Tucano flagrado com dinheiro vivo é assessor da presidência da Cetesb

Tempo de leitura: 5 min

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por Conceição Lemes

Em 2 de outubro, o Viomundo denunciou: PF detém em Congonhas assessor de ex-secretário tucano com R$ 102 mil em dinheiro vivo e 16 cheques em branco assinados.

O assessor é Mario Welber, jornalista e suplente de vereador em São José do Rio Preto (PSDB-SP). O ex-secretário tucano é o deputado estadual Bruno Covas, eleito deputado federal  em 5 de outubro.

Em 7 de outubro, o Globo noticia: PF de Brasília faz apreensão em avião que transportava dinheiro suspeito.

Poucas horas depois dá, em manchete garrafal, que o detido no jatinho era da campanha do PT em MG, mas não fala nada de Welber.

O caso Welber só vai aparecer em o Globo e nos portais no dia 9 de outubro.

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Dois pesos e duas medidas, como sempre.

1. Embora a detenção de Welber tenha ocorrido em 27 de setembro e em 2 de outubro o Viomundo e o Estadão (este, como “vacina”) tenham revelado o caso, o Globo só o “descobriu” no dia 9.

2. O assessor de Bruno Covas é brindado com o título de “apoiador”.  Welber trabalhou como repórter da TV Tem, a retransmissora da Globo em  São José do Rio Preto

3. A apreensão do dinheiro vivo e dos cheques assinados em branco foi antes de 5 de outubro. Portanto, seriam utilizados na eleição. O que configuraria crime crime eleitoral. Já o do petista foi após a eleição.

A Folha de 9 de outubro parece que combinou a edição da matéria de Welber com o Globo.

Na capa, Welber é apresentado no título como “aliado”, na página interna como “colaborador” de Bruno Covas.

A Folha deu espaço claramente desigual para dois casos idênticos: apreensão de dinheiro vivo de origem duvidosa. Vejam as imagens.

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Cinco dos sete parágrafos são dedicados à defesa de Welber.

A Folha não diz que os cheques apreendidos com Welber estavam em branco, mas que eram assinados pelo contador da candidatura de Bruno Covas a deputado federal.

A Folha não fala dos cargos ocupados por Welber, nem da proximidade dele com tucanos de alta plumagem.

Parágrafo final da “denúncia” da Folha: “A assessoria acrescenta que o colaborador estava na capital para ‘compromissos particulares’ e, a pedido do contador da campanha, levou os cheques ao coordenador. Todo e qualquer cheque emitido por campanha é regular”.

É bastante inverossímel que um “colaborador” de campanha tenha vindo a São Paulo resolver um problema particular e, na volta, portando 102 mil reais em dinheiro, tenha sido usado como portador de 16 cheques oficiais, não lhes parece?

Agora vejam como termina a reportagem da Folha sobre os ‘colaboradores’ da campanha de Fernando Pimentel e os pilotos do jatinho em que viajaram: “Os cinco homens levados a prestar esclarecimentos foram liberados na noite de terça. Nenhum foi localizado para comentar o caso”.

É a Folha em campanha para livrar os tucanos de possível crime eleitoral.

WELBER, EXEMPLO TÍPICO DO APARELHAMENTO TUCANO NA MÁQUINA PÚBLICA

Welber não é um assessor qualquer. É o chamado pau para toda obra de Bruno Covas, segundo fontes de Rio Preto e da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Aonde Bruno vai, Welber se ajeita atrás. É o exemplo típico do aparelhamento que os tucanos fazem da máquina pública e do qual acusam o PT.

A trajetória de Welber ilustra isso.

Em 30 de setembro de 2009, Welber foi nomeado como agente de segurança parlamentar na Alesp.

Daí até 31 de dezembro de 2010 ficou lotado no gabinete de Bruno Covas.

Em 1º de janeiro de 2011, Bruno Covas assumiu a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Welber foi junto.

“De 3 de  fevereiro de 2011 a 7 de julho de 2011 ele respondia como assessor administrativo da CETESB (pediu demissão)”, diz, por e-mail, a assessora de imprensa de Bruno Covas, em resposta ao questionamento feito pelo Viomundo.

Atualmente, trabalha na Cetesb, como o Viomundo divulgou em primeira mão.

