Juntos pelos cassinos: Cachoeira pediu ajuda a Temer para regularizar; hoje, núcleo duro do interino trabalha para aprovar a lei

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temer e cachoeira

Cachoeira pediu para Temer encaminhar regularização de jogos de azar

por Cíntia Alves, no Jornal GGN, em 06/07/2016

Jornal GGN – Março de 2012. O ex-senador Demóstenes Torres, que chegara a estampar reportagens de Veja como um “mosqueteiro da ética”, vira o centro das atenções após cair em grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que investigava o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Na edição do dia 31 daquele mês e ano, Folha de S. Paulo publicou um diálogo entre Demóstenes e Cachoeira, no qual o bicheiro pediu que Michel Temer (PMDB) encaminhasse um projeto de lei que regulariza os jogos de azar.

O diálogo foi usado na reportagem “Gravações revelam favores de senador para empresário”. A conversa se deu no dia 24 de abril de 2009, quando Temer era deputado e presidente da Câmara.

Cachoeira diz: “Aquele negócio que eu pedi pra você olhar lá. Já chegaram lá? Aquela lei do Maguito?”

Demóstenes responde: “Já chegaram lá. Ela está na Câmara…”

Cachoeira: Pois é, você tinha que trabalhar isso aí com o Michel [Temer], né? Para por em votação…

Demóstenes: Lá isso passa por votação simbólica. Como passou no Senado.

O trecho foi usado para acusar Demóstenes de usar o mandato em nome dos interesses de Cachoeira, que foi preso recentemente na Lava Jato.

A regularização dos jogos de azar é um assunto que volta e meia entra em pauta, sempre que o governo está em crise e busca fontes de receita.

Na época do Cachoeiragate, Demóstenes apareceu alertando que trechos do projeto de regularização de jogos discutido no passado prejudicavam as atividades do bicheiro.

Hoje na presidência em virtude o impeachment de Dilma Rousseff (PT), Temer permite que o núcleo duro do governo trabalhe para aprovar o projeto de lei do Senado (PLS) 186/2014, que consta na Agenda Brasil – conjunto de propostas que o PMDB diz ter apresentado para tirar o País da crise. Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, por exemplo, foram citados em reportagem apontando que o PLS seria uma fonte de receita conveniente em meio à situação econômica atual.

O PLS está inserido na ordem do dia, com previsão de ser votado no Senado nesta quarta (6).

Nas contas do governo, a liberação de cassinos e regularização de bingos e caça-níqueis, entre outros pontos, renderia à União uma receita anual de R$ 15 bilhões.

No passado, Temer, enquanto vice-presidente, fez lobby pela regularização. Um jornalista ligado a Cachoeira chegou a publicar que Temer usava um assessor pessoal pra fazer interface com o então presidente da Abrabin (Associação Brasileira do s Bingos).

No governo Lula e início do governo Dilma, o projeto foi ofuscado por escândalos de corrupção envolvendo Cachoeira.

Na CPI de 2012, instaurada na Câmara e Senado após as revelações da Monte Carlo contra Demóstenes e o bicheiro, Temer apareceu novamente. Dessa vez, como um dos membros da cúpula do PMDB – incluindo Eduardo Cunha – que trabalharam duro para evitar a convocação de Fernando Cavendish – também preso na Lava Jato – para depor na CPI. Cavendish era sócio oculto de Cachoeira e dirigente da Delta. A empreiteira, àquela época, era a que mais atuava junto ao governo federal em obras do PAC.

Artigo do jornalista Leandro Fortes, em CartaCapital de maio de 2012, mostrou envolvimento de Temer para impedir, inclusive, que a CPI do Cachoeira avançasse contra jornalistas.

Fortes escreveu: “Desde o início de maio, Temer tornou-se uma espécie de mensageiro da família Marinho. O vice de Dilma tem ouvido e repassado os recados do grupo que comanda a Globo ao governo e aos integrantes da CPI do Cachoeira. E que pode ser resumido em um ponto: a mídia não pode virar alvo na CPI. Isso inclui deixar de fora a mais explícita das relações do bando de Cachoeira com os meios de comunicação: aquela estabelecida com a revista Veja.”

O jornalista referia-se a outra descoberta da Operação Monte Carlo: a de que Cachoeira teria fortes relações com repórter de Veja, Policarpo Junior, a ponto de decidir quando emplacar matérias contra seus adversários na revista semanal.

No final, o time de Temer teve sucesso: a CPI do Cachoeira – que também recebeu ajuda do PT para ser freada – entregou um relatório de uma página e meia, sem indiciar ninguém, muito menos jornalistas. O caso foi sumindo do noticiário tão logo o julgamento do mensalão foi tomando conta daquele segundo semestre de 2012.

Artigo da jornalista Helena Chagas, publicado no portal Os Divergentes, nesta quarta, mostra que o governo Temer tem sofrido pressão para aprovar o projeto de regularização dos jogos.

“O Planalto tem se mantido à distância da discussão porque o assunto é uma bola dividida, mas o governo, nos bastidores, apóia a aprovação do projeto que legaliza os jogos de azar, que será votado hoje pelo Senado. (…) Aliados vêm tratando do assunto na surdina já foram procurados por grandes grupos hoteleiros internacionais interessados em implantar no Brasil resorts com cassinos – modalidade prevista pelo projeto em discussão”, escreveu.

