Murilo Costa: Carta a Cristóvam Buarque, golpista mesmo sem crime de responsabilidade

Tempo de leitura: 3 min

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Carta ao senador Cristóvam Buarque

por Murilo Costa

Senhor Cristóvam Buarque,

Li o seu artigo Grezuela um tanto atônito, razão pela qual decidi escrever esse texto e, também, é motivo pelo qual não consegui apor qualquer adjetivo cortês ao vocativo, como é o normal dos meus escritos.

A fim de justificar o seu voto em favor do impedimento da Presidenta Dilma (é o que se depreende), o senhor abre mão de fazer qualquer abordagem sobre os supostos crimes de responsabilidade por ela cometidos.

Defende que ela mereça ser expulsa do cargo de Chefe de Estado com argumentos que passam longe daqueles previstos na nossa Constituição para tão grave ato.

Ignora (intencionalmente?) o que se apresenta, de fato: a disputa entre dois projetos para o País.

Em defesa do golpe em curso, perfilado àqueles derrotados nas urnas em quatro eleições, escolhe o lado oposto ao que militava há alguns anos, que fizera crescer em mim a admiração entusiasmada.

Para tanto, no lamentável artigo, faz um recorte temporal estreito, apontando dados de um “passado recente”, de modo tão descontextualizado e simplista que chega a ser desonesto.

Ora, se isso é válido, proporia, então, a substituição de seu livro Avaliação Econômica de Projetos (o primeiro de sua autoria com o qual tive contato, por volta dos 20 anos de idade, na universidade), com toda a metodologia ali detalhada, pelo seguinte vaticínio: “esqueçam-se os projetos, pois todos eles serão deficitários no futuro próximo”.

Assume, com um discurso anódino em defesa de um “governo responsável e decente”, o lado daqueles que advogam a inserção subordinada do Brasil ao processo econômico global, como satélite das nações centrais.

Aí, eu me pergunto: onde estará o humanista, autor da bela resposta em favor do Brasil, acerca de uma hipotética internacionalização da Amazônia?

Aborda, de modo superficial, indicadores macroeconômicos de interesse maior do grande capital e do rentismo.

Nada a ver com a visão social que trazia o defensor das pessoas de carne e osso, excluídas da benesses da modernidade e da globalização, como Miro, que nos foi apresentado em Os Instrangeiros.

Ao fim e ao cabo, alia-se àqueles que querem destruir a Educação Pública, tema que lhe era caro, com:

— a extinção das vinculações constitucionais, pondo no lixo os 10% do PIB, constantes do PNE;

— o fim do regime de partilha e do conteúdo nacional no pré-sal, mandando para as profundezas os 75% do Fundo Social e a oportunidade do desenvolvimento científico e tecnológico;

— a privatização do ensino em todos os níveis, para deleite dos fazedores dos módulos educacionais;

— a abolição da política de valorização do salário mínimo e do ainda pequeno piso nacional da professora e do professor.

Tenho os seus antigos textos em grande monta, pois guardam valores e ideias que me são caros e que sigo como ideal de um Brasil que, apesar dos avanços do Governos Lula e Dilma, ainda teima em estar distante.

Não consigo, entretanto, reconhecer, hoje, o seu autor.

Parece-me, senhor senador, que, daquele político e gestor (sim, mesmo à distância, acompanhei com especial interesse e entusiasmo a sua gestão frente ao Governo do Distrito Federal) que eu admirava, restou apenas a capacidade de criar neologismos.

Para que as coisas fiquem definitivamente claras, talvez esteja apenas lhe faltando a coragem de explicitar o que disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem estranhamente o senhor se alinha em momento tão grave: “Esqueçam o que escrevi”.

Sem mais.

Leia também:

A íntegra do discurso de Dilma ao Senado


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Comentários

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Jose Fernando Ferraz Braga

Em vez de “esqueçam o que escrevi” por que não “esqueçam quem escreveu”.?

Sidney Machado

Lamentável. Absurdo. Credibilidade zero neste senhorzinho de engenho.

Sidney Machado

Uma lástima ver este senhor idoso fazer água de toda uma reputação. Maior decepção que tive em toda minha vida polirica. Espero que ele colha os frutos de sua traição em breve com olhares indignados de sua família e seus examigos.

Cristóvão nunca mais terás meu voto.

Joao Luiz Pereira Tavares

Pelo contrário, Buarque pode ser contraditório em sua posição, mas ele é brilhante, assim como seu «Projeto para a Educação».

