Jakobskind: O Globo manipula informação contra Sindicato

Tempo de leitura: 4 min

Paula Máiran

A diretoria do sindicato é presidida pela jornalista Paula Mairán

Sindicato dos Jornalistas do Rio: Lamentável manipulação da informação

por Mário Augusto Jakobskind, no Fazendomedia

O Rio de Janeiro vem sendo nos últimos dias palco de um infame esquema de manipulação da informação que envolve o jornal O Globo, a ABI e um grupo de jornalistas capitaneados por um segmento sindical derrotado numa eleição. O alvo é a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ).

A história começa com uma entrevista coletiva na sede do SJPMRJ convocada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, antes das covardes agressões a jornalistas praticadas por pseudos manifestantes, por ocasião da saída do Presídio de Gericinó, em Bangu, de cinco manifestantes presos, acusados de promoverem violências em protestos, mas num processo absolutamente irregular. Os cinco, entre as quais a tal de Sininho, foram soltos graças a um habeas corpus do Desembargador Siro Darlan.

A entrevista coletiva ocorreu dois dias depois da libertação dos manifestantes.

É importante assinalar a qualidade de pseudos, porque o que foi feito contra jornalistas que cobriam a saída dos presos não é de responsabilidade de manifestantes na verdadeira acepção da palavra. Estão mais para agentes provocadores do que outra coisa. Deram munição para forças interessadas em práticas desestabilizadoras, aliás, como é comum no caso dos agentes provocadores.

Pois bem, na coletiva realizada no Sindicato, o jornal O Globo manipulou grosseiramente a informação ao afirmar, entre outras coisas, que “os profissionais de imprensa foram xingados e ameaçados”. Queria o jornal dar a entender que o que aconteceu teve o apoio da diretoria do Sindicato.

Na sequência, um grupo de jornalistas, capitaneado por ex-dirigentes sindicais derrotados na última eleição, decidiu, apoiados na divulgação pelo mais vendido jornal do Rio de Janeiro, elaborar um abaixo assinado defendendo a renúncia da atual diretoria.

Chegaram até a criar um grupo no facebook com a denominação “Este Sindicato não me representa”. E fizeram tudo baseado em “informações” (entre aspas) sem fundamento.

No caso do jornal, ainda pior, porque quando da divulgação da “informação” (entre aspas mesmo) sobre a coletiva, nem ouviram o outro lado, ou seja, pelo menos a presidenta do sindicato, Paula Mairán, que está sendo linchada por manipuladores da informação.

O Globo procurou demonstrar que os jornalistas foram desrespeitados com o apoio da presidenta Mairán. Uma mentira deslavada.

Familiares de manifestantes e alguns manifestantes apareceram no sindicato. Não foram barrados, pois esta não é a prática adotada pela direção sindical. Mas daí o jornal carioca induzir os leitores a se voltarem contra a diretoria sindical vai uma distância muito grande. Faz parte do grosseiro esquema de manipulação da informação e da velha tática do periódico de criminalizar movimentos sociais. Tem sido assim ao longo da história. Foi assim também no golpe de abril de 1964.

Não é de hoje que a diretoria do sindicato, presidida pela jornalista Paula Mairán, vem sendo objeto de duras críticas patronais e também pelegas.

Aproveitaram a ocasião para induzir leitores e um grupo de jornalistas para demonizar o sindicato dando a entender, vale repetir, que a diretoria sindical teria apoiado ativistas contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas na própria sede.

Nunca houve isso. A diretoria do SJPMRJ sempre denunciou a violência contra jornalistas durante manifestações, seja a violência institucional, da Polícia Militar, ou a pratica deplorável, como já foi dito, por prováveis agentes provocadores travestidos de manifestantes.

E onde entra nesta lamentável história a atual diretoria da Associação Brasileira de Imprensa, diretoria que ocupou a entidade por decisão judicial?

Com base na informação manipulada de O Globo e pelo grupo de jornalistas capitaneados por derrotados no último pleito do SJPMRJ, o presidente provisório da ABI, Tarcísio Holanda, como se pode ler no site da entidade, deu “total apoio ao movimento de jornalistas que reivindicam a renúncia imediata da atual diretoria do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro”. Ou seja, apoiou o golpe antes de mais nada.

E tem mais, Holanda ainda por cima justifica o apoio afirmando absurdamente, ou seja, com base na manipulação da informação, que a diretoria “desrespeitou às normas do Estatuto e do Código de Ética da entidade”. Outra mentira deslavada.

O presidente imposto pela justiça também ofereceu a sede da ABI para a realização de uma assembleia para “debater a questão”. Debater a questão é sofisma, porque o objetivo é derrubar uma diretoria, portanto, promover um golpe contra a direção sindical que tem desagradado o patronato, até porque, além de defender os interesses da categoria, permite a realização em sua sede de debates, entre os quais, sobre a questão da democratização dos meios de comunicação.

Recentemente, na mesma sede sindical ocorreu outro importante debate sobre os lamentáveis acontecimentos na Faixa de Gaza. Na ocasião foi lembrado, por exemplo, o tipo de cobertura midiática que vem sendo feita pela Rede Globo sobre o genocídio, ou se preferirem, massacre, de palestinos em Gaza por forças israelenses de ocupação.

Nas gestões anteriores, dificilmente ocorriam debates dessa natureza, porque predominava preferencialmente a despolitização.

Como o patronato midiático sente-se incomodado com debates sobre os temas mencionados, agem deturpando um fato para criminalizar uma entidade sindical.

