Nassif: PGR terá de investigar os R$ 10 milhões de Odebrecht a Temer; só exige pagamento em dinheiro vivo quem não quer deixar rastro

Tempo de leitura: 5 min

Temer, skaf, padilha e odebrechet

Não haverá como o PGR deixar de investigar Temer

Luis Nassif, no GGN, em 06/08/2014

No início dos anos 90, após a CPI das Empreiteiras, o velho Norberto Odebrecht tinha uma frase padrão para definir o desafio das empresas que entravavam no sistema de propinas: entrar na lama sem respingar.

Dizia ele que a Constituição de 1988 descentralizou as verbas. Obrigou, então, as empreiteiras a atuar na ponta com a classe política. Operações normais são contabilizadas, dizia ele, assim através do balanço fica possível controlar os gastos. As propinas, não. Então havia um duplo desafio para as empresas: fiscalizar os subornados e fiscalizar também seus executivos que participaram da operação. Afinal, não há registro delas. Quem poderia garantir a destinação da propina paga, sem nenhuma espécie de registro?

Só exige pagamento em dinheiro vivo quem não quer deixar rastro. Não tendo nenhum registro, pode-se fazer o que quiser com o dinheiro recebido. Inclusive embolsá-lo sem prestar contas a ninguém.

Lembro isso a propósito das denúncias de Marcelo Odebrecht – veiculadas pela Veja – de ter contribuído com R$ 10 milhões para o PMDB, a pedido do então vice-presidente Michel Temer em uma reunião ocorrida na própria residência oficial, o Palácio do Jaburu.

Há dois personagens na história: o doador e o beneficiário.

Em relação ao doador, o beneficiário não é obrigado a saber da procedência do dinheiro doado. Quando uma empresa consegue um contrato, mediante o pagamento de propina, o dinheiro que vai para seu caixa não é carimbado. Usa-se o caixa 2 apenas para disfarçar o destinatário do pagamento, não a natureza do recebimento.

Mas só há uma maneira de conferir a utilização do dinheiro depois que é doado: ele transitar pelos canais financeiros. No caso de financiamento de campanha, através de depósito na conta do partido. O partido registra o dinheiro doado, dá o recibo e o dinheiro fica no circuito partidário, sendo objeto de fiscalização do próprio partido, do Ministério Público e do Tribunal Superior Eleitoral.

As duas outras formas de pagamento – por laranjas ou por dinheiro vivo – significa corrupção do beneficiário, utilização do dinheiro para enriquecimento pessoal ou para utilizações ilegais.

Segundo a reportagem, os beneficiários – Michel Temer e Eliseu Padilha – exigiram pagamento em dinheiro vivo. R$ 4 milhões foram para Eliseu Padilha; R$ 6 milhões para Paulo Skaf, o homem dos patos da FIESP.

Ouvido pela revista, Temer declarou que ele e o empresário conversaram “sobre auxílio financeiro da construtora Odebrecht a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi declarado ao Tribunal Superior Eleitoral”. Ora, na prestação de contas do partido há R$ 11,3 milhões declarados de doação da Odebrecht. Mas certamente não são os mesmos R$ 10 milhões mencionados por Marcelo Odebrecht.

A resposta de Eliseu Padilha foi mais incompleta ainda: “Como Eliseu Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”. Fantástico! Ninguém afirmou que os R$ 10 milhões eram para sua eleição, mas que ele recebeu na condição de homem de confiança de Temer.

Quais os motivos para exigir o pagamento em dinheiro vivo?

Esconder a contribuição à campanha de Paulo Skaf? Certamente, não. Se poderia alegar que, se a contribuição vazasse, outros candidatos poderiam exigir isonomia. Ora, o padrão normal é depositar na conta do partido nacional e o partido remeter para o candidato a ser beneficiado.

Esconder a ajuda a candidatos de outros partidos? Pode ser. Mas, no mínimo, configuraria uma infração eleitoral.

Valer-se do dinheiro para enriquecimento pessoal? É uma hipótese robusta.

Há um cadáver estirado no centro da Praça dos Três Poderes: R$ 10 milhões em dinheiro vivo negociado pessoalmente pelo presidente com uma empreiteira.

