Só os chineses escapam do controle quase total dos EUA

Tempo de leitura: 7 min

Weibo, o twitter chinês

Internacional| 08/09/2013 | Copyleft

Jacques Henno: ‘Estamos todos vigiados e fichados’

À Carta Maior, o pesquisador e especialista das novas tecnologias Jacques Henno analisa os abusos e tendências que se inscrevem em uma nova era marcada pelo nascimento de um lobby entre os militares, a informática, os dados e os arquivos que circulam pela internet. Henno publicou vários livros que anteciparam de maneira detalhada e rigorosa as informações divulgadas por Edward Snowden. O resumo da obra é: estamos todos vigiados e fichados.

Por Eduardo Febbro, de Paris, na Carta Maior

Paris – Antes de se deitar é preciso olhar embaixo da cama, desligar o sinal Wifi e fechar todos os acessos à internet da casa. A última leva de informações sobre a espionagem norte-americana atravessa uma nova fronteira da violação da privacidade.

O jornal The New York Times revelou que Washington corrompeu toda a tecnologia que protege a internet para acentuar a espionagem.

Por meio da Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), os Estados Unidos roubaram chaves de segurança, alteraram programas e computadores e forçaram certas empresas a colaborar com o objetivo de ter acesso a comunicações privadas, tanto dentro como fora do território norte-americano.

A NSA não respeitou limite algum: correios eletrônicos, compras na internet, rede VPN, conexões de alta segurança (o famoso SSL), acesso aos serviços de telefonia da Microsoft, Facebook, Yahoo e Google, a lista dos novos territórios de caça é interminável.

Segundo o diário norte-americano, a NSA gasta mais de 250 milhões de dólares anuais em um programa chamado Sigint Enabling cuja meta consiste em modificar a composição de certos produtos comerciais – computadores, chips, telefones celulares – para torná-los vulneráveis, ou seja, acessíveis aos ouvidos da NSA.

A isto se somam as informações publicadas por Wikileaks sobre 80 empresas privadas que se servem das novas tecnologias para captar (espionar) em tempo real os intercâmbios no Facebook, MSN, Google Talk, etc. Estamos na mais perfeita intempérie tecnológica de maneira permanente sem que a vítima tenha a menor consciência disso. Um crime perfeito.

Em entrevista à Carta Maior, o pesquisador e especialista das novas tecnologias, Jacques Henno, analisa todos estes abusos e tendências que se inscrevem em uma nova era marcada pelo nascimento de um lobby entre os militares, a informática, os dados e os arquivos.

Henno publicou vários livros que anteciparam de maneira detalhada e rigorosa as informações divulgadas pelo ex-analista da CIA e da NSA, Edward Snowden: estamos todos vigiados. Silicon Valley: Prédateurs Vallée? (Silicon Valley, o vale dos predadores) e Tous Fichés: l’incroyable projet américain por d’éjouer les atentas terroristes (Estamos todos arquivados: o incrível projeto americano para evitar os atentados terroristas) exploram com muita lucidez um mundo de espionagem e violação dos direitos que, até algumas semanas, parecia produto de uma imaginação paranoica.

As investigações de Jacques Henno demonstraram que não. As revelações de Snowden provaram que o especialista francês tinha razão.

Estamos descobrindo com uma assombrosa passividade a profundidade da espionagem de que somos alvo por parte dos Estados Unidos.

É preciso lembrar que a informática ao serviço do totalitarismo existe desde os anos 40. Durante a Segunda Guerra Mundial, se os campos de extermínio nazistas foram tão eficazes foi porque os alemães usaram as máquinas IBM que funcionavam com os cartões perfurados para contabilizar todas as pessoas.

De modo similar, o Plano Condor que funcionou entre as ditaduras da América Latina para perseguir os opositores foi montado com o suporte de computadores vendidos pelos norte-americanos para as ditaduras da América do Sul. Estes computadores serviam para fichar os opositores.

Quando e como nasceu a espionagem moderna tal como está se revelando hoje?

Tudo isso nasce com um programa chamado TIA, Total Information Awareness. Após os atentados de 11 de setembro de 2011, os norte-americanos trataram de encontrar tecnologias capazes de prevenir este tipo de atentados. Rapidamente se deram conta de que tinham nas mãos todas as informações necessárias.

Por exemplo, os terroristas que cometeram os atentados do 11 de setembro tinham sido identificados antes, quando andaram de avião, ou quando dois deles se escreveram em escolas de pilotagem de aviões. Tinham até fotos deles sacando dinheiro de um caixa automático.