Lamentável também que a direção de outra entidade, no caso a ABI, fortaleça o movimento impulsionado pelo jornal mais vendido do Rio de Janeiro. Ou seja, tomou posição, sem ouvir o outro lado, apenas baseado na manipulação da informação.

É importante divulgar tais fatos para os leitores deste democrático espaço, porque o assunto deve ser conhecido ao máximo, até para se posicionar com base no que o jornal mais vendido do Rio de Janeiro não divulga.

E também estar atento com a forma que veículos da mídia hegemônica estão tratando entidades sindicais que não defendem os mesmos interesses que defende o patronato.

 Leia também:

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MAAR

Certamente devem ser apoiadas as iniciativas das entidades de classe voltadas para a ampla defesa dos direitos dos trabalhadores contra abusos e arbitrariedades, do patronato ou de quem quer que seja.

Tal defesa deve ser obviamente fundamentada na transparente observação da verdade dos fatos, e na verificação das opiniões de todas as partes.

Além disso, é indispensável também que haja uma atitude clara de repúdio às agressões praticadas por aqueles que se intitulam manifestantes.

Vale ressaltar que já foram noticiadas agressões praticadas por tais grupos não apenas contra jornalistas, mas também contra testemunha arrolada no processo que resultou na prisão de acusados da preparação de atos de violência. Tais fatos devem inclusive ser objeto de apreciação quando do julgamento pelo órgão colegiado do habeas corpus, concedido no caso sem vista das provas que embasaram as respectivas ordens de prisão.

A manutenção da liberdade dos acusados no caso pode até vir a ser o resultado da reapreciação do habeas corpus pelo tribunal, a depender da evolução dos fatos, mas tal decisão será condicionada pela observação das provas constantes dos autos. E ainda que seja deferido eventual direito dos réus a responder o processo em liberdade, isto não implicará de forma nenhuma em negação da legalidade e necessidade das prisões à época, nem tampouco na inexistência de ilícitos a serem julgados.

Conforme evidenciado, os que defendem anistia para as pessoas flagradas durante a preparação ou realização de atos de violência pedem impunidade para crimes graves, o que é inadmissível. Tal impunidade é muito danosa para a sociedade, principalmente por implicar num estímulo à ocorrência de novos crimes semelhantes, com consequências cada vez piores.

Não se viu até aqui nenhuma autocrítica por parte daqueles que cometeram o grave erro de insuflar e promover atos de violência. Por esta razão, é imprescindível pugnar pela aplicação rigorosa da lei, pois este é o método mais didático para favorecer o avanço da consciência política.

ricardo silveira

Não se pode esperar que a lei de meios seja a panaceia da comunicação, hoje deteriorada com o jornalismo manipulador que corrompe a democracia no país, mas, com toda certeza, também, facilitaria o exercício profissional com dignidade, sem a interferência patronal.

    Urbano

    Certamente, Ricardo; certamente…

MacCain

Meu amigo se ABI e sindicado senta com patrão é porque alguma coisa esta errada. Quem ainda lê Globo?

Julio Silveira

O sindicato deve se sentir aviltado por estar sendo exposto de forma vil pelo grupo empresarial, não deve se render, antes pelo contrario reagir e deveria ficar orgulhoso, afinal se esse grupo se dedica a manipular o Brasil, sempre no pior dos interesses contra a maior parte da cidadania, manipular contra o sindicato é sinal de coisa boa vindo de lá.

FrancoAtirador

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DIREITO DE RESPOSTA EVITARIA CRIMES DA MÍDIA

A exatos dois meses das eleições,
a polêmica em torno do direito de resposta
já apareceu nas páginas dos grandes jornais –
em apenas dois dias,
a Folha de S. Paulo publicou três matérias envolvendo o assunto.
Apesar de contar com legislação específica para o período eleitoral,
o tema segue sem regras definidas para que o benefício
seja garantido a todos os cidadãos brasileiros.

Por Felipe Bianchi, para a série especial do Barão de Itararé*

[…]

O primeiro caso do período eleitoral e a chiadeira da Folha

Na edição impressa da Folha de S. Paulo do dia 2 de agosto, o jornal publicou texto de autoria do candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, após determinação da Justiça Eleitoral.

O direito de resposta foi solicitado por conta de uma reportagem em que o deputado federal José Augusto Maia alegou ter recebido oferta de propina em troca de apoio à coligação que lançaria a candidatura de Câmara. A matéria traz ainda duas outras fontes, mantidas em condição de anonimato, que confirmam a versão de Maia.

Irritada com a concessão da Justiça Eleitoral, a Folha produziu no mesmo dia da publicação do texto uma segunda matéria escutando fontes ligadas, principalmente, aos proprietários de grandes meios de comunicação, como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT).

Elas criticaram o direito de resposta sob o argumento de que este “cercearia a liberdade de expressão” e de que “a sociedade deixa de ser informada” (pelo motivo de o acusado ter direito à defesa nas mesmas linhas que o atacaram).

Uma terceira reportagem foi publicada no dia seguinte (3 de agosto), em que Celso Schröder, da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), além de um ministro, cuja identidade não foi revelada, defendem a importância de que o direito de resposta tenha regras definidas para que não comprometa a autonomia do jornalismo, mas também não cometa injustiças com quem se sente ofendido ou caluniado. Na legislação eleitoral, porém, essas definições já existem e foram levadas em conta no caso específico da Folha.

