo, senador Cristóvam?”

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 MEC decide congelar vagas em universidades federais

por Isabela Palhares, no Estadão, 08/12/2016

Com universidades funcionando em prédios alugados e déficit de professores, o Ministério da Educação (MEC) vai congelar nos próximos dois anos a ampliação de vagas no ensino superior em universidades federais. Paulo Barone, secretário da Educação Superior, disse que a prioridade nos investimentos será para “assegurar a continuidade do processo de expansão que está em andamento”.

“A prudência recomenda que se consolide o processo de expansão que ainda está em andamento para depois planejarmos novos voos. Estamos trabalhando dessa forma, tentando honrar os compromissos com as instituições, no sentido de garantir o pleno funcionamento dos cursos que foram criados”, disse Barone.

O congelamento deixa o País ainda mais distante da meta do Plano Nacional de Educação que prevê ampliar a taxa bruta de matrícula na educação para 50% da população de 18 a 24 anos – em 2014, a taxa era de apenas 34,2% -, assegurando a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas no segmento público.

As instituições federais, que são responsáveis hoje por mais de 60% das matrículas de alunos de graduação na rede pública convivem desde 2014 com o corte de verbas.

Algumas maiores, como a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enfrentam dificuldades para manter contas básicas em dia, como a de energia elétrica.

Já as federais que foram criadas ou tiveram expansão para novos câmpus nos últimos cinco anos enfrentam o desafio de continuar recebendo ingressantes no próximo ano e dar andamento para os seus cursos com qualidade. É o caso da Universidade do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Minas Gerais, que participou da expansão da rede federal, com a criação em 2013 de dois novos câmpus nas cidades de Unaí e Janaúba.

UniversidadesFederaisSem prédio próprio, os cerca de 900 alunos dessas unidades estudam em colégios que foram cedidos pelo Estado – a situação provisória tinha como previsão durar apenas um ano. “Reformamos essas escolas, mas chegamos em um ponto em que já não temos mais como receber novos alunos”, disse o reitor Gilciano Saraiva Nogueira. Dos R$ 19 milhões previstos no orçamento para investimentos, a universidade recebeu neste ano apenas 50%.

Além da falta de espaço, Nogueira disse que a universidade ainda não sabe como garantir a continuidade dos cursos por falta de docentes. A primeira turma de alunos do bacharelado em Ciência Tecnológica terminou neste ano o ciclo básico de disciplinas e começa no próximo ano a especialização em Engenharia, mas não há professores para essa etapa. Os câmpus de Unaí e Janaúba tinham pactuado a abertura de mais de 100 docentes para cada, mas só foram liberadas 37 a cada um.

“Não vamos deixar esses alunos na mão. Pedimos ao MEC a liberação para contratar professores temporários. Se não for possível, nossa última opção é fazer aulas modulares e condensadas com professores de outros dos nossos câmpus”, disse Nogueira. Os novos câmpus ficam a mais de 400 km de Diamantina, sede da UFVJM.

Situação parecida é a do câmpus de Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, criado em 2013, que funciona em um prédio alugado, dividido com uma faculdade particular. A unidade tem cursos como Medicina e Odontologia, mas ainda não possui estrutura adequada para laboratórios. “A gente está fazendo o possível para não chegar na situação de ter de parar a entrada de novos alunos, mas também nos preocupamos em manter esse ingresso com dignidade”, disse Peterson Marco Andrade, diretor do câmpus.

A Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) foi criada na última expansão da rede, com início de funcionamento em 2014. Com cinco câmpus, em quatro os alunos têm aulas em prédios cedidos ou alugados. A reitora Iracema Santos Veloso disse que as obras estão em andamento, mesmo com o contingenciamento de orçamento de 50% dos R$ 21 milhões previstos.

“A gente tem o básico, mas, para o ano que vem, já enfrentaremos problemas para laboratórios e exigências mais complexas dos cursos”, disse. A Ufob oferece cursos como Veterinária, Engenharias de Biotecnologia e Mecânica.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também participou do programa de expansão das federais, tendo sido criado em 2011 o câmpus de Osasco. As aulas de cinco cursos acontecem em um espaço cedido pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (Fito) até a conclusão da obra do prédio próprio, que teve inicio em julho deste ano.

Recursos. Barone afirmou que a utilização de prédios alugados e cedidos para universidades se deve ao planejamento da expansão, já que as instituições foram criadas antes de ter suas estruturas construídas. Segundo ele, essas instituições terão prioridade de recursos. “Tratamos politicamente esses casos priorizando os que têm situação mais aguda”, disse.

Para o próximo ano, o governo federal prevê cortar até 45% dos recursos previstos para investimentos nas federais e o montante estimado para custeio deve ter queda de cerca de 18%. Enquanto isso, as quatro universidades federais criadas em 2014 – Ufob, Federal do Sul da Bahia (Ufesba), Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e Federal do Cariri (UFCA) – têm previsão orçamentária 7% maior do que os R$ 326,7 milhões empenhados neste ano.

No entanto, Barone afirmou que o problema mais “grave” hoje dessas universidades é o déficit de professores. Segundo ele, o MEC solicitou ao Ministério do Planejamento a abertura de 1.200 vagas de professor para 2016 e o mesmo número para 2017, mas elas foram negadas.

Barone disse que o MEC estuda a contratação de professores temporários e o remanejamento de instituições que ainda não tiveram projetos iniciados. “Nosso compromisso é dar continuidade plena, atuamos para evitar que haja uma situação de estrangulamento no futuro imediato”, disse.