No entanto, o que faltava era a metodologia para unir todos esses arquivos e informações. Neste processo, entraram em ação empresas que foram ao governo norte-americano dizer:  “Nós trabalhamos com arquivos e podemos ajudá-los a prevenir atentados”.

Assim nasceu o sistema de vigilância completa, Total Information Awareness, ITA, capaz de criar arquivos sobre qualquer pessoa no mundo, sobre todos os habitantes do planeta, a fim de ter um máximo de informações sobre cada pessoa e, assim, descobrir sinais de preparação de atentados terroristas.

A Acxiom, por exemplo, é uma destas empresas. Ela é totalmente desconhecida para o grande público, mas é uma das empresas que detém o maior de arquivos sobre os consumidores do mundo.

A cada ano, realiza pesquisas sobre a comida que damos aos gatos, o tipo de papel higiênico que utilizamos ou os livros que lemos. Na França, a Comissão Nacional de Informática e Liberdades (CNIL) se opôs várias vezes às pesquisas da Acxiom.

Renren, o Facebook chinês

Essa tecnologia deu lugar ao nascimento de uma espécie de mega-sistema de cálculo matemático que cria perfis segundo uma série aparentemente racional de informações.

Exatamente. Por exemplo, logo depois dos atentados em Londres se descobriu que os terroristas preparavam os atentados comprando antes refrigeradores de grande capacidade para armazenar os explosivos.

Com base nisso, agora, quem compra congeladores de grande capacidade torna-se suspeito e, por conseguinte, é fichado e vigiado.

O mesmo ocorre com os aviões. Se alguém embarca em um avião rumo aos Estados Unidos e viaja pela primeira vez em classe executiva ou primeira classe também passa a ser vigiado. Os assentos de primeira classe são muito controlados porque estão mais perto da cabine dos pilotos.

Então, se alguém compra uma passagem nesta classe e, segundo o resumo dos gastos do cartão de crédito, essa pessoa não tem os meios para pagar um bilhete a esse preço, automaticamente estará sob vigilância.

Em resumo, os norte-americanos exploram todas as informações que obtém de uma pessoa. Eles são, ao mesmo tempo, paranoicos e amantes da tecnologia.

Paranoicos porque há muito tempo vivem armados. E amantes da tecnologia porque, cada vez que há um problema tratam de encontrar uma solução técnica e não forçosamente social ou econômica.

O curioso é que boa parte desses dados utilizados pela NSA foram entregues voluntariamente pelos usuários.

Claro. Quando nos inscrevemos no portal de uma empresa norte-americana, Yahoo, Microsoft, Google ou outras, não lemos até o final as condições de utilização.

No entanto, se prestarmos atenção veremos que ali é dito textualmente: “Autorizo o armazenamento destas informações no território norte-americano”.

Agora, se os dados que confiamos a Yahoo, Microsoft, Amazon, Facebook ou Google estão armazenados no território norte-americano, eles estão regidos pelo direito norte-americano.

A lei votada depois dos atentados de 11 de setembro, o Patriot Act, permite a qualquer governo norte-americano requisitar os arquivos e dados que julgar necessários. Os dados que entregamos a essas empresas vão parar na NSA.

Há uma mudança fundamental na regra da constituição dos lobbies que atuam nos Estados Unidos. O lobby da defesa mudou de perfil com as tecnologias da informação.

Sim. Antes se falava de um lobby militar-industrial. Havia, de fato, uma conjunção entre a indústria e os militares. Agora não. O lobby atual é entre os especialistas nestes arquivos, os técnicos em informática e os militares. Não somos conscientes da quantidade de informações privadas que fornecemos a cada dia aos operadores privados da internet.

Por exemplo, no Facebook se publicam a cada dia 350 milhões de fotos. Ao cabo de dez dias, há 3,5 bilhões de fotos, e em cem dias 35 bilhões.

O Facebook é hoje a maior base de imagens do mundo. É uma incrível quantidade de informações que fornecemos.

O Google, por exemplo, é capaz de prevenir a epidemia de gripes no mundo só calculando a quantidade de pessoas que, em um determinado lugar, busca informação sobre os sintomas da gripe e como curá-la. Além disso, os custos desta tecnologia, de armazenamento, memória ou microprocessadores, são cada vez mais baixos.

A NSA é perfeitamente capaz de armazenar todas essas informações e analisá-las com programas especializados, incluindo os e-mails que enviamos e recebemos.

