O assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva

Tempo de leitura: 2 min

Amazon rainforest activist shot dead

José Cláudio Ribeiro da Silva fought against illegal loggers and had received death threats but was refused police protection

Tom Phillips, Rio de Janeiro, no jornal britânico Guardian

Tuesday 24 May 2011 19.59 BST

Seis meses depois de prever seu próprio assassinato, um líder defensor da floresta tropical foi alegadamente assassinado na Amazônia brasileira. José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo, teriam sido mortos em uma emboscada perto da casa deles, em Nova Ipixuna, estado do Pará, a cerca de 60 quilômetros de Marabá.

De acordo com um jornal local, Diário do Pará, o casal não tinha proteção policial apesar de receber frequentes ameaças de morte por causa de sua batalha contra madeireiros ilegais e fazendeiros.

Na terça-feira havia notícias conflitantes sobre se os assassinatos tinham acontecido na noite de segunda-feira ou na madrugada de terça. Um porta-voz da polícia disse ter relatos de um “homicídio duplo” num acampamento chamado de Maçaranduba 2.

Em discurso em um evento em Manaus, em novembro passado, Da Silva falou sobre o medo de que os madeireiros pudessem tentar silenciá-lo. “Eu poderia estar hoje falando com vocês e em um mês vocês terão notícias de que eu desapareci. Eu protegerei as florestas a qualquer custo. É por isso que eu poderia receber uma bala na cabeça a qualquer momento… porque eu denuncio os madeireiros e produtores de carvão e é por isso que eles pensam que eu não posso existir. As pessoas me perguntam, ‘você tem medo’? Sim, sou um ser humano, naturalmente que tenho medo. Mas meu medo não me silencia. Enquanto eu tiver força para andar eu vou denunciar todos aqueles que danificarem a floresta”.

Roberto Smeraldi, fundador e diretor do grupo ambientalista Amigos da Terra, que trabalhou com Da Silva na Amazônia, disse que estava em uma reunião com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, discutindo mudanças no código florestal, quando a notícia da morte de Da Silva surgiu. “Ele estava convencido de que seria morto”, Smeraldi disse. Ele acrescentou que Da Silva tinha sido “muito ativo” na luta contra a derrubada e queimada ilegais da floresta. De acordo com notícias da mídia brasileira, Rousseff pediu ao chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para dar apoio a uma investigação sobre o assassinato.

“Temos outro Chico Mendes”, disse Felipe Milanez, um jornalista ambiental de São Paulo, referindo-se ao seringueiro da Amazônia que se tornou mártir ambiental depois de seu assassinato em 1988. Milanez disse que em uma recente conversa telefônica com a esposa de Da Silva ela disse que a situação “estava ficando muito feia”. Milanez acrescentou: “Ele sabia que as ameaças eram reais. Ele estava com medo”.

Um relatório de grupos de direitos humanos brasileiros em 2008 listou Da Silva entre as dezenas de ativistas ambientais e de direitos humanos da Amazônia “considerados sob risco” de assassinato.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Homenagem à José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, que deram a vida pela Amazônia | AfroReggae

[…] do Espírito Santo: Luis Nacif Online: A investigação do assassinato de José Cláudio Ribeiro Site Vi O Mundo: O assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva Blog do Noblat: Pará: Delegado diz que extrativistas foram mortos em tocaia O Globo: Dilma pede […]

Combate ao Racismo Ambiental » Pará: radiografia do Polígono da Violência

[…] de morte ao Ministério da Justiça, essa questão passa a ser responsabilidade do Estado? O José Cláudio Ribeiro da Silva havia anunciado publicamente, para jornais inclusive, que corria […]

Pará: radiografia do Polígono da Violência | Ponto de Cultura – Outras Palavras

[…] de morte ao Ministério da Justiça, essa questão passa a ser responsabilidade do Estado? O José Cláudio Ribeiro da Silva havia anunciado publicamente, para jornais inclusive, que corria risco de vida e, mesmo assim, foi […]

Pará: “Ausência do Estado torna a impunidade uma regra” | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] de morte para o Ministério da Justiça, essa questão passa a ser responsabilidade do Estado? O José Cláudio Ribeiro da Silva havia anunciado publicamente, para jornais inclusive, que corria riscos de vida e, mesmo assim, foi […]

arlindo b mendonca

se realmente se quiser acabar com a destruicao das nossas florestas temos que usar a policia federal
e as forcas armadas pois elas tem condicoes de chegar ao local dos desmatamentos com rapidez.

