Golpe: Plano para afastar Dilma já contaria com 348 votos

Tempo de leitura: 3 min

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Plano para afastar Dilma está em curso; 348 deputados já apoiam processo de impeachment

julho 15, 2015

Por Andrea Jubé, Valor Econômico, via Escrevinhador

Enquanto a presidente Dilma Rousseff se empenha em preservar o mandato, um plano de ação para afastá-la do cargo avança no Congresso Nacional. A articulação pressupõe a rejeição das contas de seu governo no Tribunal de Contas da União, que o Palácio do Planalto dá como favas contadas.

Uma lista com um placar estimado da admissibilidade do impeachment circula em um grupo restrito de deputados. A expectativa de recondução dentro de 60 dias do procurador-geral da República, Rodrigo Janot –- que conduz as investigações da Lava-Jato –, potencializa o ambiente de tensão. Portanto, setembro é o marco determinante para os rumos da crise política: se reflui, ou agrava-se.

“Se Dilma reconduzir Janot, “comprará mais briga com a Casa”, disse ao Valor um político com 20 anos de parlamento. O procurador-geral ganhou a antipatia dos parlamentares depois de abrir inquéritos e oferecer denúncias contra 49 políticos, incluindo 13 senadores, 22 deputados, ex-ministros e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB. O rol de investigados contempla parlamentares de todas os matizes, do PT, PMDB, PP, PSB, PTB e até PSDB.

Há um roteiro e um calendário traçados entre partidários do impeachment. O primeiro passo é o julgamento das “pedaladas” fiscais no TCU, previsto para os dias 5 ou 12 de agosto. Em seguida, há novos protestos de rua contra o governo convocados nas redes sociais para 16 de agosto. Na segunda quinzena de agosto, o parecer sobre as contas chega ao Congresso. No dia 17 de setembro, termina o mandato de Janot e o novo procurador-geral é anunciado.

Como fator de tensão paralelo, avança no Tribunal Superior Eleitoral a ação para impugnar a chapa Dilma-Michel Temer por suposto abuso de poder econômico, proposta pelo PSDB. Um ministro do núcleo político admite que o governo teme a decisão do TCU, mas considera frágeis os indícios da investigação eleitoral.

Quem percorreu os corredores da Câmara e do Senado na última semana notou que o “impeachment” era tema de nove entre dez rodas de conversas. Duas empresas de comunicação faziam pesquisas com os deputados sobre o “sim” ou “não” ao afastamento da mandatária.

A lista que circula em um grupo reservado de deputados da base e da oposição contabiliza de 348 a 353 votos favoráveis à abertura do processo, tendo como base o parecer do TCU recomendando a rejeição das contas. Informalmente, este parecer foi batizado de “a Fiat Elba de Dilma”, em alusão à peça-chave que deflagrou o processo contra o então presidente Fernando Collor em 1992. Pela Constituição Federal, são necessários 342 votos (dois terços) para que o processo seja instaurado na Câmara e depois enviado ao Senado, responsável pela votação final.

Mas veteranos do parlamento alertam que há espaço para negociação. “Dilma está no fio da navalha, mas pagamos um preço alto por isso no passado”, disse um líder aliado sobre a deposição de Collor.

Há um longo ritual a se percorrer antes mesmo da abertura do processo de impeachment na Câmara. Antes o parecer do TCU tem de ser votado na Comissão Mista de Orçamento, e depois no plenário das duas Casas. A comissão mista não aprecia as contas de um governo desde 2002. O colegiado pode seguir a ordem cronológica e começar pela apreciação das contas dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, antes de alcançar 2014. Enquanto isso, Dilma ganha tempo para ampliar o diálogo com os aliados, que estão indóceis por causa do congelamento das emendas parlamentares e a demora na nomeação dos cargos.

O Valor apurou que o clima é de serenidade e prudência entre deputados experientes das bancadas do PDT, PSB, PTB e PSD, que compõem a base aliada. Uma liderança do PSB disse ao Valor que a bancada considera o impedimento uma saída drástica.

Num cálculo rápido, esse pessebista contabiliza pelo menos 180 deputados contrários ao processo.

Há defensores do impeachment no PMDB que está dividido – já que suas principais lideranças são alvo de inquéritos na Lava-Jato –, mas, em contrapartida, há defecções na oposição.

No PSDB, deputados ligados ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, potencial candidato à sucessão presidencial, preferem confrontar uma presidente combalida a um novo mandatário revigorado.

Por ora, o Planalto escalou os ministros da Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, e do Planejamento, Nelson Barbosa, para explicarem a legalidade das “pedaladas” aos congressistas em audiências públicas e aos ministros do Tribunal de Contas da União.

Simultaneamente, ministros indicados pelos partidos têm visitado o Congresso para conversar com suas bancadas e tentar desfazer as tensões e o clima de radicalização.

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Comentários

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Eduardo

Se o Brasil tivesse possuído em seu passado político uma quantidade maior de homens de caráter como a presidenta Dilma, o país hoje seria outro! Nossa crise não é política! Nossa crise é de homens de caráter! Pobre do país que possui tamanha quantidade de homens com traços de índole ruim, que valorizam o mau-caráter e que se tornam políticos como no Brasil!

    Urbano

    Parabéns, Eduardo! Você foi ao âmago da verdade.