Íntegra em: (http://migre.me/kSzoF)

(http://www.baraodeitarare.org.br)

*Entre 5 de agosto e 5 de outubro,
data marcada para as eleições de 2014,
o Barão de Itararé publicará,
às terças e quintas-feiras,
reportagens especiais abordando
temas ligados à comunicação
que, geralmente, são excluídos
do debate eleitoral.
A reprodução é livre,
desde que citada a fonte.
Saiba mais sobre a iniciativa
aqui: (http://migre.me/kSzeN).
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    FrancoAtirador

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    Globo, RBS e Estado de SC
    condenados a indenizar inocente
    exibido como ‘maníaco sexual’.

    “O retrato-falado elaborado pela Polícia
    acabou sendo veiculado em jornal da RBS SC
    e no Programa Fantástico da Rede Globo
    vários dias depois de as vítimas
    terem descartado a participação do autor
    nos crimes de abuso sexual”

    Os réus recorreram da sentença, em 2012,
    mas, até agora, a apelação não foi julgada
    pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

    Processo tramita já há 14 anos no TJ-SC.

    25.02.11
    Espaço Vital

    O Estado de Santa Catarina, a TV Globo e a RBS Zero Hora Editora Jornalística S.A. foram condenadas ao pagamento de uma indenização de R$ 270 mil, por danos morais a AP.
    Ele [o autor da ação, vítima do dano,] é jardineiro autônomo, casado, e por longos anos foi funcionário de uma empresa catarinense.
    Na época dos fatos tinha 30 anos de idade.

    Um retrato falado baseado em suas feições foi apresentado nesses meios de comunicação, com base em informações fornecidas pela polícia civil, como o do principal suspeito de ser o criminoso apelidado ‘maníaco da bicicleta’, que aterrorizou e estuprou mulheres em Joinville (SC).

    A ação tramita desde 27 de dezembro de 2000 – portanto há mais de dez anos – uma demora espantosa. [!!!]

    Durante muito tempo, o homem teve dificuldades de trabalhar e se manter.
    O Estado foi condenado a pagar R$ 60 mil; a TV Globo, R$ 180 mil; e a RBS, R$ 30 mil.

    Segundo os autos, no dia 30 de outubro de 2000, A.P. foi intimado a comparecer na delegacia de polícia para ser confrontado às vítimas do ‘maníaco da bicicleta’.

    Nesse dia da acareação, nenhuma das vítimas o reconheceu como o criminoso.
    Ele foi liberado em seguida.

    Alguns dias depois, o retrato falado do suposto criminoso foi divulgado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, e nas páginas do jornal A Notícia [do Grupo RBS].

    O retrato fora repassado à imprensa pela polícia civil.

    Durante a demorada tramitação da ação, ficou definitivamente comprovado que a vítima do ilícito civil não era efetivamente o “maníaco”.
    Ao lesado foi, então, em antecipação de tutela, estipulada indenização provisória por abalo moral em R$ 60.000,00 – a ser paga igualitariamente pela Globo e pela RBS Zero Hora Editora.

    Na mesma decisão foi determinado o pagamento de uma prestação pecuniária mensal em favor do autor, no valor de R$ 600,00 (cada um dos três réus deveria pagar uma terça parte), porquanto “reconhecido o nexo causal entre o ato de divulgação do retrato-falado forjado e o dano decorrente disso (dificuldade em integrar-se ao mercado de trabalho)”.

    Mas as duas empresas agravaram ao TJ catarinense, que proveu os recursos para suspender os pagamentos.

    Na sentença, publicada ontem (24) – dez anos e dois meses depois do ajuizamento da ação – o juiz Roberto Lepper, da 1ª Vara da Fazenda da comarca de Joinville, afirmou que “o retrato falado repassado à imprensa foi forjado pela polícia civil, que também encaminhou a imagem a outras forças de segurança do Estado”.

    O juiz entendeu ainda, que “os meios de comunicação divulgaram algo inverídico, sem antes realizar um juízo crítico sobre o que foi repassado pela polícia”.

    O julgado é candente: “a foto de A. foi propositalmente manipulada para servir de referência ao que seria a imagem do rosto do estuprador contumaz.

    A manobra de manipulação foi grosseira:
    o contorno dos olhos, o chumaço de cabelo sobressalente por detrás da orelha e a corrente pendurada no pescoço são detalhes que, presentes em ambas as imagens (a original e o “retrato-falado”), arredam qualquer dúvida sobre a forja da figura”.

    Para o magistrado, o Estado e o aparato policial realizaram “manobra tendente a aplacar a ansiedade social no sentido de encontrar-se aquele que estava barbarizando nas ruas da cidade”.

    Por fim, o juiz avalia a extensão do drama.

    “A chaga provocada na psique do autor tenderá a sangrar por muito tempo, até porque ninguém consegue esquecer facilmente algo tão avassalador como o que enfrentou A. – nem sei se alguém realmente consegue digerir, ao longo da vida, trauma dessa envergadura”.

    Ainda não há trânsito em julgado.

    A condenação da RBS Zero Hora Editora
    se dá na condição de sucessora
    de A Notícia S/A Empresa Jornalística.

    Proc. nº 03800061710-2

    {Sobre a Rede Globo, assim se pronunciou o Juiz prolator da sentença:

    “A TV Globo não negou ter veiculado, durante a transmissão do programa ‘Fantástico’,
    matéria na qual foi exibida a foto do requerente, apontada como sendo o retrato-falado do estuprador que estava agindo em áreas nobres de Joinville.
    Ávida por divulgar a notícia naturalmente chocante, incorreu basicamente no mesmo erro que a [empresa jornalística do Grupo RBS] ‘A Notícia’.
    Acontece que, ao contrário do jornal, a emissora sequer preocupou-se em desfazer o equívoco – ao menos não há menção a isso nos autos.
    O canal de televisão simplesmente divulgou, no transcorrer de um dos seus programas de maior audiência da televisão brasileira, o ‘retrato-falado’ do que seria um criminoso perigoso”}.

