Indicação de general pró-ditadura para comandar a Funai é repudiada: “Afronta” aos direitos indígenas

Tempo de leitura: 6 min

GeneralPeternelli

Bomba da vez: General pró-ditadura pode comandar Funai no governo Temer e motiva protestos

 do PT na Câmara 

A conta do golpe estoura de forma cada vez mais forte e devastadora sobre os direitos sociais e os movimentos sociais organizados.

A bomba da vez é a indicação do nome general da reserva Roberto Peternelli para o cargo de presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai).

A indicação é do PSC – partido do líder do governo golpista na Câmara, deputado André Moura (SE).

Peternelli, que foi candidato a deputado federal nas últimas eleições pelo PSC, tem um perfil de extrema direita, faz apologia da Ditadura Militar em sua rede social e se autodeclara um anticomunista.

“É a explicitação clara do fisiologismo pragmático para pagar a conta do golpe. Indicar um general que não tem familiaridade alguma com o tema indigenista só porque o PSC ganhou o poder de mando em um órgão federal representa um verdadeiro escárnio, um deboche”, protesta o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

O parlamentar chama a atenção para o retrocesso que estará concretizado caso o nome do general da reserva seja confirmado para o cargo.

“O Brasil, pelas mãos desse governo golpista, estará recuperando o pior período da Funai, que foi justamente quando o órgão foi militarizado durante a Ditadura Militar, desenvolvendo uma política opressiva, anti-indigenista, que retirou direitos e que usou a força para impedir o processo de demarcação”, recorda.

Pimenta acrescenta ainda que tal indicação caminha na contramão de tudo o que se construiu nos últimos anos e de tudo o que se pretende implementar para fazer evoluir a política de defesa dos povos indígenas.

“Certamente, isso terá forte repercussão fora do País, pois todo o mundo acompanha as questões indigenistas brasileiras”.

O tema motivou o Fórum Nacional de Direitos Humanos pela Democracia, reunido na Câmara dos Deputados na quarta-feira (30), a lançar uma nota de repúdio à indicação de Peternelli para a Funai.

“A indicação de um militar golpista para tão importante função no sistema de proteção e promoção dos direitos humanos é um desatino e uma afronta”, dizem os integrantes do Fórum no documento. Essa indicação é um ataque aos povos indígenas do Brasil, que há séculos esperam a reparação pelo genocídio contra eles movido pelo Estado brasileiro, é a união do autoritarismo militar com o fundamentalismo religioso no estratégico espaço da Funai, constituído para a defesa de seus direitos. Os reais dilemas da Funai, que reclamam seu fortalecimento institucional, orçamentário e profissional, não serão contemplados com esta indicação fisiológica”.

A Funai é o órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, criada pela Lei 5.371/67, vinculada ao Ministério da Justiça.

É a coordenadora e principal executora da política indigenista do governo federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil.

Cabe à Funai desenvolver estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as terras indígenas. A Funai também coordena e implementa as políticas de proteção aos povo isolados e recém-contatados.

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A Comissão Nacional da Verdade estimou que pelo menos 8.350 indígenas tenham sido mortos durante o regime por agentes governamentais ou sua omissão
Um general na Funai: mais um ataque aos direitos indígenas

A indicação do militar Roberto Peternelli, que não tem ligação alguma com a questão indígena e faz apologia do regime militar nas redes sociais, revive uma cruel história de tutela baseada na violência.

Publicado em 01/07/2016, 14:55

do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) 

A escalada da ofensiva contra os povos indígenas no Congresso Nacional poderá ganhar um reforço temeroso nos próximos dias, com a indicação de um general da reserva para a presidência da Funai. Mais um choque contra direitos arregimentado pelo governo interino de Michel Temer.

No currículo de Roberto Peternelli, cota do PSC e sua bancada evangélica, nenhuma linha sequer sobre qualquer compromisso ou conhecimento em relação à questão indígena. Em contrapartida, não faltam manifestações suas em redes sociais a favor de golpes – o de 1964 como o dia em que o Brasil se livrou do comunismo, e o de agora. Os paralelismos entre os dois golpes se reforçam dia a dia.