PS do Viomundo: Em comentário que nos enviou, o professor Daniel Valença, da Universidade Federal do Semiárido,  detona a decisão:

O MEC e o governo ilegítimo dão uma prova a mais dos objetivos do golpe: restringir a democracia, atacar a soberania nacional, as políticas públicas e os direitos das classes trabalhadoras.

Somada à PEC 55, essa medida, anunciada na mesma semana da aprovação da alteração do currículo da educação básica, não deixa dúvidas de que buscam levar a educação brasileira a patamar ainda inferior ao do governo neoliberal de Fernando Henrique. É um retrocesso incalculável para a história do país. Trata-se de uma geração desperdiçada, em prol do aumento dos lucros do grande capital.

Na graduação de Direito, meus colegas de curso eram essencialmente de uma determinada região  da capital, de padrão médio alto. Com as cotas e a expansão da educação superior, meus discentes são compostos também por pessoas dos pequenos interiores, do campo, enfim, da totalidade social do estado e da região.

Então há uma diferença quantitativa, mas com implicações qualitativas, como diria Marx. Não se trata apenas de números, mas de se construir uma Universidade plural, que representa a diversidade que há na sociedade brasileira.

E outra consequência, daí também decorrente: além do sonho individual ou familiar de chegar à Universidade, a médio prazo, trata-se de algo estratégico para o país, de desenvolvimento social e econômico de cidades médias e pequenas, bem como do meio rural.

E, agora, senador Cristóvam Buarque? O senhor vai continuar rindo e aplaudindo o ministro da Educação golpista? 

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Juristas e movimentos sociais oficializam pedido de impeachment de Temer


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Comentários

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FrancoAtirador

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Ao Contrário do que Foi Falsamente Afirmado

pelo Governo Beto Hitler do PSDB do Paraná,

Jovem Morto em Escola Paranaense Ocupada

Não Estava Drogado e Muito Menos Bêbado.

Reportagem de Janaina Garcia, do portal UOL,
diz que teve acesso ao Laudo Toxicológico Oficial
assinado pelo Perito Eduardo Rodrigues Cabrera.

O documento é datado do último dia 3 e informa que Não Foram Detectados
na Amostra de Sangue da Vítima, encaminhada para a Perícia, nem Álcool etílico,
nem benzoilmetilecgonina (nome químico da Cocaína), nem antidepressivos,
anticonvulsionantes, analgésicos, benzodiazepínicos ou neurolépticos.
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De acordo com a mãe do estudante assassinado,
a confeiteira Alexandra Nunes da Rosa, 36,
ela quer que Richa e o Secretário de Segurança
se retratem publicamente.

“O orgulho de poder mostrar o filho que eu sei que tinha.
Ninguém podia sair falando dele sem saber, senão eu;
é muito revoltante ver a injustiça que fizeram com o nome
e com a memória do meu menino”, disse aos prantos a mãe.
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Portanto, o Governo Beto Richa (PSDB), como sempre, mentiu
sobre o estudante Lucas Eduardo de Araújo Mota, de 16 anos,
morto em outubro no Colégio Estadual em Curitiba, no Paraná,
apenas para enfraquecer o Movimento de Ocupação Estudantil.

https://t.co/ATy7Y8iAKl
https://twitter.com/rogeriomatuck/status/807619094786744324

http://www.esmaelmorais.com.br/2016/12/governo-richa-mentiu-ao-dizer-que-estudante-morto-em-ocupacao-estava-drogado-para-enfraquecer-movimento-no-pr/
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FrancoAtirador

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Falò Delle Vanità

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fogueira_das_vaidades
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Serjão

Infeliz a Nação que necessita de heróis, muito mais infeliz aquela que não os têm!
Para ser alçado à condição de herói, ou de um mito mundial, é preciso as armas, o sangue derramado e todo um fascínio romântico?
Vida longa ao LULA e Revolução sem tiros!
Estudantes de Escolas Federais do Brasil ultrapassam a Coreia do Sul, uma das maiores referências em educação no mundo:
https://theintercept.com/2016/12/08/estudantes-federais-tem-desempenho-coreano-em-ciencias-mas-mec-ignora/

Jair de Souza

Acho bom que a pergunta seja feita publicamente ao senador Cristóvam Buarque. É claro que a gente sabe muito bem que ele não vai retificar a sua posição. Está demonstrado historicamente que os indivíduos que passam de uma posição popular de esquerda para assumir a defesa dos interesses dos inimigos do povo trabalhador não reconsideram sua decisão. Para certificar-nos disso, basta com conferir no Brasil a posição anterior de boa parte dos mais furibundos representantes das forças antipovo da atualidade e as características que foram adquirindo a partir do momento em que assumiram a defesa dos interesses que antes diziam combater (Carlos Lacerda, que tinha sido comunista, deixou um legado marcante que foi assumido por outros ex-esquerdista, como José Serra, FHC, Roberto Freire, Renan Calheiros e um amplíssimo etc). Por isso, só podemos esperar que Cristovam Buarque se torne a cada dia mais e mais determinado a derrotar tudo o que signifique algum ganho para as maiorias trabalhadoras. Os recém chegados (assim como os cristãos novos no passado) sentem uma necessidade imperiosa de mostrar a seus novos correliginários que eles nada mais têm a ver com seus antigos posicionamentos. Portanto,devemos estar preparados para nos deparar com muita frequência com a presença de Cristovam Buarque, Marta Suplicy, etc, na linha de frente das forças que desejam aniquilar os direitos do povo.

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