A única maneira de saber o que ocorreu será a Procuradoria Geral da República abrir um inquérito sobre isso. Não será possível ao país manter um presidente interino – que está prestes a se tornar efetivo – sob a mancha de suspeita de tal dimensão.

*********

Odebrecht cita Temer em negociação de delação premiada

Na delação que a empreiteira está negociando, um anexo diz que Temer participou de reunião em 2014 que resultou na doação de R$ 10 milhões em dinheiro vivo

Do site da Veja, em 06/08/2016 

VEJA teve acesso a um anexo da delação premiada mais esperada do escândalo do petrolão. A Odebrecht mobilizou mais de uma centena de advogados para assessorar a delação de seu presidente, Marcelo Odebrecht, e de cerca de cinquenta executivos da empresa.

No trecho a que VEJA teve acesso consta a informação de que em maio de 2014 houve um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. Nele, estavam o próprio vice Michel Temer e o então deputado Eliseu Padilha, atual ministro-chefe da Casa Civil. Do lado da empreiteira, Marcelo Odebrecht.

Segundo os termos do anexo, Temer pediu “apoio financeiro” ao empresário. Marcelo Odebrecht, um campeão em contratos com o governo federal e um financiador generoso de políticos e campanhas eleitorais, prometeu colaborar. Afinal, estava diante do vi­ce-presidente da República e comandante em chefe do PMDB, o maior partido do país, que controlou desde a redemocratização cargos estratégicos da máquina pública, como diretorias da Petrobras e de estatais do setor elétrico.

A Lava-Jato já sabe que empreiteiras repassaram propinas a partidos na forma de doações eleitorais. Ou seja: que usaram a Justiça Eleitoral para lavar dinheiro sujo.

No caso da negociação no Jaburu, o anexo da empreiteira promete provar, caso a delação seja homologada, que se deu uma operação distinta: o pagamento do “apoio financeiro” aconteceu em dinheiro vivo, entre agosto e setembro de 2014.

A Odebrecht repassou 10 milhões de reais ao PMDB. Do total, 4 milhões tiveram como destinatário final o próprio Eliseu Padilha. Já os 6 milhões de reais restantes foram endereçados a Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Skaf tem boa relação com Marcelo Odebrecht e é apontado como o mentor do jantar entre o empreiteiro e os peemedebistas, do qual não participou. Em 2014, ele disputou o governo de São Paulo pelo PMDB graças ao apoio de Temer. O repasse dos 10 milhões de reais em dinheiro vivo está, segundo o anexo, registrado na contabilidade do setor de operações estruturadas da Odebrecht, também conhecido como “departamento da propina”.

Em nota, o presidente interino confirmou o jantar e afirmou que ele e o empresário conversaram “sobre auxílio financeiro da construtora Odebrecht a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral”.

Segundo dados do TSE, a Odebrecht repassou 11,3 milhões de reais à direção nacional peemedebista em 2014. Seria a mesma doação? Para evitar fraudes, a Justiça Eleitoral exigia que os recursos doados legalmente pelas empresas fossem depositados na conta do partido. Na delação da empreiteira, os 10 milhões saíram em dinheiro vivo e foram contabilizados em seu “caixa paralelo”.

Temer não esclareceu se foi ele quem pediu a ajuda financeira, conforme relatado à força-tarefa da Lava-Jato, ou se a iniciativa partiu de Marcelo Odebrecht.

Consultado por VEJA, Eliseu Padilha enviou uma nota. Diz: “Lembro que Marcelo Odebrecht ficou de analisar a possibilidade de aportar contribuições de campanha para a conta do PMDB, então presidido pelo presidente Michel Temer”. Padilha negou que tenha recebido os recursos da Odebrecht. Sua assessoria escreveu: “Como Eliseu Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”.

Paulo Skaf também declarou que a empreiteira não doou para a sua campanha e que recebeu apenas 200 000 reais da Braskem, petroquímica controlada pela Odebrecht. A empreiteira não comenta o assunto sob a alegação de que está negociando uma delação premiada e tem o compromisso de manter a confidencialidade.