    Leia a íntegra da sentença: (http://migre.me/kSU3U)

    (http://migre.me/kSTNz)

    (http://www.espacovital.com.br/consulta/noticia_complemento_ler.php?id=2272&noticia_id=22451)
    (http://www.espacovital.com.br/consulta/noticia_ler.php?id=22451)
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    FrancoAtirador

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    DESTAQUE PARA O SEGUINTE EXCERTO DA DECISÃO JUDICIAL:

    2ª Vara da Fazenda Pública – Joinville

    Autos nº 038.00.061710-2

    Vistos etc.

    A.P., brasileiro, casado, autônomo, residente e domiciliado na rua XXX, em Joinville – SC,

    propôs AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS e MATERIAIS contra

    ESTADO DE SANTA CATARINA, pessoa jurídica de direito público, cuja procuradoria está instalada na rua Princesa Izabel, nº 238, 5º andar, sala 508, em Joinville,

    TV GLOBO LTDA, pessoa jurídica de direito privado com sede no Rio de Janeiro – RJ, na rua Lopes Quintas, nº 303, bairro Jardim Botânico,
    e também contra

    A NOTÍCIA S/A – EMPRESA JORNALÍSTICA, pessoa jurídica de direito privado sediada na rua Caçador, nº 112, bairro Atiradores, em Joinville,

    frisando ser pessoa íntegra e honesta, que jamais foi processada ou sequer esteve envolvida em investigações policiais, autorreconhecendo-se como um cidadão exemplar, cumpridor dos seus deveres.

    Que não obstante a transparência da sua vida pregressa, viu-se envolto num grande escândalo, com o qual nada tinha a ver.

    Alegou ter sido alvo de uma investigação deflagrada pela autoridade policial, realizada de modo ilegal.

    Contou que no dia 30.10.2000, segunda-feira, o Delegado Dirceu Augusto Silveira Júnior, titular da Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente de Joinville, mandou dois policiais à paisana dirigirem-se até a casa da sua mãe, cujos indivíduos, após saírem de um veículo civil, passaram a conversar com ela apresentando-se como proprietários de um imóvel que necessitava de serviços de jardinagem.
    No mesmo dia, esses mesmos policiais voltaram à casa da sua mãe, repetindo-lhe a oferta para que prestasse serviços de jardinagem.

    Aceitando a oferta, entrou no automóvel junto com os supostos interessados nos seus serviços, quando, então, recebeu ordem de prisão, sendo algemado e enxovalhado pela dupla de policiais, que, informando-lhe estarem cumprindo ordens do Delegado, na verdade ali estavam para conduzi-lo à Delegacia de Polícia com o objetivo de obterem sua confissão acerca dos crimes atribuídos àquele que ficou conhecido como o “maníaco da bicicleta”, que teria estuprado diversas mulheres na região central desta cidade e que, segundo informações, locomovia-se numa bicicleta azul.

    Insultado, passou a ouvir ameaças dos policiais, que advertiram-no de que se não confessasse a autoria dos crimes “a coisa iria ficar complicada para o seu lado” pois havia muita gente querendo a sua cabeça.

    Esclareceu que até aquele momento não havia sido apontado como o executor dos ditos crimes sexuais e que, mesmo assim, acabou sendo submetido a uma sessão de reconhecimento, na qual as vítimas confirmaram que não era ele o criminoso.

    Disseram que o seu tipo físico era mais robusto que o do estuprador, que sua fala era diferente do criminoso e que tinha amputado o dedo mínimo da mão direita.

    Só depois disso é que acabou sendo liberado, mas não sem antes receber a advertência de que deveria permanecer em silêncio para evitar complicações.

    Logo no domingo seguinte (dia 05.11.2000), durante o conhecido programa televisivo “Fantástico” [da REDE GLOBO DE TELEVISÃO], veiculou-se matéria onde constava a informação de que, em Joinville, a Polícia Civil havia conseguido elaborar um retrato-falado do “maníaco da bicicleta”.

    Acontece que a figura exibida em rede nacional de televisão
    e que havia sido repassada pela autoridade policial consistia,
    na verdade, numa fotografia sua, tirada em 1990,
    que a autoridade policial havia conseguido obter junto à XXX,
    empresa para a qual trabalhou por muitos anos, na qual enxertou-se graficamente um boné com a intenção de aproximar as suas feições às do criminoso a partir do que havia sido contado pelas vítimas dos crimes sexuais.

    Após a veiculação do seu retrato pelo “Fantástico”,
    um contingente de aproximadamente trinta policiais,
    entre civis e militares, foram até a sua casa
    e, acompanhados do Delegado,
    realizaram uma revista em seu quarto,
    fazendo-o, porém, sem qualquer mandado judicial
    que respaldasse esta ação.

    Dois dias depois, em 07.11.2000, a mesma foto sua, adulterada com o acréscimo de um boné, apareceria nas páginas do primeiro caderno do periódico de grande circulação estadual, o jornal ANotícia.
    Na matéria, constava a informação de que a polícia havia confeccionado um retrato-falado do criminoso que estava aterrorizando os joinvilenses.

    Que a partir daí passou a ser apontado por populares como sendo “o estuprador da TV” e que isso tirou-lhe o sossego e também o dos seus familiares.