A possível nomeação de mais um general para a Funai reinaugura o controle do órgão nas mãos dos militares e revive uma história cruel de tutela baseada na violência, de tratamento da questão indígena como uma questão de segurança nacional e como um obstáculo ao que se diz desenvolvimento.

O passado que nos assombra, ou deveria nos assombrar, da ditadura e da Funai comandada por seus generais e coronéis, está recheada de exemplos de fazer embrulhar o estômago e nos envergonhar como nação.

A indicação do general Peternelli para a presidência da Funai foi criticada e rejeitada por lideranças indígenas e representantes de organizações da sociedade civil ligadas ao movimento indígena.

Para Cleber Buzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a simples sugestão do nome do general representa um retrocesso, e ele prevê reação por parte dos povos indígenas. “Consideramos que essa eventual nomeação mostra a insensibilidade do governo golpista do Temer com a questão indígena, e é uma demonstração inequívoca de que o governo retroagiria na ação do Estado brasileiro com os povos indígenas.”

Para Marcela Vecchione, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade do Pará (NAEA-UFPA), o general Peternelli pertence a um tempo institucional que reiterou, em armas e atos, o racismo estruturante de Estado, ao perpetrar o genocídio e o etnocídio de vários povos e pessoas indígenas. Isto, segundo a pesquisadora, baseado no discurso da soberania e segurança nacional.

“Uma realidade brutal, direta e institucional, que não precisou nem da licença poética dos grandes projetos, pois a suspensão da própria humanidade dos indígenas era uma das formas de manifestar a ausência e a negação de democracia também no sentido de outras políticas de existência. É de uma violência desmedida tal nomeação depois da divulgação dos relatórios da Comissão Nacional da Verdade”, afirma Marcela.

Iara Pietricovsky, antropóloga e do Comitê Gestor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), considera ultrajante a indicação de um general para o comando da Funai. “É mais uma mancha para a história da luta dos indígenas no Brasil. Um general não é a solução, nunca foi, nunca será.”

O Fórum Nacional Direitos Humanos pela Democracia e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil divulgaram notas repudiando a indicação de um militar para comandar a Funai, que está sem presidente desde o início de junho, quando o ex-senador João Pedro Gonçalves (PT) foi exonerado pelo governo interino.

Ao fato simbólico da indicação de um general para cuidar da Funai, somam-se outros atos do Poder Executivo em exercício que compõem um quadro claro de golpe aos direitos indígenas.

1) A Medida Provisória 731, ao acabar com os cargos em comissão, os chamados DAS, colocando em seu lugar as Funções Comissionadas do Poder Executivo a serem exercidas por servidores de carreira, desestrutura radicalmente a Funai que têm um peso importante da sua capacidade humana garantida por profissionais com DAS sem vinculação. Isto, também, porque a realização de concursos públicos para este órgão, entre outros, foi sistematicamente preterida por sucessivas administrações;

2) A Medida Provisória 727, ao obrigar os órgãos que são acionados pelo Ibama para conceder licenças e permissões para viabilizar projetos de infraestrutura a toque de caixa, obrigará uma Funai totalmente desestruturada na sua capacidade institucional e comandada por um general a emitir pareceres favoráveis a empreendimentos que potencialmente causaram ainda mais massacres e violações aos direitos indígenas;

3) A estas medidas mais estruturais adiciona-se o congelamento por 90 dias das despesas do Ministério da Justiça (exceção para gastos com olimpíada, política e folha de pagamento) realizado por meio da Portaria No 611, o que afeta diretamente o trabalho da instituição em especial no atendimento às demandas das comunidades indígenas.

No plano das articulações entre o governo interino e o Congresso é preciso lembrar da aliança com os ruralistas que exigiram como principal moeda de negociação para apoiar o golpe o apoio para aprovação da PEC 215.

