Flávio Dino: “Grupos inorgânicos buscam um Führer. Ontem, as Forças Armadas. Hoje a toga supostamente democrática”

Tempo de leitura: 3 min

Por Luiz Carlos Azenha

O ex-juiz federal Flávio Dino, hoje governador do Maranhão, definiu com precisão no Palácio do Planalto: “Se quiser fazer passeata, basta pedir demissão, mas não use a toga para fazer política”. Dino falou dos riscos de um juiz combater o crime praticando crimes.

Infelizmente, o debate político está tão rebaixado no Brasil que a guerra de memes, tuítes e slogans acaba turvando a realidade. Como escrevi ontem, os petistas que vivem de acusar Sérgio Moro de ser tucano, filho de tucano ou de ter mulher tucana, além de mentirosos são néscios.

A questão é completamente outra. Moro tem um plano. Ele escreveu seu plano. Agora dispõe de uma força tarefa para colocá-lo em prática, tem ao seu lado outros juizes, delegados federais, procuradores, quase toda a mídia e ampla parcela dos brasileiros. Além disso, dispõe de um caso cujo desenrolar permite cumprir a tarefa que atribuiu a si mesmo.

Depois da condução coercitiva do ex-presidente Lula e, mais recentemente, do vazamento de áudios — inclusive daqueles que deveria remeter ao STF — ficou claríssimo que Moro está seguindo fielmente seu “livrinho vermelho”.

Moro tem a pretensão de demolir o sistema político brasileiro.

A boataria das prisões iminentes, das ações que todos esperam mas nunca acontecem, até isso faz parte do projeto. São as mesmas táticas da Mani Pulite, a Mãos Limpas da Itália.

Por isso, defini ontem o juiz da República de Curitiba como “revolucionário”.

Quando a revista Time descreveu George W. Bush assim, ao escolhê-lo homem do ano, muita gente nos Estados Unidos — eu morava lá na época — torceu o nariz. Mas, a Time estava certa. Bush e os neoliberais norte-americanos sonhavam em redesenhar o Oriente Médio à imagem e semelhança dos Estados Unidos. Deu no que deu.

Moro acredita que o sistema está tão corrompido que é preciso destruir a velha ordem. Tarefa para autoridades que não devem favores à elite tradicional. A soberania popular, expressa pelos eleitos, seria assim substituída pelo reino da meritocracia. Isso não é tarefa de um juiz, mas de um líder político. É por isso que ironicamente, pedi ao Moro transparência: quero saber o que ele acha da taxa de juros. Deve cair? Deve subir?

O juiz só ganhou o poder que tem hoje porque, de fato, nosso sistema político é desfuncional e não reage às demandas populares.

A pergunta-chave é: cabe a Moro reformá-lo? Muitos juízes, procuradores e delegados federais acham que sim.

É um estrato da burocracia estatal que não dependeu de indicações para ascender a cargos públicos. Quer fazer a “revolução do Moro”.

Uma espécie de tenentismo de terno — ou de camisas negras –, com um voluntarismo de classe tão contagiante que faz advogados defenderem grampo… em advogados.

Moro parece disposto a tocar fogo no paiol. Na ausência de provas, aceita condenar suspeitos no tribunal da opinião pública. Isso configura uso do aparato estatal para atingir objetivos políticos. Seria melhor, portanto, que ele tirasse mesmo a toga e entrasse em um partido. Já tem a Globo como cabo eleitoral.

Porém, há alguns sinais de que vai haver uma freada de arrumação na Lava Jato.

Recentemente, o ministro Teori Zavascki afirmou a promotores que “o papel do juiz é o de resolver conflitos, e não criar conflitos”. Disse também que “o poder judiciário tem que exercer seu papel com prudência, com serenidade, com racionalidade, sem protagonismos”.

Acrescentou que o juiz não pode se deixar “contaminar pelos holofotes” e deve se manifestar “no processo depois de ouvir as duas partes”.

Hoje, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu uma carta aberta a procuradores que trazia a seguinte frase: “A Lava Jato certamente não salvará o Brasil, até porque se tivéssemos essa pretensão, já teríamos falhado antes mesmo de começar”.

O que eles disseram representa a antítese da agenda do superherói de Curitiba.

Leia também:

Exclusivo: Herdeira da Globo cai na Lava Jato


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Comentários

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FrancoAtirador

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Discurso Demolidor contra o Fascismo Judicial
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Flavio Dino* fez o que o Juiz Sérgio Moro deveria ter feito:
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Exonerou-se do Cargo de Juiz, para seguir Carreira Política.
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*No Ano de 1994, Aprovado em Primeiro Lugar, por Concurso,
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foi Nomeado Juiz Federal, Cargo que exerceu por 15 anos.
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Presidiu a Associação Nacional de Juízes Federais (AJUFE)
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E foi Secretário-Geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Abandonou a Magistratura Federal, aos 38 anos de Idade,
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para ingressar na Vida Política Partidária, filiando-se ao PCdoB.
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FrancoAtirador

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“O que está acontecendo no Brasil
é um Golpe de Estado do Século XXI”
.
“Um Poder Judicial com Órgãos de Comunicação
está a agir Fora do Estado de direito”
.
Catarina Martins
Líder do Bloco de Esquerda
Portugal
.
(http://24.sapo.pt/article/lusa-sapo-pt_2016_03_19_33075652_bloco-de-esquerda-diz-que-o-que-se-passa-e-um–golpe-de-estado-do-seculo-xxi)
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FrancoAtirador

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“O que está acontecendo no Brasil
é um Golpe de Estado do Século XXI”
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“Um Poder Judicial com Órgãos de Comunicação
está a agir Fora do Estado de direito”
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Catarina Martins
Líder do Bloco de Esquerda
Portugal
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(http://24.sapo.pt/article/lusa-sapo-pt_2016_03_19_33075652_bloco-de-esquerda-diz-que-o-que-se-passa-e-um–golpe-de-estado-do-seculo-xxi)
(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Catarina-Martins-O-que-esta-acontecendo-no-Brasil-e-um-golpe-de-Estado-do-seculo-XXI-/6/35759)
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    contra coxinha

    O golpe não é contra a Dilma. o golpe é contra o povo brasileiro. Principalmente as classes menos favorecidas.

Leonardo

“Moro tem a pretensão de demolir o sistema político brasileiro” … somente uma parte, não?

Anelise

maravilha de fala, Flávio Dino!bj!

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