“De 11 de janeiro de 2013 a 31 de julho de 2014 — assessor administrativo da CETESB (quando pediu licença sem vencimentos)”, acrescenta a assessora de de Bruno Covas.

Welber, que se afastou para fazer a campanha de Bruno Covas, tinha até dia 10 para solicitar ou não a renovação do afastamento por, no  máximo, o mesmo período.

Só que Welber não é assessor administrativo, como informou a assessora de imprensa  de Bruno Covas.

Welber é assessor técnico I da Cetesb. Não tem uma subordinação direta. Está ligado à presidência. Faz o que quer no campo.  Salário: R$ 9.546,00

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—  Welber retornou ao trabalho no dia 10?

Eu, Conceição Lemes, também tive essa curiosidade.

Nessa quarta-feira 14, enviei e-mail à Cetesb e à assessora de imprensa de Bruno Covas, perguntando sobre o retorno de Welber. Nenhuma respondeu

A assessora de imprensa de Bruno Covas chama-se Fabiana de Holanda.

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Agora, pasmem.

A Fabiana de Holanda (nome completo Fabiana Macedo de Holanda), assessora de Bruno Covas, é simplesmente a gerente do Departamento de Comunicação Social da Cetesb. Cruzando os dados nessa madrugada foi que eu descobri.

Salário: R$ 15.326,00.

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Coincidência pegar dois tucanos que trabalham para Bruno Covas e, ao mesmo tempo, na Cetesb? Dupla-função?

Aparentemente, não. Reportagem publicada em 2013 pelo Estadão, que de petista não tem nada, revela que Bruno Covas é chegado no aparelhamento da máquina pública.

A ponto de o presidente  da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani afirmar: “A impressão é que a secretaria foi transformada num comitê eleitoral”.

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E depois os tucanos acusam o PT de aparelhar a máquina pública.

Parafraseando o dito popular quem tem padrinho, não morre pagão, esta reportagem deixa clara outra versão: quem tem padrinho tucano, não morre depenado.

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Comentários

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carlos

Aécio o PSDB, e a familia capone são a mesma coisa, uma vez que só sabem fazer maracutaia, tudo são uma droga.

carlos

Vejam como esse Mario Paulino do tal datafalha, é outro vagabundo,

Alguns colegas pediram para que eu fizesse um post explicando melhor o que me aconteceu hoje, e, analisando todos os pormenores, creio que tenho certa responsabilidade de contar como foi minha experiência sendo entrevista pelo Instituto Datafolha hoje de manhã aqui em Belo Horizonte.
Fui abordada pela entrevistadora na área hospitalar, na Avenida Alfredo Balena, próximo ao Instituto de Educação.
As perguntas foram em geral assim:
1) Grau de interesse nas eleições, grau de informação sobre os candidatos. Se assisti à campanha eleitoral e qual a minha avaliação do desempenho de cada um.
2) Em quem eu voto no segundo turno? Qual o número que vou digitar na urna? Em quem votei no primeiro turno? Quando me decidi? O candidato que escolhi é o que considero ideal?
3) Depois que confirmei minha intenção de voto na Dilma veio um texto super interessante sobre o caso da Petrobrás, explicando em termos genéricos a questão do pagamento de propinas (apenas) para candidatos do PT e do PMDB. Você está bem informada sobre o caso? Acredita que houve pagamento de propinas? (nessa parte, a pergunta foi bem genérica mesmo, e era sim ou não que tinha que responder). Influenciou seu voto? A delação deveria ter sido ou não divulgada no meio da eleição?
4) Lula, FHC e Marina Silva. Influenciam seu voto? Qual seu partido de preferência?
5) Grau de escolaridade, renda familiar, essas coisas…
Obviamente, não consigo me lembrar o texto específico de cada pergunta, mas tentei ser o mais fidedigna possível com relação ao que se passou.
Ao final, a moça que estava me entrevistando, claramente constrangida, me disse que se soubesse que era tão tendencioso assim, ela não teria aceitado o trabalho. Segundo a mesma, quando alguém responde que vota no Aécio não tem indagação nenhuma sobre qualquer escândalo que o envolve, e as perguntas específicas são todas de viés positivo (mas ela não me disse quais são exatamente).
A verdade é que a desde a formulação, até à ordem das peguntas, eu fiquei com uma sensação muito forte de tentativa de constrangimento para com o eleitor da Dilma. E não creio que seja impossível que esse tipo de abordagem influencie nas decisões definitivas de voto, o que poderia, inclusive, explicar o equívoco tão grande das pesquisas do primeiro turno.
EDIT (adicionado às 20;32 do dia 15/10/14): De acordo com informações colhidas no site do TSE, as perguntas relativas ao caso da Petrobras também são feitas ao entrevistado que opta pelo Aécio como candidato ao cargo da Presidência.
Reafirmando meu compromisso ético, divulgo aqui o link com o questionário registrado.
https://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fpesqele.tse.jus.br%2Fpesqele%2Fpublico%2FCarregarArquivoQuestionario.abrir%3Fid%3D28424&h=5AQGX1HWG
Ainda que de forma irresponsável, mas felizmente, a entrevistadora me passou informações erradas (prefiro acreditar que seja assim). Todavia, é possível aí ver o tom das perguntas. Fica a critério pessoal o julgamento sobre o caráter tendencioso das mesmas. Permaneço com a minha sensação de constrangimento.