O quadro se completa, por fim, com a CPI da Funai, que contra todas as provas e depoimentos em contrário, contará com votos suficientes dos ruralistas e seus aliados, entre eles os deputados do PSC do general Peternelli, para aprovar um relatório que, ao que tudo indica, promoverá mais um espetáculo de horrores criminalizando e indiciando mais de 100 pessoas entre lideranças indígenas, quilombolas e antropólogos.

Leia também:

Greenwald: A fraude do impeachment de Dilma e as evidências da enorme corrupção de Temer


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Comentários

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FrancoAtirador

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Pindorama:
305 Etnias e 274 Línguas.
Estudo Revela Riqueza Cultural
Entre Povos Nativos do Brasil

http://ow.ly/HHCU301UcOu
Há Mais Indígenas em São Paulo
do que no Pará ou no Maranhão.

https://t.co/TqcamdSNsb
https://twitter.com/geledes/status/749957270319005696
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Bacellar

Eis um dos problemas centrais do golpismo; altas cabeças, do alto de suas torres de marfim, traçam altíssimos planos de futuro. Dão início ao movimento com verbas, ordens e diretrizes. Porém a realidade complexa e intrincada de um sistema que envolve 200 milhões de pessoas e 8 milhões de Km², milhares de núcleos de poder e séculos de história agem como uma espécie de telefone sem fio. A frase original chega ao final ininteligível. “abram os portos” vira “assem os porcos”…

O plano do golpe (se bem me lembro FH foi o primeiro a ventilar publicamente a tese de necessidade de “impeachment”) foi seguindo de atropelo em atropelo, remendo em remendo, interesse imediato em interesse imediato, até se transformar nesse troço que está aí. Com Cunha, PSC, Moraes, Serra, NSA, Jucá, Gilmar, MBL, Carecas do ABC, Michelzinho, Ademar, facebook, Juma, Meirelles, Mises, Mussolini, pirarucu e Gal.2022…

Por isso creio que a única estratégia realmente viável na contemporaneidade que pode ser aplicada a partir de um núcleo para um sistema complexo a contento é a da desestabilização. Todas as outras atingirão alvos diferentes dos originais. Quem estivesse interessado em nos desestabilizar e transformar uma potencia em potencial (desculpem) num jabuticabal está conseguindo. Quem acreditou numa restauração neoliberal funcional está se…Digamos…Dando mal. Cui prodest? Meditemo-lo…

Esse militar na Funai é algo assim como um amish na Ciência e Tecnologia. Uma jabuticaba. Pode ser mais uma bomba de fumaça, instalar o problema para apresentar a solução…Funciona assim: Bote um racista notório na SEPPIR, deixe os movimentos de igualdade racial se ocuparem pontualmente desse pepino para mais a frente rifar o tal racista. Os movimentos saem com uma sensação de conquista, enquanto isso entrega-se o Pré-sal.

Ou também tal jabuticaba pode ser simples fruto do caos institucional causado pelo fator exposto no primeiro parágrafo. Pois subestimar a incompetência dos golpistas é sempre mal negócio.

Azenha disse muito bem recentemente; A hora é das frentes amplas. Eu acrescento; e da pauta unificada. Barrar o golpe. Não esperemos o desenlace no Senado.

FrancoAtirador

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Desordem e Retrocesso: A Caminho do Século XVII
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Putz! Não Vai Sobrar um Índio para Contar a História.
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O Ministro SkinHead Paulista da Injustiça e da Porrada

nomeou um General Expedicionário de Apresamento

para fazer Bandeirismo de Preação no Interior do País.
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http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/band_apres.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Entradas_e_bandeiras#Bandeirismo_de_Prea.C3.A7.C3.A3o_.28de_captura.2C_aprisionamento.29
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    FrancoAtirador