    Dennis Faria

    Não, não, não! As ações devem que ser mais inteligentes! Para isso, deve-se mostrar aos consumidores do mundo que os produtos desmatados, com transgênicos, etc, só serão eliminados, se colocado o consumidor como parte responsável por tais atrocidades, ele faz parte da cadeia. Ex: O produto que consumo vem com sangue daqueles que querem preservar e não destruir o futuro deste planeta, o futuro de seus filhos. Vão respirar o quê? Vão beber o quê no futuro próximo. E isso chegará também aos mais velhos que nada fizeram…

    Rodolfo

    Nem a polícia federal (ou qualquer outra) nem o desenvolvimento da consciência do "consumidor" vão acabar com a destruição das florestas e dos recursos naturais. O problema de fundo é o sistema capitalista (ou modo de produção capitalista). O capitalismo faz com que as empresas passem por cima de tudo pelo lucro, e isto inclui passar por cima da natureza e daqueles que defendem ela. O governo está do lado das empresas (madeireiras, carvoarias, latifundiários, etc), e a polícia sendo uma parte do Estado, se agir, tende a defender os assassinos… É claro que com o PT no governo, e a pressão de alguns ambientalistas e de parte da mídia no caso dos crimes faz com que o governo crie uma comissão e tende controlar um pouco a situação, mas no capitalismo isto é enxugar gelo. Enfim, a solução é a superação do capitalismo pelos camponeses, operários, e demais classes e grupos sociais oprimidos. Ou ainda que o homem seja extinto (infelizmente esta úlima opção hoje parece mais provável…).

Mfuck

Policia nao existe….Sao tudo uns rato mesmo !
Isso nao pode acontecer no nosso pais, um cara desse deveria ter protecao 24h !

A policia deve acabar….

Edmar Costa

Head no globo.com: ..Deputados aprovam emenda polêmica do Código Florestal. Nenhuma palavra sobre o assassinato do ativista ambiental. Precisa dizer mais?

    ane

    Precisa dizer também que ao ser anunciada a morte dos ativistas, algumas vaias foram ouvidas.Quem sabe até os mandantes estavam lá…………………………

Niveo Campos e Souza

A " INJUSTIÇA BRASILEIRA" é a praxe!!!!
Acobertada pelo Judiciário deste Brasil…
Só vale o interesse dos mais fortes, gananciosos e corruptos!!!!

Niveo Campos e Souza

maísa paranhos

Onde está a polícia federal ? Onde estão nossas Forças Armadas? Com é possível, sem a conivência do Estado , ou de alguns de seus membros, ocorrerem assassinatos desse nível , sem a protação da vítima ameaçada? E essas madereiras,"clandestinas",por que continuam a existir?
QUE PAÍS É ESTE?
ACORDA DILMA !!!!

aurica_sp

Tenho vergonha cada vez que vejo notícias como essa. Entra ano e sai ano e os assassinatos continuam acontecendo aos montes. E nossos deputados medíocres PREOCUPADOS em desmatar, desmatar e desmatar….

mara

é o ministerio publico so esta preocupado com o cuscus alagado a do Natal é que entende

João Carlos

Entre as muitas pessoas decentes assassinadas nesta região, está o advogado Gabriel Pimenta, morto covardemente com tiros pelas costas, a mando de madeireiros da região.

O Ministério da Justiça e o governo do Pará precisam por um paradeiro nesta história de violência contra pessoas de bem e investigar com o máximo rigor quem mata e quem manda matar.

Malu

Vou até ver os jornais hj para ver qual o tom dos PiGs.

Gerson Carneiro

Parte II

Apesar do nome encantador o local é um dos mais violentos do Pará. Lá, os capangas matam e comparecem ao velório para determinar à família da vítima a hora em que deve acontecer o enterro. Sem brincadeira.

Por sinal, Castelo de Sonhos ficou conhecida durante o ciclo do ouro na região, principalmente em função da atuação de Marcio Martins, o Rambo do Pará, e suas atrocidades.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,ED…

Gerson Carneiro

Parte I

Não só temos outro Chico Mendes como também outra Dorothy Stang, além de muitos outros anônimos abatidos desde Chico Mendes. Aliás, no Pará, esses assassinatos deveriam ter cessados com o caso da Irmã Dorothy repercutido no mundo inteiro.

Há no Pára, um Distrito do Município de Altamira, chamado "Castelo de Sonhos".

O nome do distrito originou-se de uma música popular homônima, esta era muito executada na região e passou a ser usada para denominar o local. Criado em 1990, tem uma população estimada em 15 mil habitantes.

