Brasil nem tem equipe, mas ministro de Temer vai a Mundial de Ciclismo com oito assessores

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ESPORTE

“Trem da alegria” para Mundial de Ciclismo custará R$ 108 mil a ministério

Ministro Leonardo Picciani, fã da modalidade, acompanhará competição que não terá atletas brasileiros

Braitner Moreira, Correio Braziliense, 07/10/2016

O Ministério do Esporte enviará ao Catar, na semana que vem, oito servidores e o ministro, Leonardo Picciani, para acompanhar o Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada. O custo da excursão ao Oriente Médio para os cofres públicos será de, ao menos, R$ 108 mil. O valor é destinado a pagamento de diárias e passagens.

É a primeira vez que uma delegação brasileira estará no Mundial da modalidade, disputado anualmente. A presença inédita ocorre na gestão de um ministro conhecido pela paixão pelo ciclismo. Picciani tem uma carteirinha da Confederação Brasileira de Ciclismo e, nos tempos de deputado federal, publicava em redes sociais fotos nas quais era visto pedalando.

Curiosamente, o Brasil não terá competidores nas elites masculina e feminina do Mundial de Doha porque eles dependem do desempenho na temporada. O país contaria com três vagas na categoria sub-23, mas ninguém participará. Também havia um convite para a contrarrelógio, mas a equipe Funvic Soul Carrefour — única profissional da América do Sul — decidiu não ir, dando preferência a outra competição, na China.

A delegação que acompanha o ministro terá a presença de três assessores especiais, um consultor jurídico, a coordenadora-geral de cerimonial, o chefe de gabinete do ministro, o chefe da assessoria de assuntos internacionais e o Secretário Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, Leandro Cruz. Seis servidores ficarão no Catar de terça-feira a domingo. Dois desembarcam lá na quinta-feira.

Os integrantes da delegação que chegam na quinta estarão, antes, na reunião da Agência Mundial Antidoping (Wada), em Montreal, no Canadá. Depois da passagem pelo Catar, o grupo vai para o Japão, onde acompanhará o Fórum Mundial de Esporte e Cultura e o Grand Slam de Jiu-Jítsu. Coincidentemente, o ministro é faixa preta na arte marcial. A saída de Tóquio está programada para 25 de outubro.

As autorizações para afastamento do país e pagamento de diárias e passagens foram publicadas em quatro edições do Diário Oficial da União, entre 30 de setembro e 5 de outubro. Os valores foram tomados com o dólar cotado a R$ 3,23 e se baseiam no Decreto nº 6.576/2008, que regulamenta os direitos de servidores federais em missão no exterior.

Rombo fiscal

O Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada é organizado desde 1921. Não há registro de que uma delegação oficial brasileira tenha acompanhado alguma edição até hoje. Além disso, é primeira vez que o Ministério do Esporte autoriza viagens a Doha nesta década, segundo o histórico registrado no Diário Oficial da União — o órgão não enviou representantes, por exemplo, ao Mundial de Handebol Masculino, no ano passado.

O “batismo” se dá num momento delicado. O governo prevê um rombo fiscal de R$ 170 bilhões em 2016, de R$ 139 bilhões para o ano que vem e de R$ 79 bilhões para 2018. Por causa desse cenário, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não descartou o aumento de impostos.

A resposta

Questionado pelo Correio a respeito do interesse do Ministério do Esporte em enviar uma delegação ao Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada, o órgão respondeu, por meio de assessoria de imprensa, que, depois da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, “o Brasil se tornou referência às nações que têm de cumprir essas missões nos próximos anos”.

Ainda segundo a nota, o ministro Leonardo Picciani terá, em Doha, “encontros bilaterais para cooperação técnica e troca de experiências na organização da Copa do Mundo”, pois o Catar sediará o Mundial de 2022. “Ainda em Doha, o ministro terá encontro com o presidente da União Ciclística Internacional, Brian Cookson. O objetivo é garantir a utilização do Velódromo Olímpico, erguido no Rio de Janeiro, em competições internacionais de ciclismo de pista”, prosseguiu.

Na quarta-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, Picciani citou o exemplo britânico ao falar da necessidade de se aproveitarem as instalações dos Jogos do Rio. “A Grã-Bretanha, que ficou atrás da gente no quadro de medalhas em 1996, e agora foi segunda colocada, criou centros específicos de treinamento. Tinha resultados muito baixos no ciclismo e, a partir do velódromo de Manchester, virou a maior potência da modalidade”, argumentou.

Os oito servidores escalados para acompanhar a viagem “participarão das discussões e farão assessoria técnica ao ministro para celebração de acordos e parcerias”, de acordo com a nota do Ministério do Esporte.

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Comentários

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Luiz Carlos P. Oliveira

Vou mais longe : VIVA A PUTARIA.
Caras de pau. É a “austeridade” dos golpistas. Aproveitem e levem os coxinhas e deixem eles por lá. Arrumarão trabalho limpando o banheiro dos sheiks. Para isso eles devem servir (acho), já que são servientes dos golpistas.

Marcelo Gaúcho

E as panelas mudas…

    Luiz

    E as vendas das camisas da CBF em queda…

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