A ideia, contudo, sofre forte resistência de setores que consideram os jogos de azar uma forma de lavagem de dinheiro para criminosos de colarinho branco e traficantes.

“E é por isso que o governo não saiu ainda na defesa aberta do projeto. Michel Temer não quer, por enquanto, comprar briga com setores como o Ministério Público. (…) Há também problemas com a bancada evangélica.”

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Valdez

Temer participa de todas as falcatruas

Mais uma falcatrua denunciada pelo “insuspeito” jornal O Globo da “insuspeita” família Marinho:

Temer fez acordo para preservar mandato de Eduardo Cunha, diz O Globo

http://www.tijolaco.com.br/blog/o-acordao-pro-cunha-tenta-se-impor/

Por Fernando Brito · 07/07/2016

Horas depois do anúncio melodramático de sua saída, vai ficando claro que a renúncia de Eduardo Cunha é um jogo que, a esta altura, interessa tanto ou mais ao Governo Temer do que ao próprio deputado.

O insuspeito jornal O Globo publica, neste momento, como manchete:

O acordo que possibilitou a renúncia do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara consistiu em lhe dar uma sobrevida ao fazer com que seu processo retorne ao Conselho de Ética. Em uma articulação da qual participaram o presidente interino, Michel Temer, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PMDB-PR), além de outros parlamentares do PMDB e de partidos da base, ficou decidido que, em troca da renúncia, o processo de cassação do mandato do qual Cunha é alvo será devolvido, de ofício, ao Conselho.

Trocando em miúdos, o presidente da República em exercício é cúmplice direto da tentativa de salvar o mandato de um ladrão, o ladrão que lhe deu, com a montagem da votação que abriu o processo de impeachment, a cadeira do Palácio do Planalto.

A matéria, das repórteres Júnia Gama, Isabel Braga e Letícia Fernandes traz a confissão explícita de um dos participantes do “acordão”:

Há uma forte preocupação, tanto no Palácio do Planalto, quanto entre os parlamentares, com a possibilidade de Cunha passar a tomar “atitudes desesperadas” para proteger sua família e a si mesmo. Foi para aliviar este cenário que foi costurada a solução da renúncia em troca da devolução de seu processo ao Conselho de Ética.
— Sabemos que haverá reação contrária a esta articulação, mas é preciso calcular o custo-benefício. Ele renunciou, que é o que todos desejavam, e ganhará um tempo para trabalhar em sua defesa. Isto distensiona o ambiente e tira ele, ao menos momentaneamente, da encruzilhada. Sabe-se lá que reações pode ter um animal que está encurralado.

Ou seja, há o temor de que Cunha comece a falar o que não deve sobre a conspiração que armou com o então vice-presidente e sabe-se lá que mais das suas capacidades de influência que ficam a cada dia cada vez mais claras à media em que seus cúmplices nos achaques vão confessando para escapar à prisão.

Com acordo e tudo, será difícil entregar a Cunha a volta a “estaca-zero” de seu processo de cassação.

Pouco importa, quando isso acontecer, com a fúria da base governista de votar imediatamente a escolha do novo presidente da Câmara, onde o apoio – ainda ue discreto – de Temer vai ser dívida eterna do eleito, vai deixar o cadáver de Cunha apodrecendo e minguando.

A não ser para os que acreditam em maldição de zumbis.

FrancoAtirador

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Cunha Fecha Acordo com Temer, DEM e PSDB
e Acaba de Renunciar à Presidência da Casa*.
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Composição da Nova Mesa-Diretora da Câmara
ficará nas Mãos do PMDB e dos DemoTucanos.
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Cidadão

EMPRESÁRIO DE JOGOS NO BRASIL NÃO PAGA IMPOSTO!
E OS SETORES RELIGIOSOS APOIAM, SAO PARCEIROS!
TEM O PIG PRA CONFUDIR, OS POLÍTICOS E O JUDICIARIO PARA GARANTIR SEU GANHOS!
Se aprovar alguma lei é pra proteger os
amigos!
E UMA DAS MAIORES “LAVANDERIA” DO MUNDO SEGUE INTOCADA!

FrancoAtirador

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Interessava ao Cachoeira a Revogação da “Lei Maguito” (Nº 9.981/2000)

porque foi a lei que voltou a instituir, aqui, a Proibição dos Jogos de Bingo

que haviam sido Legalizados pelos Arts. 59 a 81 da Lei Nº 9.615/1998:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9981.htm#art2

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm#art59

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615Compilada.htm
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FrancoAtirador

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Amigos?
Amigos.
Negócios:
Faz Parte.

Messias Franca de Macedo

… Em paralelo na $elva de Pindorama…

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

Os índios pataxós e tupinambás avisaram que iriam comer o ‘CU(nha)’ do libanês usurpador (A)moral decorativo TEMERário/TEMERo$o!
A reação do mesmo TEMERário/TEMERo$o: [mais uma vez] recuou! Resta saber se o recuo foi literal e metaforicamente!
Risos!
Ô!

https://www.facebook.com/midiaNINJA/videos/vb.164188247072662/677718325719649/?type=2&theater

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