Consulta Popular: Que o sangue inocente traga comedimento

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Homenagem de fotógrafos e cinegrafistas a Santiago Andrade. Foto: ABr

Nota de Pesar

 da Consulta Popular, via e-mail

A Consulta Popular vem manifestar seus mais sinceros pêsames à familia do cinegrafista Santiago Ilidio Andrade, assassinado no decorrer de uma manifestação pública no Rio de Janeiro e sua consternação à sociedade brasileira.

A espiral de violência originada da repressão ao direito de manifestação vem engolfando seguidamente forças populares que cedem às provocações e geram, elas próprias, novos estímulos ao descontrole.

Que o sangue inocente derramado possa trazer comedimento onde a objetividade política não foi capaz.

Consulta Popular, 10 de Fevereiro de 2014

PS do Viomundo: Consulta Popular é um partido político de esquerda, que surgiu no final da década de 1990. Está empenhado na construção do plebiscito popular pela Constituinte Exclusiva para a Reforma Política.

Leia também:

O assassinato de Santiago no Rio e a injustiça contra Marcelo Freixo


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Comentários

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Luís Carlos

Gerada pela “repressão ao direito de manifestação”? Teve Fórum Social Mundial poucos dias atrás em Porto Alegre. Houve alguma “repressão ao direito de manifestação”? Houve depredação? Violência dos participantes? Não. Também não houve mortos e feridos.
Quem leva rojão para manifestação quer o que? Quem usa rojão em meio à massa, espera o que?
Talvez fosse oportuna apuração de informações que circulam por redes sociais de envolvimentos de pessoas de universidades do RJ nessas situações de violência onde estão Black Blocs. Observar atentamente movimentação de carros e pessoas durante manifestações, bem como, envolvimento de partidos políticos em atos de depredações.

ANDRE

gente, o pig esta incitando a violência, sera que eles não percebem que as próximas vitimas podem ser eles, abaixo brilhante artigo:
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/02/11/venicio-e-o-cinismo-na-teve/
Venício e o
cinismo na tevê

De quem é a culpa por esse justiciamento de um espaço público ? – PHA

O Conversa Afiada tem o imenso prazer de republicar antológico artigo do professor Venício Lima, do Observatório da Imprensa (não deixe de ler também sobre “hipocrisia” e “a resposta dos black blocs ao editorial do jn”):

A alteridade cínica da grande mídia

Por Venício A. de Lima

A Rede Globo de Televisão recomendou a seus jornalistas, inclusive os que trabalham em suas 122 (cento e vinte e duas) emissoras afiliadas, “que a Copa e a seleção brasileira são uma paixão nacional, mas que irregularidades deverão ser denunciadas e ‘pautas positivas’ deverão ser evitadas, a não ser que ‘surjam naturalmente’. Reportagens que mostram como a Copa está beneficiando grupos de pessoas, como os comerciantes vizinhos a estádios, já não estão sendo produzidas para o Jornal Nacional” (ver aqui, e aqui a resposta da Globo).

No telejornal SBT Brasil, a âncora fez aberta apologia de “justiceiros” vingadores que espancaram, despiram e acorrentaram pelo pescoço um suspeito adolescente, de 15 anos, a um poste no Flamengo, no Rio de Janeiro.

A recomendação da Globo e a posição defendida no SBT – concessionárias do serviço público de radiodifusão – teriam alguma relação com o aumento da violência urbana?

Mídia e violência

Em artigo recente, neste Observatório, comentei a “pauta negativa” do jornalismo regional em Brasília que chamei de “jornalimso do vale de lágrimas” (ver “O ‘vale de lágrimas’ é aqui“).

O que me traz de volta ao tema é, especificamente, a alteridade cínica do jornalismo do vale de lágrimas na cobertura da violência urbana. Esse tipo de jornalismo “faz de conta” de que a mídia não tem qualquer responsabilidade em relação ao que ocorre na sociedade brasileira. Ela seria apenas uma observadora privilegiada cumprindo o seu papel de tornar pública a violência e cobrar mais policiamento dos governos local e federal – como se a solução da violência fosse um problema apenas de mais ou menos policiamento.

Por várias vezes tratei dessa alteridade cínica neste Observatório, sobretudo em função das evidências acumuladas ao longo de anos de pesquisa em vários países que relacionam a violência ao conteúdo da programação da mídia, sobretudo da televisão (ver “A violência urbana e os donos da mídia“, “A responsabilidade dos donos da grande mídia“, “As lições do caso Santo André“, “A liberdade de comunicação não é absoluta“, “A mídia e a banalização da violência“ e “A lógica implacável da mercadoria“).