Hélio Pereira

Com certeza tem de ser investigado este crime,os responsáveis severamente punidos.
Mas porque não foi dada a devida proteção a este Sindicalista?
Fica muito fácil o Governo dizer que sente muito,que vai investigar,sempre a velha ladainha.
Seria melhor que alem de investigar o Governo enfrentasse os Madeireiros e Latifundiarios pra valer.
Seria ideal fazer uma Reforma Agrária,por Grileiros na Cadeia,Pistoleiros,Advogados do crime,Agentes de Cartorios enfim colocar ordem no Brasil,mandando todo tipo de criminoso pra traz das Grades.
Dilma tem legitimidade,tem apoio Politico,tem tudo pra por ordem no Campo,resta saber se ela tem coragem pra fazer as Reformas necessárias ou vai ficar dando tapinha nas costas dos simpatizantes da CNA e dos antigos simpatizantes da UDR.

mucio

O estatuto do desarmamento tem facilitado muito a vida dos bandidos, neste caso a dos pistoleiros, pois para o infeliz assassinado conseguir um porte de arma era praticamente impossível, tal a carga de burocracia e as subjetividades de avaliações dadas PF para a concessão do porte. Direito à legitima defesa é uma lei da natureza.

betinho2

Seus assassinos ou mandantes possivelmente estejam nesse momento em Brasília torcendo pelo Código da Impunidade do Aldo Rebelo, Kátia Abreu e Ronaldo Caiado.

    Jairo_Beraldo

    Ronaldo Caiado tem propriedades no centro-oeste, não se interessa em estar na amazonia matando pessoas, mesmo porque, é um conceituadíssimo médico ortopedista especializado em coluna.

    betinho2

    Releia e interprete o que escrevi. Tá parecendo jagunço defendendo patrão…rsrs.

    Jairo_Beraldo

    Eu entendi o que escreveu…só defendi meu caro colega ruralista Caiado, como sempre fiz neste blog! Bom companheiro este Caiado!

    Elton

    Apesar disso ele SEMPRE vai apoiar qualquer coisa que beneficia sua classe.

    Jairo_Beraldo

    Em sã consciencia voce se voltaria contra a sua classe?

    ganjacore

    Bandido pesado esse caiado isso sim.

AugustoJHoffmann

Quando parecia ter se acalmado e os espíritos desarmados, eis que voltamos à idade da pedra. O Brasil, definitivamente, é o país dos contrastes. Somos campeões em modalidades as mais curiosas, como deter tanta riqueza, sua má distribuição e a violência contra a distribuição.

Essas coisas nos envergonham de fato. Claro, há os xiitas comerando, outros apreciadores de ração, deleitam anunciando o que imaginam ser alvissareiro. O ato, em si, demonstra a certeza da impunidade e uma alusão aos dias decisivos, quando os representantes da sociedade brasileira decidem sobre o destino do seu bioma. Bela ocasião.

FrancoAtirador

.
.
SAGA DA AMAZÔNIA
Composição, voz e violão: Vital Farias

"Só é cantador quem traz no peito
a cheiro e a cor de sua terra,
a marca de sangue dos seus mortos
e a certeza de luta dos seus vivos!"

Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas

Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
era: fauna, flora, frutos e flores

Toda mata tem caipora para a mata vigiar
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, prá comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, prá acabar com a capoeira

Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
prá o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta meu amigo, tivesse pé prá andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá

O que se corta em segundos gasta tempo prá vingar
e o fruto que dá no cacho prá gente se alimentar?
depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar

Mas o dragão continua a floresta devorar
e quem habita essa mata, prá onde vai se mudar???
corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
tartaruga: pé ligeiro, corre-corre tribo dos Kamaiura

No lugar que havia mata, hoje há perseguição
grileiro mata posseiro só prá lhe roubar seu chão
castanheiro, seringueiro já viraram até peão
afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
gente enterrada no chão:

Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro
disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro
roubou seu lugar

Foi então que um violeiro chegando na região
ficou tão penalizado que escreveu essa canção
e talvez desesperado com tanta devastação
pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção
com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
dentro do seu coração

Aqui termina essa história para gente de valor
prá gente que tem memória, muita crença, muito amor
prá defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta
era uma vez uma floresta na linha do equador…

[youtube M2u66fMtYA0 http://www.youtube.com/watch?v=M2u66fMtYA0 youtube]

Deixe seu comentário

Leia também