    […]

    Não é segredo para ninguém, muito menos àqueles experimentados no ofício de informar, que a polícia não é investida dos poderes de julgar quem quer que seja.
    Sua atuação é predominantemente investigativa e repressiva.

    Malgrado seus atos gozem de certa presunção de legitimidade,
    à autoridade policial não é dado ditar os fatos,
    cujo papel cabe à Justiça.

    Portanto, ao repercutirem, como fizeram,
    matéria de cunho policial
    sem antes realizarem um juízo crítico,
    ambas as rés atraíram para si
    o risco de divulgarem algo inverídico.

    Ainda que tudo tenha começado no Departamento Estadual de Investigações Criminais – DEIC, o dano à honra do autor, foi sobremaneira agravado pela divulgação da imagem perante os prefalados órgãos de imprensa.

    A revogação da Lei de Imprensa, por óbvio, não representou a concessão de carta-branca aos meios de comunicação para, dali por diante, agirem como bem lhes aprouver.

    Direitos fundamentais como os da dignidade humana e do respeito à honra e à imagem não podem ser entrincheirados pelo igualmente legítimo e constitucional direito à liberdade de imprensa.

    Não quero nem me considero apto a passar a receita de como deveriam ter se comportado a TV Globo e o jornal ANotícia diante do material recebido.

    Entretanto, simples refino do material que chegou às suas mãos poderia ter evitado que o autor fosse publicamente execrado, como acabou acontecendo.

    Dirão alguns poucos que se a informação veio da polícia, órgão estatal, era dever da imprensa divulgá-la. Não é bem assim.

    A sociedade como conhecemos e, arrisco dizer, a manutenção do Estado como provedor de direitos, passa logicamente pela abstenção de certos comportamentos e pela regulação de outros.

    O ordenamento jurídico impõe, a todos que lhe devem obediência, que
    qualquer conduta, comissiva ou omissiva, deva a ele conformação.

    Todos certamente têm o direito à informação, naturalmente idônea.

    Ocorre que a informação rápida e instantânea como vemos hoje, que pode até mudar os rumos da história de uma nação, como recentemente aconteceu com o Egito, se mal empregada, pode também ser potencialmente destruidora e, o que é pior, sem chance de reparação integral.

    Não se trata de pôr rédeas na imprensa que, torno a dizer, deve, sim, ser livre. Mas a liberdade é algo que deve ser exercida com prudência para que não fira outros direitos que devam ser compreendidos como de igual envergadura.

    Entre a instantaneidade e a certeza da informação, deve-se, por prudência e respeito às leis, propender para a última, pois é a imprensa, afinal de contas, “a vista da nação”
    (RUI BARBOSA, em “A Imprensa e o Dever da Verdade, datado de 15.01.1920),
    e à nação, repito, deve ser oportunizada informação confiável.

    Objetivamente, “a liberdade de informação deve estar atenta ao dever de veracidade, pois a falsidade dos dados divulgados manipula em vez de formar a opinião pública, bem como ao interesse público, pois nem toda informação verdadeira é relevante para o convívio em sociedade”
    (STJ – Resp nº 984.803/ES, Terceira Turma, em que foi relatora para o acórdão a eminente Ministra NANCY ANDRIGHI, votação unânime em 26.05.2009).

    É consabido que “a criação e transmissão de uma notícia jornalística num meio de comunicação requer esmero, prudência e bom senso, de forma a utilizar adequadamente o direito de informar franqueado à classe jornalística
    (art. 1°, LI c/c art. 5°, IX, e art. 220, da CF).

    Sob essa perspectiva, o direito de informar afigura-se condicionado à observância de outros direitos coexistentes, tais quais a honra e a vida privada, que se lhe superpõem e cujas violações acarretam dever de indenizar (art. 5°, X, CF)”
    (TJSC – Apelação Cível nº 2007.020699-5, de Balneário Camboriú, Terceira Câmara de Direito Civil, relª. Desª. MARIA DO ROCIO LUZ SANTA RITTA, j. em 17.06.2008).

    Dito isso, chega-se à compreensão de que “o veículo de comunicação exime-se de culpa quando busca fontes fidedignas, quando exerce atividade investigativa, ouve as diversas partes interessadas e afasta quaisquer dúvidas sérias quanto à veracidade do que divulgará.
    Pode-se dizer que o jornalista tem um dever de investigar os fatos que deseja publicar.

    Diz-nos a doutrina que quanto mais séria, ofensiva ou improvável for a notícia, maior deve ser o grau de investigação, mais detalhada deve ser a aferição de sua credibilidade (Op. Cit., p. 148)”
    (Da obra citada: ENÉAS COSTA GARCIA, “Responsabilidade Civil dos Meios de Comunicação”, São Paulo: Juarez de Oliveira, ano 2002).

    “Não é por outro motivo que o Código de Ética do Jornalista estabelece que o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação (art. 7º)”
    (STJ – REsp nº 984.803/ES, já citado).

    Faço minhas as palavras do jornalista e mestre JUAREZ BAHIA, na obra “Jornal, História e Técnica: As Técnicas do Jornalismo”:
    “As pessoas que se apóiam nas notícias para tomar decisões e mesmo aquelas que apenas lêem jornais e revistas (…) querem veículos verdadeiros, autênticos, honestos e confiáveis”
    (São Paulo: Ática, ano 1990, pág. 37).

