Apeoesp denuncia ocupação da PM e diz que MPF dá cobertura à “escola sem partido” em São Bernardo

Tempo de leitura: 3 min

Nota de repúdio da APEOESP à intervenção de policiais militares na audiência pública sobre direitos humanos na UNIFESP

O episódio ocorrido na sexta-feira, 11 de agosto, no campus da Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (UNFESP), quando dezenas de policiais militares, fardados e à paisana, alguns armados e outros portando cartazes onde se lia “Bolsonaro 2018”, invadiram uma audiência pública convocada pelo Conselho Estadual da Condição Humana, para discutir o texto do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos de São Paulo, mostra a gravidade da conjuntura que estamos vivendo.

Além de intimidarem com sua presença o livre debate de ideias, os policiais fizeram provocações e defenderam a “Revolução de 1964”, propondo que substituída no texto a expressão “Ditadura Militar de 1964”. Também propuseram proibir a discussão de gênero nas escolas.

Com essa atitude intimidatória, querem os policiais e os setores que representam fazer retroceder a proteção aos direitos humanos no estado de São Paulo e no Brasil, mais um retrocesso cuja discussão é propiciada pelo golpe que depôs a legítima Presidenta da República, Dilma Rousseff.

Da mesma forma que o autodenominado movimento “escola sem partido”, a ação destes policiais pretende impedir que as escolas possam realizar o livre debate sobre a realidade do nosso país e formar cidadãos e cidadãs que não aceitem a violência policial e a violação dos direitos da pessoa humana.

Não por acaso, a Polícia Militar de São Paulo é uma das mais violentas do mundo e já matou mais de 5 mil pessoas nos últimos dez anos, de acordo com dados da própria Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Não podemos aceitar! A resposta dos setores democráticos e progressistas da sociedade, das centrais sindicais, entidades, sindicatos, de toda a sociedade civil organizada e do conjunto da população tem que ser firme: mais unidade na luta em defesa da democracia, contra o golpe, contra os retrocessos e em defesa dos direitos dos trabalhadores e da população.

Em nome do magistério paulista, manifestamos o nosso repúdio a esses policiais e toda a nossa solidariedade aos professores, estudantes e técnicos que participaram da audiência pública da UNFESP e a todos os que lutam pelos direitos humanos no Brasil.

Exigimos do comando da PM e do Governo do Estado de São Paulo a rigorosa apuração dos fatos e a punição dos policiais envolvidos.

Escola sem partido ataca em São Bernardo do Campo

A campanha contra o direito constitucional de ensinar e aprender, contra o livre debate de concepções e práticas pedagógicas, a questão de gênero, a liberdade de cátedra, a gestão democrática e os direitos humanos nas escolas públicas vem se desdobrando em outras preocupantes iniciativas.

O Ministério Público Federal intima diretores das Escolas Estaduais Brasilia Tondi e Mario Franciscon, em São Bernardo do Campo, para prestarem esclarecimentos sobre denúncia de autor não identificado (mas que até as pedras sabem que são do movimento fascista Brasil Livre, MBL) de que “Sindicalistas, Psolistas, Petistas e Comunistas”  estariam “Oprimindo, ultrajando, provocando pessoas (nas escolas) que não aceitam sua conduta mentirosa e criminosa” (sic).

É lamentável que o MPF, com tantas condutas realmente criminosas na sociedade, dê guarida a essa tipo de “denúncia” e constranja diretores de escolas para prestar esse tipo de “esclarecimento”.

Sobretudo porque há informações de que o MBL está prestes a propor à Câmara de São Bernado do Campo um projeto de lei para instituir o famigerado programa “escola sem partido” na cidade.

Precisamos de fato nos unir em defesa de democracia, da educação pública e dos nossos direitos. Querem implantar um Estado autoritário no Brasil.

Utilizando-se de denúncias infundadas, mentiras e calúnias, sob o pretexto de uma “escola sem partido”, grupos de direita querem, isto sim, que um único partido mande nas nossas escolas e em toda a sociedade.

Não podemos permitir.

Maria Izabel Azevedo Noronha – Bebel

Presidenta da APEOESP]

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Comentários

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Regina Fe

Não sei onde vamos parar com esse autoritarismo que tem brotado do chão feito erva daninha. Mas talvez a Sociologia possa explicar como a PM, que faz parte do segmento do funcionalismo mal remunerado pelo Estado, esteja cega à sua exploração pela elite econômica e seus prepostos. Basta comparar a remuneração de um PM com um funcionário de gabinete da elite do MP. De similar entre ambos apenas as letras invertidas. Será mesmo que a PM não entende que somente a defesa dos direitos humanos e a autonomia na educação poderão um dia acabar com as distorções no funcionamento do Estado e elevar a consciência de cidadania?

João Lourenço

Então é facismo?E a APEOESP não tem um partido por dar dela?Tomem vergonha na cara e chega de mentira!

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