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Messias Franca de Macedo

ATENÇÃO POVO DO BEM DO BRASIL

A partir de hoje, nos estádios, nas arenas e nas ruas, vamos empunhar cartazes com inscrições do tipo:
‘VOLTA LOGO, QUERIDA PRESIDENTA DILMA’

Quero ver agora os covardes repressores considerarem que o ato significa violação à alguma Lei, estatuto, regimento e/ou o escambau!
Quero ver agora se as manifestações desta natureza serão tachadas de insulto, agressão moral, ignomínia, enfim.

***

“Bom-diamente”- ‘fOOOOOra temer’ – e leve junto a sua quadrilha de gangsteres mafiosíssimos!

O “Bom-diamente” somente não está sendo muito melhor porque o placar deveria ter sido:

Seleção do IRAQUE 7 X 0 seleçãozinha da “Republiqueta [das FRAUDES] do ‘CU(nha) TEMERário’ do Mundo”!

Ah, volta logo, querida!ATENÇÃO POVO DO BEM DO BRASIL

A partir de hoje, nos estádios, nas arenas e nas ruas, vamos empunhar cartazes com inscrições do tipo:
‘VOLTA LOGO, QUERIDA PRESIDENTA DILMA’

Quero ver agora os covardes repressores considerarem que o ato significa violação à alguma Lei, estatuto, regimento e/ou o escambau!
Quero ver agora se as manifestações desta natureza serão tachadas de insulto, agressão moral, ignomínia, enfim.

***

“Bom-diamente”- ‘fOOOOOra temer’ – e leve junto a sua quadrilha de gangsteres mafiosíssimos!

O “Bom-diamente” somente não está sendo muito melhor porque o placar deveria ter sido:

Seleção do IRAQUE 7 X 0 seleçãozinha da “Republiqueta [das FRAUDES] do ‘CU(nha) TEMERário’ do Mundo”!

Ah, volta logo, querida!

Luiz Carlos P. Oliveira

Investigar o Temer? Isso “não vem ao caso”.

Roberto

Acho engraçado que os blogs progressistas ainda acreditem, ingenuamente, em nossa “justiça”. E daí que Temer recebeu propina? Para nossos “juízes” isso não vem ao caso.

FrancoAtirador

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https://pbs.twimg.com/media/CpOd2XcW8AAlBkF.jpg

O Presidente do COI ainda não viu Nada.
Quando procurar as Medalhas de Ouro,
só vai encontrar as Fitinhas de Pescoço.

https://twitter.com/Mavsampaio/status/762126329898827777
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FrancoAtirador

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Os MegaEspeculadores Transnacionais

estão conseguindo construir Governos

com o que há de Pior no Mundo Todo.
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FrancoAtirador

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Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Informa:

Começam hoje Proibições [aos Partidos de Esquerda]

de Propaganda Eleitoral no Rádio e na Televisão…

https://twitter.com/ebcnarede/status/762091024181112833

http://oglobo.globo.com/brasil/presidente-do-tse-pede-cassacao-de-registro-do-pt-19868862
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José Fernandes

Isso não vai dá em nada,o MPF, uma boa parte está no golpe.a mídia nativa nem nota de roda pé vai dá.,estamos fudidos, com esse STF rendido também, aqui só se dá jeito quando houver 260 mortos como na Turquia. lá sim eles barram o golpe. aqui ……só daqui ha 4 gerações quando os filhos dessa terra forem verdadeiramente Brasileiros , aqui ainda tem os dessedentes de Italianos,Espanhóis,Portuguese,africanos,Japoneses,Índios,Holandeses,tudo que você imaginar.

roberto

O Skaf da Fiesp safada, que deu uma mala de dinheiro vivo(nosso), para cada deputado aloprado que votasse pelo golpe e dissesse a senha “Voto sim em nome da minha família”, é muito bom em não querer pagar o pato(conta de restaurante) e também em receber propinas (quero meus 6 milhões IMEDIATAMENTE).
Agora só falta o Andrew Jennings perguntar: DID YOU ACCEPT THE BRIBE MR.SKAF?

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