Aldemario: Entenda como será o golpe sinistro de Temer na aposentadoria dos servidores

Tempo de leitura: 3 min

ADAMASTOR, O SERVIDOR “PRIVILEGIADO”

por Aldemario Araujo Castro*

Outrora, num país distante, bem distante, o jovem Adamastor de Oliveira Neto ingressou no serviço público, depois de concorrido concurso, ocupando o cargo de Analista do Tesouro Nacional.

Naquela ocasião, uma das maiores preocupações de Adamastor envolvia sua velhice e a aposentadoria.

O indigitado servidor público ouviu, no órgão de pessoal de sua repartição, uma longa preleção acerca do regime previdenciário aplicável aos servidores públicos.

Por cautela, Adamastor pesquisou cuidadosamente a legislação de regência das aposentadorias e constatou que as informações prestadas estavam corretas.

Ele ouviu e leu basicamente o seguinte:

a) não teria fundo de garantia pelo tempo de serviço (como ocorria com os trabalhadores do setor privado);

b) contribuiria mensalmente para a previdência dos servidores públicos com 11% do total de sua remuneração e

c) quando da aposentadoria, depois de 35 anos de contribuição, receberia como proventos o valor integral de sua remuneração.

Na primeira década como servidor, Adamastor recebeu mensalmente a remuneração de 10 mil réis.

Nesse período, sua contribuição previdenciária foi de 1.100 réis mensais.

Na segunda década de serviço, a remuneração passou a ser de 12 mil réis e a contribuição previdenciária mensal de 1.320 réis.

Em treze dos últimos quinze anos de trabalho, a remuneração foi de 15 mil réis e a contribuição previdenciária mensal de 1.650 réis.

Adamastor, durante 33 anos, nunca se preocupou com previdência privada ou formação de um “pé de meia” (uma reserva financeira para a aposentadoria).

Afinal, por conta das características de seu regime de aposentadoria, essas preocupações não faziam o menor sentido.

Aos 30 anos de serviço, Adamastor testemunhou uma radical mudança no regime previdenciário dos servidores públicos.

A partir daquele momento, os novos servidores não mais contribuiriam sobre a totalidade da remuneração.

A nova regra estabelecia contribuição sobre o teto do regime geral aplicável aos trabalhadores do setor privado e benefício com esse teto.

Assim, um novo colega de Adamastor, recém-chegado ao serviço público, com remuneração de 12 mil réis, contribuía com 440 réis para uma aposentadoria de 4.000 réis (e não, uma contribuição de 1.320 réis para uma aposentadoria de 12 mil réis).

Esse novo regramento atingia os novos servidores.

A situação de Adamastor permanecia a mesma (em termos de valor da contribuição e valor da aposentadoria).

Adamastor permaneceu sem preocupações em relação à sua aposentadoria.

Quando restavam dois anos para a aposentadoria, depois de 33 anos de serviço e de contribuições sobre o total de sua remuneração, foi implementada uma nova reforma previdenciária.

O governo de então, a grande mídia e os mais vistosos integrantes do “mercado” conseguiram fazer vingar a ideia da igualdade total e imediata, para todos, dos regimes previdenciários.

Assim, todos os trabalhadores (do setor privado e do setor público) passariam a receber o teto do regime geral de previdência.

No caso de Adamastor, embora sua última remuneração fosse de 15 mil réis e sua contribuição previdenciária de 1.650 réis por mês, a aposentadoria seria paga no valor de 5.530 réis.

Os protestos de Adamastor foram ignorados.

Os argumentos de irrazoabilidade e injustiça não foram considerados.

O velho servidor tentou o apelo extremo num requerimento administrativo que chegou as mãos do então todo-poderoso Ministro das Finanças.

Afirmou Adamastor: “Lá atrás, quando da minha posse, deveria ter sido dito que receberia como aposentado o limite de pagamento do regime geral dos trabalhadores do setor privado. Assim, sem direito ao fundo de garantia por tempo de serviço e sem receber de volta as contribuições ‘excedentes’, teria adotado cautelas de formar uma reserva para esse momento, poupando ou recorrendo à previdência privada. Agora, depois de 33 anos de serviço e contribuições pelo valor integral de minha remuneração ao longo do tempo, não tenho como ‘correr atrás do prejuízo’ ”.

O apelo de Adamastor foi solenemente ignorado, até mesmo pelo pomposo Ministro das Finanças (um banqueiro com aposentadoria farta e fundos milionários em alguns paraísos fiscais).

Afinal, o velho servidor público tentava ser, ou continuar sendo, o que de pior podia existir naquela estranha quadra: um maldito privilegiado.

