Neder denuncia da tribuna ataque da Band à feira do MST: “Reais razões devem ser investigadas”

Tempo de leitura: 3 min

2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo, de 4 a 7 de maio: Mais de 800 camponeses e camponesas de 23 estados comercializaram 280 toneladas alimentos, a maior parte sem a utilização de agrotóxicos

Repúdio ao ataque do jornalismo da Band ao MST e à Feira Nacional da Reforma Agrária

O deputado estadual Carlos Neder foi à tribuna da Assembleia Legislativa para defender o movimento pela reforma agrária e a produção de alimentos da agricultura familiar

por Carlos Neder*, especial para o Viomundo

Por razões desconhecidas – mas que devem ser investigadas – o Grupo Bandeirantes de rádio e televisão resolveu atritar-se com o Movimento dos Sem Terra.

O ataque ao MST ocorreu por ocasião da realização da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, ocorrida entre os dias 4 e 7 de maio, no Parque da Água Branca, na capital paulista.

O espaço foi regularmente cedido pela Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, e por ali, passaram, durante os quatro dias da feira, mais de 170 mil cidadãos. Foram comercializadas mais de 280 toneladas de alimentos saudáveis. Ao lado disso, mais de 250 artistas populares, e pequenos agricultores vindos de praticamente todos os estados da Federação ali estiveram para resgatar a cultura brasileira, a produção vinda de assentamentos da reforma agrária e o debate sobre o papel do Estado.

Participaram da feira mais de 1.100 trabalhadores rurais, que atuam na agricultura familiar, combatem o uso de agrotóxicos e colocam em discussão o latifúndio e o pouco empenho do Estado brasileiro em dar condições adequadas para que possam produzir em escala, embora partindo de propriedades de pequenas dimensões.

Qual não foi a nossa surpresa quando a Rádio e a TV Band abriram suas baterias contra o MST, fazendo uma contraposição desse movimento social ao agronegócio e outras modalidades de agricultura em escala, dizendo que o movimento pretende destruir a agricultura brasileira.

Disseram que o MST seria um movimento não institucional e, portanto, não poderia ter tido autorização do governo Geraldo Alckmin e da Secretaria do Meio Ambiente para realizar a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária.

É interessante observar a trajetória da família Saad, a qual pertence tal grupo de comunicação. Se nós olharmos como foi constituído esse patrimônio, começando por uma rádio, expandindo a sua presença na radiofonia brasileira e, posteriormente, recebendo mediante concessão pública a possibilidade de se constituir, também, como TV Bandeirantes em um conglomerado, é importante ressaltar que a família sempre atuou no agronegócio, buscando fortalecer a ideia de que movimentos sociais como esse não têm apoio na sociedade e não atuam em benefício dos cidadãos.

Entretanto, sabemos por pesquisas fidedignas feitas por órgãos sérios que a maioria dos alimentos que chega hoje à mesa, para consumo nas cidades e nos grandes centros urbanos, é proveniente desses pequenos negócios e dos agricultores familiares, que fazem a defesa de uma produção orgânica, sustentável e sem uso de agrotóxicos.

Exatamente por acreditarem nisso, nós vimos que foram realizados debates pelo MST durante esses quatro dias de feira, como é o caso da plataforma “Chega de Agrotóxicos”, lançada na 2ª Feira Nacional com grande participação, e de outra atividade com o lema “Saúde se conquista na luta e com a produção de alimentos saudáveis”.

Em todos os momentos, houve a denúncia da concentração de renda, dos meios de produção, da falta de fomento e de apoio do governo federal, do governo estadual e de muitos governos municipais à expansão da reforma agrária e da falta de condições mais adequadas para que possam produzir e comercializar alimentos sem o uso de agrotóxicos.

Neste momento, é preciso abrir um diálogo com o Movimento dos Sem Terra, com o site Viomundo, que, corajosamente, trouxeram à luz esse problema e com o Governo do Estado de São Paulo sobre as reais intenções da Rede Bandeirantes.

Ao que tudo indica, o secretário Ricardo Salles, que foi indicado pelo Partido Progressista à pasta estadual do Meio Ambiente, também vinculado ao agronegócio, e o governador Alckmin estão sendo provocados a impedir que se realize uma 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária no Parque da Água Branca.

É preciso dizer que nós não aceitaremos essa prática odiosa de tentar jogar a opinião pública contra o Movimento dos Sem Terra e seu compromisso com a reforma agrária.

Carlos Neder é deputado estadual (PT-SP)

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Comentários

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Carlos Salgado

Discutir os interesses da mídia ou do judiciário a essa altura do campeonato é reivindicar o direito a síndrome de Estocolmo.
#Delenda PIG

Patrícia de Oliveira Cardoso

Boa noite! Tive o imenso prazer de visitar a feira, foi uma experiência incrível, me senti no meu país, no Brasil verdadeiro, não do Temeroso, não dos senhorzinhos, estive com pessoas distintas, que realmente amam o país, comprei produtos frescos de excelente qualidade, desfrutei de apresentações culturais, enfim, foi uma experiência sensorial, gastronômica, nacionalista, cultural, política, que venham muitas outras Feiras da Reforma Agrária! Abaixo à mídia golpista! Abaixo às famílias Marinho, Saad, Abravanel…!Todo poder ao povo pobre preto! Todo o apoio a Real Reforma Agrária!

alcides marinangelo

Que o dono da Band assuma o lado do “golpe” não é surpresa. Agora os jornalista paus mandados, pseudos jornalista, que assumiram uma parcialidade nunca vista no meio noticioso, é de envergonhar os bons profissionais.
Que saudades de um Joelmir, de um Leporace, que sempre tinham uma opinião própria e nunca foram “papagaio de pirata”.

Agora um jornalismo que tem Jose Paulo de Andrade, este totalmente esclerosado(está criticando o Papa Francisco por não vir ao Brasil para comemorar o tricentenário da Padroeira do Brasil), Panuzzio, Claudio Humberto, etc. vai se esperar o que?

Paulo Roberto

A Band, que sempre foi raquítica, agora está que é “puro osso” como dizia minha vó. E ultimamente está apelando para se salvar, apoiando cada vez mais os “Barões do Café” e de outros agronegócios, loucos para voltar aos tempos da República Velha, quando o trabalhador rural não tinha benefícios como a aposentadoria e tinham descontados em seus vencimentos o valor até de ferramentas de trabalho, entre outros itens.

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