Como você demonstra em seu livro “Vale do Silício, vale dos predadores?”, tanto a espionagem como o dinheiro que Google ou Facebook ganham na internet provém de nossa…digamos, inocência.

O Vale do Silício é o vale do Big Data. Empresas como Google ou Facebook vivem dos dados que nós fornecemos.

Com eles, tratam de saber quais são nossos centros de interesse e, a partir daí, nos enviam publicidades que correspondem a nosso perfil.

Um portal como o Facebook vive da publicidade e fará todo o possível para saber mais coisas sobre nós e nossos amigos, para incitar-nos a publicar mais e mais coisas sobre nós.

Uma vez obtidos esses dados, o que fazem é materializar essas informações sob a forma de publicidades. A essas empresas só interessam nossos dados, nossas informações, querem ampliar o campo da vida privada. Na verdade, não querem que o que dizemos pertença ao campo da vida privada, mas sim ao da vida pública.

O Facebook é capaz de identificar e classificar as pessoas em função de suas preferências por determinadas práticas sexuais ou por certas drogas.

Isso é muito perigoso porque, em alguns países, há práticas sexuais que estão proibidas. Por conseguinte, a esses regimes políticos basta ir ao Facebook, fazer uma busca por idade, diplomas, zonas geográficas e práticas sexuais para encontrar as pessoas que queiram.

Qualquer regime político tem acesso a todas essas informações. Em resumo, assistimos a um fichamento sexual, ideológico, político e religioso.

A Europa, neste terreno, é um mero aliado sem influência, um cliente menor. O que ocorreu com os europeus que ficaram dormindo, sem capacidade tecnológica alguma?

O império norte-americano utiliza as rotas da informação para captar as informações a fim de garantir sua segurança e, também, para a espionagem econômica ou industrial. E nós, como europeus, estamos na periferia do império norte-americano e, além disso, enviamos informações para ele.

Fomos incapazes de criar o equivalente do Google, Facebook ou Apple para conservar essas informações na Europa. Todas as informações que os europeus produzem transitam pelos Estados Unidos. O império norte-americano controla 80% de tudo o que passa através da internet no mundo. Imagine!

O Google conta com mais de um bilhão de usuários no mundo. E toda a informação produzida por esse bilhão de usuários passa pelos Estados Unidos.

No plano militar ocorre o mesmo. Quando a França lançou a ofensiva contra os militantes islâmicos radicais em Mali teve que pedir respaldo norte-americano.

Os Estados Unidos forneceram à França informação, radares e drones. Os exércitos da Europa dependem hoje das informações fornecidas pelos Estados Unidos. Os únicos que conseguiram desenvolver algumas tecnologias próprias são os chineses.


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Comentários

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Na ONU, Dilma diz que espionagem dos EUA é "grave violação dos direitos humanos" e "desrespeito à soberania nacional" – Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Só os chineses escapam do controle quase total dos EUA […]

Luc

Viram isso?

http://www.youtube.com/watch?v=z-sdO6pwVHQ

Tiago

A “solução” da peste comunista na China é o próprio governo chinês monitorar tudo e todos, e censurar a internet. Mudou algo para os usuários?

Só falta alguém dizer que a China é o “último país livre”…

(embora eu possa dar ao menos um elogio ao governo chinês: eles não se escondem na fachada da “democracia”. Bisbilhotam tudo MESMO!)

leprechaun

Só os chineses escapam do controle quase total dos EUA….para cair no controle quase total dos próprios chineses

Mardones

E o Brasil tem um problema: gosta do que é importado. E se for dos EUA, então. Ou seja, temos um campo fértil para a intromissão dos yankees. Diferente da China e Índia, por exemplo.

O mundo não é para amadores, infelizmente. E com as nossas elites antinacionais jogando contra tudo que possa significar nacionalismo e desenvolvimento o trabalho se torna muito difícil.

Para piorar temos partidos divididos entre quem agrada mais ao senhor mercado e as multinacionais, esquecendo projetos de educação e soberania.

PauloH

Olhem só: artigo na Forbes justificando que a NSA espione a Petrobras.
http://www.forbes.com/sites/christopherhelman/2013/09/09/of-course-the-nsa-should-be-spying-on-petrobras/

Lafaiete de Souza Spínola

Não sinto preocupação em relação à base de tudo:

Como ter tecnologia, ser independente, sem educação?