Buarque é uma truta. Ou: Buarque & as águas turbulentas. Vejamos:

O Cristovam não está equivocado de maneira alguma. Buarque é cuidadoso, não se move por impulso publicitário que age no sistema nervoso de imediato e nem em clichês e frases-prontas PETISTAS (estereótipos verbais, imagéticos e linguísticos, e dispositivos mediáticos à maneira de João Santana). Cristovam Buarque é homem vivido, agudo e perspicaz, intelectual, cuidadoso e sóbrio, enfim valente — sem medo de ser enxovalhado pela vigilância retrógrada dentro das universidades atuais (no entanto, com a mente nos equívocos do século XX — ou seja: teorias e reflexões já carcomidas), sem medo de seus pares e de textos de blogs “moderninhos” e super lidos — como tem acontecido em textos que o chamam de “traíra” diariamente, nos últimos meses. Cristovam não é traíra; Cristovam é truta. Ele é aquele que está de prontidão na Universidade, de mente arejada, mas é como um peixe — exatamente a «truta-das-fontes». Vejamos: sabe nadar contra a maré ideológica e modismos, clichês, estereótipos superados — se assim for preciso e na hora apropriada, naquele momento sábio e mais difícil — eis ali Cristovam exatamente como a truta, que nada contra a correnteza. De acordo com estudo publicado na “Revista Science”, esse peixe aproveita-se de redemoinhos que giram ao redor de objetos imóveis na água. Faz isso para não se esforçar muito e dessa forma poupar energia a fim de nadar contra a correnteza. As trutas poupam TANTA energia que não precisam usar os principais músculos natatórios. “É uma maneira de se locomover em águas turbulentas sem gastar muita energia”, explica um dos autores do estudo, George Lauder, biomecânico da Universidade Harvard. ¿E vocês sabem o porquê desse peixe nadar contra a correnteza? Além de economizar importantes fontes de energia? Pesquisem!
O senador não se faz de vítima como Dilma & Letícia Sabatella, e nem Fernando Morais. A Buarque (o Cristovam é claro) só nos resta uma homenagem pragmática: e uma homenagem erudita (sim, artística!): tocar a ele a Música-de-Câmara, instrumental, abstrata, robusta, inabalável, que muito exige do ouvido, não-superficial, vigorosa: o quinteto de Schubert “A Truta” [D 667/Opus 114 — “Die Forelle”. Compositor: Franz Schubert], intensamente viva e alegre, que expressa a felicidade palpável, manifesta e solar. Um dia de verão luminoso e agradável, renovável. Ou seja: expressão da individuação — certamente. E não do pensamento antiquado.

Schell

Ciúmes de homem é o que de pior existe. Na verdade o que ele fez no percurso foi “refinar” suas tendências para o mal. Afinal, vagabundo demitido por telefone, guarda mágoas “putaneiras” do Lula. Ou seja, conhecimento acadêmico não gera ética eou moraliza quem quer que seja: baita picareta.

    Joao

    Pelo contrário, Buarque pode ser contraditório em sua posição, mas ele é brilhante, assim como seu «Projeto para a Educação».

    Buarque é uma truta. Ou: Buarque & as águas turbulentas. Vejamos:

    O Cristovam não está equivocado de maneira alguma. Buarque é cuidadoso, não se move por impulso publicitário que age no sistema nervoso de imediato e nem em clichês e frases-prontas PETISTAS (estereótipos verbais, imagéticos e linguísticos, e dispositivos mediáticos à maneira de João Santana). Cristovam Buarque é homem vivido, agudo e perspicaz, intelectual, cuidadoso e sóbrio, enfim valente — sem medo de ser enxovalhado pela vigilância retrógrada dentro das universidades atuais (no entanto, com a mente nos equívocos do século XX — ou seja: teorias e reflexões já carcomidas), sem medo de seus pares e de textos de blogs “moderninhos” e super lidos — como tem acontecido em textos que o chamam de “traíra” diariamente, nos últimos meses. Cristovam não é traíra; Cristovam é truta. Ele é aquele que está de prontidão na Universidade, de mente arejada, mas é como um peixe — exatamente a «truta-das-fontes». Vejamos: sabe nadar contra a maré ideológica e modismos, clichês, estereótipos superados — se assim for preciso e na hora apropriada, naquele momento sábio e mais difícil — eis ali Cristovam exatamente como a truta, que nada contra a correnteza. De acordo com estudo publicado na “Revista Science”, esse peixe aproveita-se de redemoinhos que giram ao redor de objetos imóveis na água. Faz isso para não se esforçar muito e dessa forma poupar energia a fim de nadar contra a correnteza. As trutas poupam TANTA energia que não precisam usar os principais músculos natatórios. “É uma maneira de se locomover em águas turbulentas sem gastar muita energia”, explica um dos autores do estudo, George Lauder, biomecânico da Universidade Harvard. ¿E vocês sabem o porquê desse peixe nadar contra a correnteza? Além de economizar importantes fontes de energia? Pesquisem!
    O senador não se faz de vítima como Dilma & Letícia Sabatella, e nem Fernando Morais. A Buarque (o Cristovam é claro) só nos resta uma homenagem pragmática: e uma homenagem erudita (sim, artística!): tocar a ele a Música-de-Câmara, instrumental, abstrata, robusta, inabalável, que muito exige do ouvido, não-superficial, vigorosa: o quinteto de Schubert “A Truta” [D 667/Opus 114 — “Die Forelle”. Compositor: Franz Schubert], intensamente viva e alegre, que expressa a felicidade palpável, manifesta e solar. Um dia de verão luminoso e agradável, renovável. Ou seja: expressão da individuação — certamente. E não do pensamento antiquado.

CAM

O partido desse pilantra não é popular e muito menos socialista.

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