    Olvidados esses deveres, os danos daí decorrentes devem ser reparados…

    […]

    Joinville, 24 de fevereiro de 2011

    ROBERTO LEPPER
    1º Juiz Especial, em exercício
    .
    .
    Processo: 0061710-64.2000.8.24.0038 (038.00.061710-2)

    06/08/2014: Em grau de recurso

    Classe: Procedimento Ordinário
    Área: Cível
    Assunto: Indenização por Dano Moral

    Local Físico: 16/05/2012 00:00 – Tribunal de Justiça

    Andamentos
    27/12/2000 Processo distribuído por sorteio
    13/06/2011 Sentença | Relação: 0053/2011
    15/06/2011 Data da Publicação: 15/06/2011
    Número do Diário: 1177 Página: 1008/1015
    09/05/2012 Remessa ao Tribunal de Justiça

    Consulta Processo TJ-SC:
    (http://esaj.tjsc.jus.br/cpopg/open.do)
    Nº Unificado: 0061710-64.2000.8.24.0038
    .
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    FrancoAtirador

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    Livro

    “Na Teia da Mídia”

    Em 2000, Joinville ganhou destaque na mídia nacional
    depois que um maníaco sexual começou a atacar suas vítimas
    usando uma bicicleta.

    A dependência de jornalistas a fontes ‘oficiais’ de ‘informação’
    levou à condenação pública e linchamento moral
    do trabalhador braçal Aluísio Plocharski,
    de família tradicional da cidade.

    Meses depois o verdadeiro criminoso seria preso.

    A história da família Plocharski
    e o caso “Maníaco da Bicicleta”
    são os temas do livro “Na Teia da Mídia”,
    do advogado e jornalista Marco Schettert
    e do jornalista Salvador Neto.

    O livro reúne dois trabalhos acadêmicos da faculdade de Jornalismo –
    Na Teia da Mídia (Salvador Neto),
    O Dano Moral na Imprensa (Marcos Antônio Santos Schettert) –
    que contam essa história, a ética no jornalismo e o dano moral.

    Sobre os autores:

    Marco Schettert
    É advogado, historiador e jornalista com atividades em Joinville (SC). Natural de Porto Alegre (RS), tem intensa atividade no direito, assessoria jurídica, e é professor.
    Apresenta o programa Tema Livre na TV Brasil Esperança Canal 11 em Joinville.
    Sua atuação em processos na área pública em defesa da cidadania o fazem um dos profissionais mais requisitados.

    Salvador Neto
    É jornalista e blogueiro com atividades em Joinville e todo o estado de Santa Catarina.
    Escreve para o jornal Notícias do Dia a seção Perfil.
    Especializado em assessoria de imprensa sindical, política e de pequenas e médias empresas.
    Mantém o blog Palavra Livre (http://www.palavralivre.com.br),
    e é também articulista em vários jornais.
    Atua também como voluntário para a Apae Joinville e outras entidades.

    Entrevista com os autores
    (http://youtu.be/0LJXZaJMjkw)

    Capa do Livro:
    (http://imgur.com/N5tI4el)
    (http://imgur.com/OHrKhAS)

    (http://www.portaljoinville.com.br/v4/blogs/coisasdeadolecente/20429)
    (http://sjsc.org.br/jornalistas-lancam-livro-sobre-caso-do-maniaco-da-bicicleta-em-joinville)
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    FrancoAtirador

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    Livro aborda os abusos da mídia
    no caso do maníaco da bicicleta

    História de Aluísio Plocharski
    é comparada ao caso da Escola Base

    Faz mais de dez anos que Aluísio Plocharski teve sua identidade erroneamente ligada a do maníaco da bicicleta, com um retrato falado feito a partir de uma fotografia sua divulgada na televisão [no Programa Fantástico da REDE GLOBO] e por um jornal de Joinville [do Grupo RBS] –
    e mesmo assim o jardineiro ainda é confundido com o estuprador que assombrou a cidade em meados do ano 2000.

    Mas engana-se quem pensa que retomar essa história causa incômodo: a família Plocharski quer mais é ser lembrada pelo episódio, na esperança que fatos assim não mais se repitam.

    Os jornalistas Salvador Neto e Marco Schetter levaram o drama de Aluísio para seus trabalhos de conclusão de curso, e reúnem o material no livro “Na Teia da Mídia”.

    Salvador relacionou a história com o caso da Escola Base, em São Paulo, outro erro da imprensa que trouxe sérias consequências para uma família, enquanto o também advogado Marco aborda mais o dano moral. “São dois olhares que casaram”, resume o jurista.

    O desejo de recontar os últimos dez anos de Aluísio é antigo.

    Ainda em 2000, quando os Plocharski enfrentavam o preconceito mesmo depois de o jardineiro ser inocentado, a mãe Marli veio pedir ajuda a Salvador. “Na época eu trabalhava como assessor de um vereador, então ela me procurou para ver se eu tinha como fazer esse contato”, relembra.

    “A família estava arrasada, sem emprego, então eles não tinha recursos nem para comprar comida.”

    Desde aquele encontro, Salvador manteve uma relação próxima com os Plocharski e prometeu, um dia, relatar o fato num livro.

    Marco acompanhou o processo movido contra a emissora de televisão [REDE GLOBO] e o jornal [ANotícia do GRUPO RBS] – as duas empresas e o Estado foram condenadas a indenizar Aluísio, mas recorreram da decisão.
    [O Processo tramita há 14 anos e ainda não foi proferida a decisão de Segunda Instância no TJ-SC].

    “Quando estive na casa deles percebi como ainda desviam o olhar, como o caso os deixou muito inseguros mesmo eles sabendo da inocência”, diz.

    “Na Teia da Mídia” é dividido em três partes.