Ainda na década de 1990, em palestra que fez na Universidade de Brasília, Jo Groebel – professor da Universidade de Utrecht, na Holanda, e representante da Sociedade Internacional de Pesquisa sobre Agressão nas Nações Unidas – não deixou dúvidas sobre a existência de uma relação entre a predominância da violência na programação da televisão e a tendência para a agressividade de jovens e adultos. Baseado em mais de 20 anos de pesquisa ele afirmou que a televisão “faz com que as pessoas pensem que a violência é normal” e que “quanto mais desigual a estrutura da sociedade maior o impacto da violência mostrada na TV”.

Nos Estados Unidos, os “National Television Violence Studies”, financiados pela National Cable Television Association (NCTA), também realizados nos anos 1990 por um pool de grandes universidades – Califórnia, Carolina do Norte, Texas e Wisconsin –, confirmaram as conclusões de Groebel e geraram uma série de recomendações sobre o conteúdo da programação para a indústria de entretenimento.

Em 2008, foram divulgados os primeiros resultados de uma longa pesquisa realizada por professores da Rutgers University, nos EUA, que vincula violência na mídia e agressividade em jovens. No estudo, foram entrevistados 820 adolescentes do estado de Michigan. Destes, 430 eram alunos do ensino médio de comunidades rurais, suburbanas e urbanas. Outros 390 eram delinquentes juvenis detidos em instituições municipais e estaduais, distribuídos equilibradamente entre os sexos masculino e feminino. Pais ou guardiões de 720 deles também foram entrevistados, assim como os professores ou funcionários que lidavam com 717 dos jovens.

A pesquisa revelou que mesmo considerando outros fatores como talento acadêmico, exposição à violência na comunidade ou problemas emocionais, a “preferência por mídia violenta na infância e adolescência contribuiu significativamente para a previsão de violência e agressão em geral”. E conclui: “você é o que assiste”, quando se trata da população jovem (ver aqui).

Certamente outras pesquisas atualizam e confirmam esses resultados, além de incluir também o cinema e os videogames, estes últimos um fenômeno mais recente.

Será que a presença maciça da violência na programação de entretenimento da mídia eletrônica e da televisão brasileira (aberta e paga), em especial, não é um dos fatores que contribui para o aumento da violência urbana?

A mídia e a Constituição

Um dos artigos não regulamentados da Constituição de 1988, o 221, reza:

A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Será que praticando o jornalismo do vale de lágrimas, excluindo a pauta positiva e defendendo os “justiceiros” vingadores, a grande mídia brasileira está cumprindo a Constituição de 1988?

A quem cabe a fiscalização dos contratos de concessão desse serviço público?

Com a palavra o Ministério Público e o Ministério das Comunicações.

***

Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador/autor, com Juarez Guimarães, de Liberdade de Expressão: as várias faces de um desafio (Paulus, 2013), entre outros livros

Carlos Elísio

Discordo deste parágrafo:
“A espiral de violência originada da repressão ao direito de manifestação vem engolfando seguidamente forças populares que cedem às provocações e geram, elas próprias, novos estímulos ao descontrole.”
Não é o que tenho visto aqui no RJ.
A violência sempre começou com os grupos “anarquistas”, conforme se intitulam. Aliás, os primeiros “anarquistas” totalmente financiados e amparados por um exercito de Advogados, Médicos, etc… Que anarquia!!!rs.
Quebram estabelecimentos, querem obrigar as pessoas a serem idiotas iguais a eles não pagandp passagens, danificando bens e se revoltam quando voce se nega. SÃO BANDIDOS E, AGORA, ASSASSINOS.
Perfeito o texto do JB: “Precisam ser identificados auqueles que escondem suas digitais atrás das mãos do povo.” E, complemento, rápido. Pois, certamente, NÃO É PELOS R$ 0,30, NÃO É MESMO!

Rosane Rodrigues

A liberdade de imprensa deve ser respeitada.O direito à manifestação é legítimo e faz parte de uma democracia,mas vandalismo é crime.Matar é crime!!O culpado de lançar o rojão deve ser preso nas próximas horas,mas que seja também investigada a co-autoria intelectual desse crime.Falo de quem incita à violência e financia grupos que destroem patrimônio público e privado, tentam cercear a liberdade de imprensa e o ir e vir da população.Não falo só de políticos,mas também de muitos professores.Como exemplo, eu cito a ex-diretora da ECO-UFRJ, a professora Ivana Bentes, que ao defender o vandalismo, só demonstra de maneira clara, o despreparo e um total falta de senso de responsabilidade.Não só com alunos, futuros jornalistas,mas com a população em geral!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Bacellar

E teve gente achando que criticavamos os protestos violentos por chatisse…

    Leo V

    Se você ler a nota novamente vai perceber que está clara a posição de que violenta é a polícia, não o protesto. Critica-se é não saber lidar com a violência policial e cair numa atitude politicamente ingênua ou inconsequente, por uma parte de manifestantes.

Lucas G.

faltou adicionar que se trata do braço urbano-estudantil do MST.

    Luís Carlos

    Poderias ser mais claro, por favor?

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