A verdade mostra que a nossa educação é, faz décadas, pífia! O Brasil necessita de uma escola pública; em tempo integral, de qualidade; que permita fornecer o básico às nossas crianças, para que elas se encaixem nesse mundo que se descortina.

Observem que poucas são as escolas a obter um nível de avaliação razoável no IDEB.

Outra observação é que os piores índices, em geral, são verificados nas regiões onde predominam altos níveis de violência. Quanto maior índice de violência, tanto menor o IDEB!

Guardo cerca de 1000 testes aplicados; nos últimos 10 anos (redação de pelo menos 15 linhas, matemática e conhecimentos gerais); em jovens entre 18 a 25 anos, todos com secundário completo, muitos já frequentando faculdades particulares. É uma calamidade!

O caminho para resolver os problemas estruturais e amenizar as injustiças sociais do Brasil está, basicamente, atrelado à EDUCAÇÃO. Precisamos, com urgência, investir, pelo menos 15% do PIB no orçamento da educação. Deve ser disponibilizada escola com tempo integral às nossas crianças, oferecendo, com qualidade: o café da manhã, o almoço, a janta, esporte e transporte, nas cidades e no campo. Como é uma medida prioritária, inicialmente, faz-se necessária uma mobilização nacional. Podemos, por certo tempo, solicitar o engajamento laico das Igrejas, associações, sindicatos e das nossas Forças Armadas (guerra contra o analfabetismo e o atraso) para essa grande empreitada inicial.

A construção civil deve ser acionada para a construção de escolas de alta qualidade, com quadras esportivas, espaços culturais, áreas de refeição e cozinhas bem equipadas etc. Tudo isso exigindo qualidade, porém sem luxo. Durante esse período, o governo deve investir na preparação de professores para atender à grande demanda.

Como esse projeto é de prioridade nacional, os recursos deverão vir, entre outros: de uma nova redistribuição da nossa arrecadação; de uma renegociação da dívida pública; com a inclusão do bolsa família; com a criação de uma CPMF exclusiva para educação etc.

Para a construção inicial dos centros educacionais e formação de professores, sugiro que se invista cerca de 40% das nossas reservas.

Alerto, que sem a federalização esse projeto não terá sucesso.

O objetivo desse projeto não é, apenas, a formação indivíduos tecnicamente muito bem preparados, mas seres humanos que enxerguem com clareza o mundo que os cerca.

Um país construído para 10% da população é frágil!

Bacellar

Nao gosto do sistema hibrido chines o qual classificar como socialista eh bobagem. Mas pelo menos nao sao burros o bastante para deixar empresas como o google operar livremente em seu territorio. Vivemos em plena revolucao das comunicacoes, e portanto esse ponto atualmente eh tao chave quanto foi nos dois ultimos seculos dominar a industria. Faz anos que falo sobfre a importancia do governo investir pesado num buscador.gov ou num mapas.gov mas parece que continuaremos como de costume alguns seculos atrasados em relacao ao que deveria ser feito…

Urbano

Depois do Vietnã, quando veem qualquer um da raça amarela, o mé desce pelas canetas. E em se tratando da China, podem até vencer na atômica, mas na convencional…

Marat

Espero que em breve haja provedores, portais e buscadores chineses, em língua portuguesa. Os chineses podem ter muitos defeitos, mas, se comparados aos estadunidenses, são decentes e corretos!

Avelino

Meusdeuses, quanta tecnologia e tudo para manter esse mundo na podridão, por parte de uma minoria.
Proponho que a maioria, que é investigada, tome posse desses mecanismos todo e crie um PovoNet. Informações sobre desvios de dinheiro, máfia, paraísos fiscais, indústrias bélicas, entre outras coisas a mais, que seja construidas pelas centrais sindicais, pelos movimentos populares, etc etc Que essas pessoas, tenham seus nomes, endereços, telefones tornados públicos.

lukas

Chineses e o Tevez. Ninguém entende o que ele diz, nao importa a lingua.

Djijo

O que faz a religião castradora. Os indivíduos que sofrem restrições, buscam compensações, xeretando a vida dos outros para buscar algum prazer. Do wikipédia: Voyeurismo é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de pessoas. Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais, nuas, em roupa interior, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão, o/a voyeur.

A prática do voyeurismo manifesta-se de várias formas, embora uma das características-chave é que o indivíduo não interage com o objeto (por vezes não cientes de estarem sendo observados); em vez disso, observa-o tipicamente a uma relativa distância, talvez escondido, com o auxílio de binóculos, câmeras, etc., o que servirá de estímulo para a masturbação, durante ou após a observação.