    A primeira aborda a história de Aluísio desde aquele 5 de novembro de 2000, quando o retrato falado foi apresentado na televisão, os dias em que o jardineiro teve de comprovar sua inocência mais de uma vez e a tentativa de retomar a vida depois do ocorrido quando, enfim, o verdadeiro maníaco da bicicleta foi detido.

    A segunda parte aborda o dano moral, enquanto a última faz um estudo de recepção midiática, “de como a pessoa se sente ao ser condenada pela mídia”, como ressalta Salvador.

    Apesar da abordagem, os autores dizem que duas questões continuam em aberto:
    afinal, como a foto de Aluísio foi parar na delegacia e por que a partir dessa foi elaborado um retrato falado?

    Para Salvador, havia uma série de motivos que levaram a polícia e a mídia a se precipitarem e condenarem um inocente.

    “Na época havia a necessidade de se dar uma resposta política, de mostrar como a cidade era segura e como a polícia agiu rápido para resolver o caso”, avalia.

    (http://ndonline.com.br/joinville/plural/21863-livro-aborda-os-abusos-da-midia-no-caso-do-maniaco-da-bicicleta.html)
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José Fernandes

GLOBO:Manipuladora,tendenciosa,mentirosa e sonegadora… as pessoas precisam acordar desse sono. acordemmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

FrancoAtirador

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Caberia Nota Pública do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé
em Apoio à diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ).

Assim como manifestação expressa dos BlogProgs.
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    FrancoAtirador

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    HÁ ALGO DE PODRE NO REINO DA GLOBOMARCA.

    ATÉ O SRZD ESTÁ BOTANDO A BOCA NO TROMBONE:

    05/08/2014
    Observatório da Imprensa

    Os jornalistas precisam aprender a ouvir

    Por Sidney Rezende*, na edição 810

    Reproduzido do blog do autor, 27/7/2014

    A gigantesca massa humana que foi às ruas reivindicar
    mais qualidade de vida no ano passado
    obrigou-nos a refletir sobre o melhor modelo
    de como levar informação da luta social ao cidadão brasileiro.

    É como se nosso ofício diante daquela fratura exposta tomasse de 7 X 1.
    O impacto dos protestos repercutiu nas mídias local e global.

    Na ocasião, a imprensa foi duramente criticada.
    Talvez um pouco menos que governantes que não conseguiram melhorar os serviços de transporte, saúde, educação e segurança do país. O movimento popular entrou para a história e provavelmente demorará muito tempo a se repetir.

    O reflexo é sentido até hoje.
    Foi um bom momento para transformações. Mas ele foi desperdiçado.

    Esperava-se inovações nas práticas democráticas
    na nossa relação com a sociedade.
    É frustrante constatar que elas não vieram.
    Nem por parte da estrutura política
    e nem pelo modelo de gestão da Comunicação.

    Paralelamente, a “Mídia Ninja” e as ações dos black blocs
    partiram para o confronto e suas ações desencadearam mudanças
    na forma de cobertura de manifestações públicas.
    Principalmente da maneira como os repórteres sempre cobriram estes eventos.
    Ficou perigoso identificar o profissional
    com o veículo de comunicação a que ele pertence.

    Os repórteres foram descobrindo aos poucos,
    e de repente, que ocupar as ruas era muito perigoso.
    Alguns se intimidaram.
    Nosso dever é o oposto.
    Jornalistas têm a obrigação de estar
    justamente onde não se quer que eles estejam.
    Levar a notícia é parte inerente da vida
    de quem jurou se dedicar a este ofício.

    Neste momento, estamos mal parados.
    Nos últimos 15 meses, assistimos impassíveis
    a multiplicação do “Jornalismo Biquíni”,
    aquele que “mostra coisas interessantes,
    mas esconde-se o essencial”.

    O jornalismo tornou-se partido político
    e o jornalista torna-se notícia.
    E ainda pensa que isso é o certo. Não é.

    Antes de tudo isso, já se reclamava
    que a imprensa publicava a acusação sem devida apuração.
    Quantas vezes ouvimos que a denúncia ganha destaque na capa
    e o desmentido é publicado no rodapé da página interna.

    Não é de hoje que nos acusam de destruir reputações.
    Tom Wolfe, colega ilustre, já disse isso certa vez:
    “Só existem duas maneiras de fazer carreira em jornalismo.
    Construindo uma boa reputação ou destruindo uma”.

    Um dia, um empresário me disse com toda a educação:
    “Por que quando realizo um evento importante no meu hotel
    vocês não citam o nome do estabelecimento?
    Mas se tiver um incêndio num quarto
    o nome do hotel é estampado na capa em letras garrafais?”.

    Precisamos parar de apontar o dedo em riste
    para quem julgamos ser os culpados.
    Jornalista não prende, não realiza inquérito, não julga.
    Jornalista deve informar tudo o que é pertinente ao fato.

    Não existe neutralidade, e, sim, isenção.

    Notícia não tem somente dois lados, e, sim, vários.
    Em alguns casos, incontáveis.

    Jornalista está se achando mais importante do que ele é. E, com esta falsa convicção, estamos sendo conduzidos para o cadafalso.

    Esta longa introdução é para chegarmos até uma conclusão simples:
    nós, jornalistas, não gostamos de ouvir.
    Não sabemos ouvir. Não aceitamos críticas.
    Somos arrogantes mesmo que não pensemos isso de nós.
    Talvez porque sejamos tão ludibriados, enganados por fontes maldosas
    e presos a horários perversos, que já partamos do princípio que estamos certos.

    Por não termos paciência com o outro,
    mesmo que este “outro” seja a fonte que alimenta nosso “produto”,
    estamos multiplicando este “ebola da arrogância”
    para as novas gerações de profissionais.