Sidnei Brito

” O rol de investigados contempla parlamentares de todas os matizes, do PT, PMDB, PP, PSB, PTB e até PSDB.”
Oh, até PSDB!
Como assim, “até PSDB”?
O que o jornalista quis dizer com “até PSDB”? Teria sido no sentido “até os anjinhos do PSDB”?
Ou será que ele quis dizer que o cara foi tão corajoso (ousado?), que incluiu gente do inimputável PSDB no meio?
De qualquer forma, é esquisito.

    joseh_rio

    Teria sido um ato falho? ou jornalista não tem disso não?

cesar

Dilma tem mais é que reconduzir Janot.
Deixa esse congresso vetar, se tiver coragem

Pereira

Vamos tocar fogo em Brasília, só isso, coxinha vai ver um inferno.

FrancoAtirador

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“O despudor, aliás, é o que melhor define o tom das articulações
entre líderes do PSDB e do PMDB sobre as ‘saídas políticas’.
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Cassação via TSE?
Impeachment a partir do TCU?
Parlamentarismo com Cunha?
Temer ou novas eleições?
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Tudo isso abertamente nos jornais e, ao que parece,
em conexão com ministros de tribunais superiores,
numa perigosa escalada de judicialização da política.
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Numa palavra, o nome destas articulações é GOLPISMO.
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Primeiro se constroem as saídas, depois buscam-se os argumentos que podem legitimá-las.
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Nenhum golpe se deu sem argumentos e muitos deles pretenderam-se constitucionais.
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Não deixaram de ser golpes por isso.”
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Por Guilherme Boulos, no Outra Palavras
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(http://outraspalavras.net/brasil/boulos-a-preparacao-do-golpe-e-o-governo-bestificado)
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Julio Silveira

Essa contabilidade inclui seu “ministro” da justiça, ou ele entra na contabilidade do voto útil?

Sérgio Rodrigues

Se tentarem isso, aposto que as Forças Armadas ficam ao lado da Constituição e da comandante em chefe!…

Francisco

Esse balão esvazia e vira NADA se Dilma vir à TV e… falar.

Se vão bater panela ou não, problema da panela.

Panela não vota.

Se ela disser em cadeia nacional, pelo tempo que achar necessário e quantas vezes achar necessário, que esta sendo achacada para Cunha não ir para a cadeia, o jogo muda. Muda totalmente.

    Elza

    Concordo Francisco, o pessoal pensa q a Dilma é bobinha. A Dilma dar corda e depois puxa e aí ela vai descobrindo c quem pode contar.
    Em 2016, ela governará c mais tranquilidade, porém até o final de 2015, ainda terá muito mimimi.

    Todo mal que essa gente deseja pra Dilma, se virará contra eles. Dilma é uma pessoa de mta Luz e ela terminará mt bem o seu mandato e ficará na história, por ter sido a 1ª Presidente mulher do Brasil, um País racista e cheio de fascistas, usurpadores e falando bem menos venceu a todos.

Urbano

Trezentos e quarenta e oito bandidos e/ou panacas nesse ardil??? Mais parece uma câmara de gás nazi-fascista de setenta anos passados…

Luiz

PODEM ATÉ TIRAR DILMA DO PODER, MAS ISSO VAI CUSTAR CARO, VAI TER SANGUE NA RUA. CUNHA E SEUS FACÍNORAS VÃO PAGAR MUITO CARO. ESSES CANALHAS ESTÃO BRINCANDO COM FOGO. ONDE ANDA O AÉCIO DE FURNAS? NINGUÉM FALA NESSE MOLEQUE ANDA BRINCANDO COM A DEMOCRACIA E QUE NÃO FOI CRIADO PARA SER SÉRIO? O BRASIL VIVE UM DE SEUS PIORES MOMENTOS. SE TIRAREM DILMA DO PODER, PODE APOSTAR, VAI MORRER MUITA GENTE NA RUA.

    Chuck

    Luiz, falei isso hoje no facebook. Eles estão brincando com fogo. Se tirarem a Dilma vai ter guerra civil, vai haver mortes e o Brasil vai entrar em colapso. Vai vir os EUA para “ajeitar a casa” e vão tomar posse de nossas riquezas! Na época do Collor ele já contava com a antipatia de parte considerável da população, dos meios de comunicação, dos congressistas! Já a Dilma só é odiada pelos coxinhas, pelos demotucanos, pelo eduardo cunha e pelo kim cataguri! A aceitação dela é muito mais ampla! A briga vai ser feia!

    Evandro

    Exatamente, esse cenário está se desenhando… e podem contar comigo porque estarei lá no front de batalha, o Brasil não vai cair nas mãos desses fascistas.

FrancoAtirador

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A Manchete do Jornal [Nenhum] Valor* é Mentirosa e Letal.
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Parlamentares Articuladores do Golpe não têm essa Maioria.
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É uma Intimidação para evitar a Recondução de Janot à PGR
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e convencer deputados e senadores, que têm o rabo preso,
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de que podem melar a Lava-Jato no STF com esse tal Impíxi.
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A Mídia-Empresa Fascista já montou um Factóide Similar a esse
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quando da votação casuística no Congresso que aprovou a PEC
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que elevou para 75 anos a Idade da Aposentadoria Compulsória
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para manter os Membros ‘AntiBolivarianos’ nos Tribunais Superiores.
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    FrancoAtirador

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    *[Nenhum] VALOR = GLOBO + FOLHA
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