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    São Paulo foi o Grande Centro Irradiador de Mercenários Armados
    que, no Século 17, Devassaram, aos Bandos, o Território Brasileiro.
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    Na Realidade, o Termo ‘Bandeiras’ – no Sentido Histórico –
    só veio a ser Utilizado no Século 18, em Documentos Oficiais,
    para designar os Deslocamentos para o Interior do Território
    de Grupos de Indivíduos, geralmente ‘Mamelucos’ Contratados,
    que nos Séculos 16 e 17 partiam da Zona Litorânea, sobretudo
    da então Capitania de São Vicente (no atual Estado de São Paulo),
    inicialmente para a Captura de ‘Índios’ que seriam Escravizados,
    depois para a Detecção de Jazidas de Minérios (Metais e Pedras)
    e, por fim, para a Perseguição e Extermínio dos Escravos Rebeldes.
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    Assim, os Movimentos ‘Bandeirantes’ foram Basicamente Paulistas,
    e no Período dos Primeiros 3 Séculos foram Divididos em 3 Etapas:
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    1ª Fase: A CAÇA AO ÍNDIO [O Bandeirismo de Preação]
    No começo, os Bandeirantes capturavam ‘Índios’ para serem Escravizados.
    Invadiam as tribos e levavam os indígenas acorrentados até os locais de Leilão,
    onde eram Vendidos aos Senhores de Engenho e Fazendeiros dos Canaviais.
    No Período do Bandeirantismo de Aprisionamento, Mais de 300.000 Nativos
    – então chamados “Negros da Terra” – foram Escravizados por Latifundiários.
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    2ª Fase: A PREDAÇÃO DO TERRITÓRIO [A Mineração e o Extermínio]
    Quando a Escravidão dos Índios passou a ser Oficialmente Proibida na Colônia
    – a não ser em Casos Especiais como a Auto-Escravidão do Índio que se vendia –
    os Bandeirantes mudaram de Ramo de Negócio, passando a devassar as terras,
    eliminando os Nativos, em busca de Jazidas de Ouro, Prata e Pedras Preciosas,
    De 1693 a 1705, os Paulistas se apropriaram das Principais Jazidas de Minas Gerais.
    .
    3ª Fase: O MASSACRE DO POVO NEGRO [A Repressão e o Genocídio]
    Os Bandeirantes eram Contratados para sufocar Rebeliões de Escravos
    e para perseguir e recapturar ou matar os Negros e os Índios Fugitivos.
    O Quilombo dos Palmares foi Destruído por um Bando de Bandeirantes.
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    FrancoAtirador

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    A Mitologia da “Raça Especial Paulista”
    e da “Sociedade Bandeirante” no País

    A Questão Fundamental é que a Narrativa Histórica Distorcida
    ao Longo dos Séculos, no Brasil, fez com que até os dias de hoje
    a Maioria da População do Estado de São Paulo – e Alhures do Sul –
    continue a acreditar no “Mito da Sociedade Bandeirante” que gira
    em Torno dos Bandeirantes, Figuras ainda Presentes no Imaginário Popular, como Fundadores da Grandiosidade do Território Nacional,
    Mitologia que foi Defendida por historiadores como Afonso de Taunay.

    Essa Construção Mitológica do Bandeirante Consistiu na Formulação
    da Presunção da ‘Superioridade Racial Branca’ Derivada da Existência
    de uma População Majoritariamente de Origem Europeia (‘Mestiça Clara’)
    que lhe garantiria um Caráter Peculiar Natural na sua Organização Social,
    que, pela Miscigenação ‘Filtrada’, criou uma “Raça Especial”: O Paulista.

    http://www.klepsidra.net/klepsidra5/caminhos.doc
    http://www.historiadobrasil.net/resumos/entradas_bandeiras.htm
    http://www.expedicoesbandeirantes.com.br/arquivos/eb_artigos15.doc
    http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2013/03/os-bandeirantes.html
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Julio Silveira

Quem despreza a democracia lá vai se preocupar preocupar com povo indígena. Esses caras defecam para o povo, e pior recebem ainda cobertura. O Brasil cada vez mais decadente está desçenfo a ladeira da moral internacional, está fadado a ser eterno quintal por conta desses auto denominado grandes, que o povo vê de lupa.

Schell

Esse imbecil de pijamas devia, sim, estar preso, mesmo que fosse, apenas, pela apologia ao golpismo. É um disparate que esse temer escarrado-vivandeira aceite a sua indicação: haja traição ao povo brasileiro.

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