Francisco

Assim começam as guerras frias…

Agora os países do mundo, ao invés de investir em bem estar, produção, etc vão ficar empatando dinheiro em dados que (como os misseis da Guerra Fria…) podem ser usados ou não.

Os EEUU derrubaram a URSS forçando-a a participar de um campeonato imcompativel com seu modo de produção. O campeonato de quem produz mais coisa sem utilidade (misseis nucleares).

Alias, escrevi “missil nuclear” na internet, agora, vou ser monitorado.

Os EEUU são uma verdadeira praga biblica… arre!

Julio Silveira

Sobre essa espionagem, ela é fruto de nossa incapacidade de entender o mundo como ele é. De entender que não existe essa coisa de amizade entre países, a não ser interesses. Que aceitamos com docilidade e passividade que um país como os States, cuja força econômica foi construída por corporações dominadoras de mercados, que fazem qualquer coisa, que utilizam de qualquer pratica ou método, para manterem-se e a seu país no domínio da primazia das tecnologias e do poder, com histórico de assimilação até de nazistas em suas fileiras.
De verdade, somos mesmo os novos silvícolas que ainda apreciam espelhos e apitos, trocados por seu sangue e sua terra, talvez sejamos merecedores até da baixa estima que temos, afinal cultivada por gente que chamamos de nossa, que fazem com que não consigamos nos olhar com dignidade, nem compreender o que fazer para um povo ter aspirações de independência. Fomos doutrinados para sermos vassalos, acostumamo-nos a isso. E sem esperança de uma mudança cultural ficamos como naquela historia do pensamento sobre o estupro, do Malluf, fazer o que.

Leandro_O

Outra coisa: nesse ambiente de paranoia espiatória dos norte-americanos, é, no mínimo, muito estranho o repasse de dados do TSE para uma empresa com sede na Inglaterra. Imaginem se o TSE depois fornecesse também as digitais dos 140 milhões de brasileiros. Aposto que eles riem muito da ingenuidade brasileira.

    José X.

    Também acho isso. Cadê a Conceição Lemes pra fazer uma daquelas reportagens que são aulas de jornalismo (e que são solenemente ignoradas pelo supremos membros do STF )?

Fabio

Imaginem o poder dos EUA em controlar os governos e as oposições em dezenas de países, pelo fato de possuir uma imensidão de dados que poderiam derruba-los ou promove-los.

A pressão do jornalismo da Rede Globo não terá algo a ver com isso? Esperar que a Globo esteja operando essa série de matérias relatando a espionagem americana, apenas porque se trata de um furo jornalístico, é inocência demais, né, não? Está a Globo querendo criar condições de negociar o acesso a informações roubadas pelos americanos?

Mas, pode ser teoria da conspiração demais, e na verdade a Globo esteja fazendo simplesmente jornalismo.

    Mário SF Alves

    No presente caso, prezado Fábio, creio que a Rede Gloebbels fez o que tinha de ser feito, pois, até pra esconder o sol com peneira tem limite. Ela consegue esconder ou disfarçar o escândalo do propinoduto do PSDB e do PSDB x Siemens; da compra de votos para a emenda da reeleição do FHC; do puxão de orelhas dado publicamente pelo Clinton; da privataria tucana e outros; este, no entanto, é escândalo global, é escândalo planetário, e por isso mesmo não dava pra esconder. O que não significa dizer que lidávamos com ingênuos quanto ao fato. Mas, depois do Snowden, né, a Rede ia fazer o quê?

Henrique

Como dizia, o filósofo Caco Velho, se ficar o bicho come e correr o bicho pega.

renato

Nós temos no Brasil gente capaz de fazer sistemas protegidos.
Nós somos o BiCHO…nesta coisa aí..

    Emerson

    Sim, temos sim. O nosso problema é aquela máxima: brasileiro é preconceituoso com produtos brasileiros.

    bertoni

    exatamente isso! e os próprios blogueiros progressistas lançaram em seu 3º encontro realizado em salvador em maio de 2012 o http://blogoosfero.cc que tem como base o software livre nacional noosfero

    aliás, o Brasil é o único país do sul do planeta que tem tecnologia própria para redes sociais digitais

    http://blogoosfero.cc/news/blog/america-latina-ja-tem-alternativa-livre-as-redes-digitais-privadas-e-proprietarias

    Djijo

    Há outra máxima, dos militares quando no governo: se já tem pronto (lá fora), porque fazer?

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