Morte do músico Mario Travassos em clínica nos faz pensar em aumento da lógica manicomial, atentam psicólogos

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NOTA SOBRE A MORTE DO MÚSICO MARIO TRAVASSOS NA CLINICA DA GÁVEA

Mário Travassos, 39 anos, faleceu no dia 14/07/2017, na Clínica da Gávea, no Rio de Janeiro, “especializada em transtornos psiquiátricos”, em menos de 24 horas após a sua internação.

Consta que ele lá se internou por vontade própria, transferido do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, por sugestão da equipe médica, e se apresentava fisicamente saudável.

Seus parentes e amigos supõem que teria sido vítima de violência, pois seu corpo apresentava afundamentos no crânio e na face, ausência de dentes e marcas roxas.

Sua família relata não ter sido avisada pela Clínica que o corpo teria sido transportado sem identificação e como indigente para o IML (Instituto Médico Legal).

Essa sequência de fatos torna imperativa uma rigorosa apuração do que causou a morte do músico, e da apuração imediata de todos os fatos que ocorreram desde o momento de seu ingresso nesta clínica.

A única alegação conhecida desta clínica, reportada pela mãe de Mário, é que este tentara fugir e sofrera uma queda, o que parece improvável e inaceitável, pela característica singular da internação voluntária, visto que tentativas de evasão são fatos corriqueiros em instituições psiquiátricas, que certamente deveriam estar preparadas para evitá-las, mantendo a segurança e integridade física de seus internos.

Este triste episódio nos faz pensar no recrudescimento da lógica manicomial, e da acelerada perda de direitos, o que nos impõe a reafirmação da radicalidade dos princípios da Luta Antimanicomial.

Há clínicas privadas e comunidades terapêuticas que não afirmam os princípios da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), em tempos sombrios e de graves violações de direitos das pessoas em sofrimento psíquico e das populações mais vulneráveis. Direitos fundamentais, nenhum passo atrás.

Conselho Regional de Psicologia do Rio de janeiro – CRP 05

Sindicato dos Psicólogos do estado do Rio de Janeiro – SINDIPSI-RJ

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Comentários

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Dilma Coelho

— A maioria dos portadores de transtorno mental, em alguma ocasião, pode vir a precisar de uma internação, possivelmente de um curto período, necessitar do auxílio de psiquiatras honestos e humanos. Isto tem a ver com as clínicas psiquiatras decentes, públicas ou privadas. Agora, quem está por traz das clínicas psiquiátricas, públicas ou privadas? Alguns médicos decentes mas, muitos médicos picaretas, muitos que montam suas clínicas, com equipamentos afanados de instituições públicas. Para esses tipos pouco importa o estado mental do doente. Por trás disso tem um grupo de psicólogos que querem assumir uma posição que não é deles. Precisam de emprego, sentirem-se úteis. Eles não emitem receituário, não tiram os doentes das crises, dos surtos e sempre aproveitam dessas ocasiões para aparecer.
Sou psicóloga e com um familiar portador de esquizofrenia. Tenho visto muito bem como isto funciona. Há também os familiares que querem livrar-se de seus doentes, muitos por não terem condição de tratá-los, esses também precisam de ajuda. Precisamos de instituições, públicas ou privadas, que cuidam humanamente esses doentes em seus períodos de crise.

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