    E o grave é que os meninos que estão chegando
    são filhos de uma escola deficiente,
    com má formação cultural, educacional e intelectual.

    E, o mais grave, essa turma diz detestar política.
    Arrisco dizer que a maioria sequer sabe a diferença
    do que faz um deputado para um senador.

    Nas redações, nossos templos de trabalho, os jornais de papel e as revistas raramente são abertos. Nada é lido.
    Os garotos dizem que esse hábito é para idoso.

    O aparelho de TV fica ligado num só canal.
    Por isso se tem uma visão única.

    Neymar disse que jogadores brasileiros têm preguiça de treinar.
    Jornalistas têm preguiça de ler.
    O rádio, veículo sempre atual, é algo alheio à “cultura” da nova geração.

    Mas será que os focas não se informam pela internet? Falso.
    A esmagadora maioria prefere trabalhar no ar condicionado,
    não circular onde está a notícia, não andar pelas ruas,
    não conversar pessoalmente com o povo.
    Se pudessem escolher a opção, seria navegar nas redes sociais.
    Os jovens curtem basicamente o que circula no Facebook.

    O compromisso primário da profissão:
    “Para quem trabalho? Para que serve meu ofício?
    Dedicação máxima para levar informação para quem não tem,
    ser útil aos pobres” são utopias.

    Na verdade, estamos caminhando para algo parecido
    com o que fez o mocinho de o “Planeta dos Macacos”.
    Seu laboratório gerou uma nova espécie de símio.

    O problema de não sabermos ouvir as ruas
    está nos empurrando para o descrédito.

    A imprensa surtou.

    Ao mesmo tempo que se chama ativistas sociais de vândalos,
    também é permitido chamá-los de jovens. Depende da ocasião.
    O pêndulo vai para um lado ou para outro conforme interesse específico.

    As redações que outrora abrigavam o pluralismo da sociedade
    hoje são redutos da velha direita.
    Aqueles que fizeram 1964 podem se orgulhar.
    Seus filhotes cresceram, ganharam musculatura.
    A direita venceu.

    Vamos ouvir mais a opinião pública e menos a publicada,
    antes que seja tarde.

    *Sidney Rezende é apresentador do “Brasil TV”, da Rede Globo,
    e âncora de telejornais da GloboNews. Foi um dos fundadores da CBN.

    (http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed810_os_jornalistas_precisam_aprender_a_ouvir)
    (http://migre.me/kSvrq)
    .
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C.Paoliello

Nada a ver com a matéria acima, mas é preciso alertar as pessoas, caso os fabricantes da vacina contra o vírus H1N1 façam novo lobby a favor da vacina, como em 2010, já existem comprovações científicas no mundo inteiro sobre as complicações neurológicas decorrentes da vacinação contra o H1N1:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2014000700496&lng=en&nrm=iso

Alertas como este foram feitos em 2010 mas ainda não havia uma quantidade considerável de publicações científicas provando o risco que representa esta vacina. Agora há.

Luís Carlos

Os manifestantes até podem ter errado e se excedido, como alega a nota, porém, pergunto: nesse momento que o sindicato é atacado pelo patronato e suas rábulas, onde estão os jornalistas que foram acolhidos pelo sindicato para denunciarem agressões? Defendem o sindicato, entidade deles, ou ficam em silêncio quando a entidade que os acolheu e defendeu é atacada e ameaçada pelos patrões? Por acaso dentre esses jornalistas não estão os da Globo?
Se bem me recordo, havia uma jornalista na reunião referida, no sindicato, falando e com câmera filmando. Não era ela da Globo? Falta o sindicato dar nomes aos bois, além dos patrões, os “colegas” deles.

Urbano

A propósito, será que o portal está me sacaneando? Senhora Presidenta, Lei de Meios ou o fascismo imperará ainda mais, muito mais.

Leo V

Parei ler onde fala em “covardes agressões” de “pseudo manifestantes”.

Por pressão de levar um foto ou imagem pra redação os jornalistas na ocasião descumpriram acordo feito com advogado dos manifestantes, e avançara para cima quando Elisa Quadros deixou o presídio, impedindo sua locomoção. Não era pseudo manifestantes, a menos que fossem também pseudo jornalistas da mesma forma.

Não estava no local mas não discordo que a atitude dos manifestantes talvez pudesse ter sido outra. Mas também é compreensível a reação que tiveram diante do avanço dos jornalistas, em defender a locomoção e privacidade de quem já havia sido achincalhada por essa mesma mídia.

É ruim quando trabalhadores lutam contra trabalhadores. É preciso que os dois lados compreendam a situação, e pelo visto não foi algo que ocorreu nem de um lado e nem do outro.

    Luís Carlos

    Fora de pauta.
    Aécio diz que médicos cubanos “tem prazo de validade de 3 anos”, segundo matēria do Brasil 247. Ou seja, quer acabar com Mais Médicos.

    Leo V

    Mas essa é a questão: o melhor cabo eleitoral do PT virou o PSDB. É o “se eles voltarem será pior”. A mesma política do medo que um dia foi da Regina Duarte, um dia foi dizer que se Lula fosse eleito em 1989 ia colocar um sem-teto em cada apartamento da classe média.

    Não há nada, absolutamente nada de progressista nem na candidatura do Aécio, nem da Dilma (e por certo também não no Campos, é claro).

    Votar no Chirac para Le Pen não ser eleito até pode fazer sentido, mas isso só mostra como as eleições viraram uma grande vala onde já não há mais política, no sentido um pouco mais profundo da palavra.

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