Eduardo

Bruno Covas,Mônica Serra, Aécio Neves, Eduardo Azeredo,Flávio Maluf, ACM Neto, acrescente outros! O que há de comum entre eles, além de serem filhos ou netos de políticos?

Márcio Gaspar

Se fuçar vai achar muito mais Aspone do PSDB como conselheiro ou aspone em várias instituições governamentais.

marta

Alguém me explica porque a Isto É está pior que a Veja,batendo no PT?
Hoje vi numa banca, em sua primeira página, literalmente atacando o PT, com as histórias da Petrobrás e do delatante. Não vi nada de outros partidos. Olhei bem até, para garantir que não estava enganada. Sem dúvidas. A revistinha que me parecia imparcial, está mostrando as garras.

FrancoAtirador

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A Maior Prova de que as Enquetes dos Prostitutos Globope de Datafrias

Não Possuem o Caráter Precípuo de Informação aos Eleitores do Brasil,

E de que Têm como Objetivo Principal a Especulação Eleitoral & Financeira,

É o Fato de Não Serem Publicadas Integralmente no Dia da Divulgação na Mídia.
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    FrancoAtirador

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    A Extensão de um Golpe Empresarial Midiático-Eleitoral Tucano

    Com Tal Propósito, é Aplicada a Má Intenção do Consórcio de Mídia Tucana G.A.F.E.*

    No que se Refere à Edição e Publicidade Parcial de Depoimentos de Bandidos

    Eventualmente Prestados às Polícias, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
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    .

Tiago M. Bevilaqua

Fico a imaginar se a grande imprensa (ooops)desse esse tratamento a todos. Ai´sim estaríamos bem informados.

maria paula

É lamentável constatar a desigualdade de tratamento dispensada aos políticos de partidos diferentes, por parte de alguns ocupantes da justiça e da mídia. Quando lhes interessam nada veem e nada fazem. Para mim todos são tão corruptos quanto.

MARCOS LIMA

Queria saber se não existe alguma autoridade algum órgão, ou seja, não existe nada que se possa fazer para que estes caras tipo este assessor e o perrella sejam punidos?

O caso do policial civil Lucas, que faz denuncia e está bombando nas redes sociais, também nada acontece?

Uirá Piá-Uaçu Oliveira Deák

Belo texto Conceição. Apenas uma errata. Em determinada passagem você menciona “Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb)”. A CETESB não possui esta denominação desde 2009, conforme pode ser observado nos “prints” utilizados para ilustrar este belíssimo trabalho.

    Conceição Lemes

    Obrigadíssima, vou corrigir já. abs

FrancoAtirador

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Futura Equipe de Governo de AérioNéco,

Bonéco PlayBoy de Papelão de FHC (PSDB):

Uma Irmã (AndreaN), um Tio, Seis Prim@s…

(http://www.viomundo.com.br/denuncias/lista-dos-parentes-de-aecio-que-estavam-governo-em-2006.html)
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FrancoAtirador

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Esse é o PSDB que a gente conhece!
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    Julio Silveira

    E não existe outro.

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