Angelina Anjos: Vivendo sob uma “demoniocracia”

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A Democracia no Brasil e a Crise das Palavras

por Angelina Anjos, de Belém, especial para o Viomundo

Os governos não governam, parece que governam mas não o fazem, ou pelo menos não governam tanto como seria de esperar, não praticam a representação cidadã para a qual foram alçados. Vivemos o tempo da confusão das palavras, por exemplo, a palavra democracia, está no Aurélio: 1 — Governo do povo; soberania popular. 2 — Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder, ou seja, regime de governo que se caracteriza, em essência, pela liberdade do ato eleitoral.

Apesar do processo eleitoral, através do voto ser um dos principais instrumentos da viabilidade da democracia, na prática, não tem se concretizado num conjunto que reverbere os anseios dos mais pobres.

O Poder, no Brasil, continua sendo exercido por grupos menores, preocupados em não permitir que o povo, em seu conceito substancial, aceda à titularidade plena do seu direito à participação. Sem povo participe e ativo no exercício do Poder não há que se falar em Democracia, nem em soberania popular.

A participação popular é princípio ativo da Democracia; seu imperativo fático; seu pressuposto constitucional. Democracia sem povo igualmente livre, educadamente crítico em sua liberdade e solidariamente atuante em sua condição política é falácia, simulacro demagógico de um ideal mais justo e mais humano.

2017 no Brasil, governo Temer, assume publicamente em entrevista na Band, que a presidenta Dilma Rousseff foi derrubada porque o PT não salvou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), no Conselho de Ética da Casa. Isso é democracia?

A democracia no Brasil está sendo estrangulada, agora o projeto é fazer as honras da casa ao FMI. No relatório “Perspectivas Econômicas Globais” divulgado nesta terça-feira (18/04), o FMI aponta que a melhora da situação do Brasil é fruto de “uma menor incerteza política, a distensão da política monetária e o avanço do programa de reforma”.

Segundo a chefe da Divisão de Estudos Econômicos Mundiais do FMI, Oya Celsun (Turquia), reconheceu que as investigações sobre corrupção no Brasil produzem um clima de incerteza política. Mas ela ressaltou que o governo tem reafirmado a intenção de seguir com as reformas estruturais, como a da Previdência.

O golpe político-jurídico-midiático solapa a democracia no Brasil. O poder econômico fez saber ao poder político que a situação não lhe convinha, que emprego estável e para a vida, por muito bom que fosse para os brasileiros, ia contra os seus interesses, que precisa ter mão livres para aumentar os lucros, sem estar preocupado com o modelo de cada empresa, e portanto, deram o golpe no Brasil.

A turma de Eduardo Cunha continua a liderar o atentado à democracia, a reforma trabalhista que não é reforma, é o retorno da escravidão e do subemprego. Tudo isso arregimentado pelo poder da grande mídia que ao longo de cinquenta anos anestesia a consciência nacional, do pleno emprego para a situação atual de emprego precário e/ou amargor do desemprego, num processo absolutamente golpista e sem que a maioria da população se desse conta.

O Brasil tem 13,5 milhões de pessoas desocupadas e teve alta de 11,7%, ou seja, mais de 1,4 milhão de pessoas quando comparada ao trimestre encerrado em novembro de 2016. Na comparação com igual trimestre de 2016, a alta foi de 3,2 milhões no número de desempregados no País, informou o IBGE.

A classe média que havia ascendido apoiou o golpe e parou de bater panelas. É urgente a recomposição das palavras, dos comportamentos, dos significados. É ordem dos nossos dias que a democracia seja restabelecida, onde aquilo que nos disseram ser utopia, seja a única tarefa do dia de amanhã, porque talvez ainda estejamos vivos e então, sim, podemos fazer ou cumprir o que necessitamos hoje.

A luta pelo #ForaTemer e a não reeleição dos políticos que apoiaram o golpe. Adia-lo e adiá-lo no tempo não creio que valha a pena.

A pauta para a sociedade brasileira é a mobilização social exigindo #DiretasJá, educar através do aprendizado da cidadania. Intervir por dentro da sociedade, ou então, dar a todo esse sistema que se realiza contra os mais pobres o nome que realmente tem: plutocracia. E a plutocracia é o governo dos ricos. Alguém dirá que isso não é verdade, que não somos governados pelos ricos, mas certamente reconhecerá que também não somos governados pelos pobres, e que, aos pobres, governar vai-lhes custar mais trabalho. Como tudo. Fora Temer! Diretas Já!

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