Coronel Lima: De amigo de longa data a homem de recados do MT

Tempo de leitura: 4 min

E tudo começou com uma briga de casal…

Da Redação

Em junho de 2016 o Viomundo, na Galeria dos Hipócritas, disse que as doações eleitorais de Michel Temer, registradas no site do TSE, levavam a dois destinos: o Rio Grande do Sul, onde estão alguns dos maiores apoiadores do usurpador, dentre os quais o ministro Eliseu Padilha, e o porto de Santos, de onde saiu o dinheiro que financiou a carreira política de Temer.

O primeiro rolo de Temer no porto veio à luz por causa de uma separação litigiosa.

Érika Santos, ao se separar de Marcelo de Azeredo, então presidente da Companhia Docas de Santos, a Codesp — indicado por Temer — deu uma busca no computador do companheiro e extraiu algumas planilhas.

Nelas, havia um certo MT, destinatário de 50% das propinas pagas pelo Grupo Libra para obter a concessão de terminais considerados o filé mignon do porto. Os outros 50%, de acordo com o documento, eram divididos entre Marcelo e um certo coronel Lima.

Hoje sabemos tratar-se do coronel reformado da Polícia Militar, João Baptista Lima.

É um amigo de longa data de Temer.

É dono da Argeplan.

A empresa foi fornecedora da PM paulista, inclusive quando Temer exerceu o cargo de secretário de Segurança Pública em São Paulo.

O coronel Lima ainda não era sócio formal da companhia.

Hoje, o homem que se aposentou com cerca de R$ 15 mil mensais é dono de uma fazenda de mais de mil hectares no interior de São Paulo, a Esmeralda.

Comprou um duplex de 446 metros quadrados, com seis garagens, num bairro nobre da capital paulista.

À imprensa, diz que trabalhou muito, especialmente fazendo consultoria, para conquistar seu patrimônio.

Mas ao menos dois delatores da Lava Jato dizem ter pago propina em dinheiro vivo ao coronel.

Neste fim de semana, a revista Veja trouxe dados da quebra do sigilo telefônico do coronel, que foi determinada pelo ministro Luis Roberto Barroso, do STF.

Na agenda do celular, além do próprio Temer, aparecem os dois homens que dizem ter pago propina ao coronel, Joesley Batista e José Antonio Sobrinho, respectivamente da JBS e da Engevix.

Também aparecem os donos da Rodrimar e do Grupo Libra, Celso Grecco e Gonçalo Torrealba, ambos suspeitos de negociatas no porto de Santos.

Nas mensagens do celular, a PF flagrou o coronel Lima atuando como intermediário de Torrealba, para marcar um encontro na secretaria dos Portos, quando o ministro era Edinho Araújo, indicado pelo então vice-presidente Temer.

Torrealba, do Grupo Libra, queria a renovação daquela concessão lá de trás, para a qual Érika Santos chamou a atenção.

Mas, como o Viomundo mostrou, Érika repentinamente desistiu de acionar o ex-companheiro e a ação aberta a partir das denúncias dela teve uma morte lenta nas gavetas da burocracia..

Foi no governo Dilma, com a MP dos Portos, que a renovação antecipada de concessões nos portos foi autorizada.

Mas, com um porém: empresas devedoras, como o Grupo Libra, não poderiam tirar proveito da MP.

Um aliado de Temer, Eduardo Cunha, deu o jeitinho: mudou a MP com uma emenda jabuti, permitindo a renovação de concessões de empresas que estivessem negociando suas dívidas.

Assim, logo depois da reunião agendada pelo coronel Lima, de Torrealba com Edinho, o negócio deslanchou: o Grupo Libra manteve a concessão.

Dilma, mais tarde, demitiria Edinho da secretaria dos Portos, levando o vice a reclamar, naquela famosa carta: E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado, escreveu Temer, no episódio em que, de forma oportunista, rompeu com Dilma já de olho no impeachment, que tramou com Eduardo Cunha.

É pouco provável que a quebra do sigilo bancário dos envolvidos resulte na descoberta de alguma transação suspeita: está claro que nos negócios entre eles o dinheiro viajava em malas.

Mas, as mensagens encontradas no celular do coronel mostram que ele não era apenas o amigo das horas vagas de Temer, mas intermediava negócios, mesmo bem longe do Palácio Jaburu.

Em 12 de agosto de 2015, Lima avisa Torrealba, do Grupo Libra, que o encontro na secretaria dos Portos estava agendado.

Em seguida, informou Temer: “Transmiti o recado”.

Em 3 de setembro, a concessão do Grupo Libra foi renovada até 2035.

Ah, sim, como denunciamos em junho de 2016, nas eleições de 2014 o Grupo Libra havia feito doações a vários candidatos, através de Temer.

Rocha Loures, o homem da mala de Temer, recebeu R$ 100 mil. Elcione Barbalho, outros R$ 100 mil. Ela vem a ser a mãe de Helder Barbalho, que Temer indicou ministro dos Portos para substituir Edinho Araújo — e que hoje é ministro da Integração Nacional.

Seguir o dinheiro nunca falha.

Leia também:

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Comentários

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Eduardo

Ministro Barroso! Vai pra cima do Temer! O Vampirão está fazendo ameaças! O nível dele sempre foi baixo! Ajuda o povo a metê-lo na cadeia, já que Joesley e Janot pisaram na bola! Só falta ter peito! Não deixe esse bandidão te confrontar! Põe na cadeia junto comCarlos Marin e Coronel Lima só pra começar! Esse cara na presidência da república está humilhando e apequenando o STF! Faz alguma coisa, já que Carmem Lúcia é ridícula e frouxa!

FrancoAtirador

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