*Advogado, mestre em Direito, Procurador da Fazenda Nacional, Professor da Universidade Católica de Brasília

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Comentários

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Jota Santos

O Adamastor tem o perfil (patamar salarial do funcionalismo) dos batedores de panela, se for deve se fuder de verde-amarelo.
Pelos comentários aqui percebe-se que as pessoas acham que todo servidor público ganha tubos de dinheiro, desconhecem as penúrias e falta de reconhecimento (remuneração adequada), principalmente, dos cargos mas baixos da saúde e educação.
Obviamente é falha de caráter ou de instrução formal, ou a mistura dos dois, somado a estumação midiática e atuação como MAV (facilmente detectável, principalmente nas matérias contra medidas que o atual governo ainda quer implantar).

Leonardo

Eu acho que gente que ganha tanto nem deveria ter direito a aposentadoria…. se um rapaz ali ganha acima de 10 mil, e é incapaz de fazer um pé de meia…. no mercado financeiro.. tem mais é que morrer mesmo!!!

Servidores publicos são imprestaveis a vida toda.

Querem continuar sendo imprestaveis só que aposentados?

Pelo amor de deus né..

    Celso Nogueira Neto

    Que foi, Leonardo…? Mamãe mandou pra cama sem o Nescau…?

    O invejômetro aqui está marcando que vc tentou concurso público três vezes e não conseguiu nada…

    Thiago

    Acho engraçado que algumas pessoas tenha esse ráciocinio irracional de subdesenvolvido. Esse são os raciocínios dos que foram protestar pelo o impeachment da Dilma, se preocupa com um cara que ralou para passar em um concurso e tem um salário merecido, contribuiu com a previdência pagando o valor integral e vem um mané julgar que ele é privilegiado por que a maioria da população ganha um salário mínimo e por isso ele deveria ser rebaixado a um salário mínimo injustamente. Enquanto isso os políticos que querem essa divisão da população tão lá cheio de verdadeiro privilégios, ganhando uma aposentadoria milionária sem nunciação ter trabalhado.

    Leonardo

    auhauha

    eu acho engraçado vcs falarem “ralou pra passar num concurso” kkk

    é uma droga de uma prova… nao existe nada de ralar, é uma porcaria de uma prova… nao tem mérito nenhum…

    por fim, respondendo ao amigo ali

    Nunca fiz concurso, nem tenho vontade… me sentiria mal, vivendo com dinheiro de impostos da população…. não sou um parasita..

    Sempre trabalhei na iniciativa privada… e sempre em paralelo, estudei o mercado financeiro desde os 15 anos….. exatamente pra não parasitar ninguém… como os famosos funcionarios publicos… cujo mérito é ter feito uma prova kkkkk

    que mérito kkkk

    Desculpa amigos… a verdade é que vcs são só parasitas que fizeram uma prova… nada demais… e não existe mérito algum, nao romantize.

Lukaku

Bate panela que tudo melhora. Bem feito. E tem mais: não entrem nessa de previdência privada que é um grande 171. Qtos fundos de pensão pública já foram a bancarrota recentemente ?
A culpada de tudo é a pobre da faxineira que não aceita fazer faxina para ganhar 20 reais. Ela que recebe sua pseudobolsa família que é a culpada de tudo. Essa faxineiro deveria trabalhar por amor a faxina e de graça.
É só tirar a Dilma e o PT que tudo melhora. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tomamos …

    Jose

    Não está ruim só para quem tirou a dilma. Está ruim também para vcs que votaram no temer, ou seja ruim para todos.

Viviane

Impressionante como vários vêm criticar sem ter lido o texto…

Rosana

O FGTS foi criado para substituir a estabilidade que existia para os funcionários Celetistas, adquirida após alguns anos de trabalho na mesma empresa. Mas aí, surgiu a velha desculpa (o FGTS foi criado nos anos 60) que era preciso facilitar a renovação da mão de obra. Então substituíram a estabilidade pelo FGTS.
Por este motivo, funcionário público tem estabilidade e quem não é tem FGTS.

Rosana

Eu contribuía para um fundo de pensão até passar no concurso público. Então, confiei que o governo fosse leal, mantendo as regras pelas quais fui contratada. Resgatei o fundo e paguei parte de um financiamento que eu tinha.
Agora, faltando menos de dois anos pra me aposentar, não é possível recuperar o tempo perdido, participando de um novo fundo. Se pelo menos devolvessem o que pagamos, muito além do que se cobra de quem não é servidor público, já melhoraria um pouco.
Pagar mensalmente 11% sobre o salário bruto, sem limite de desconto, e depois sofrer uma deslealdade como essa, não é fácil.

Pedro

Parabéns Adelmário,

Seu texto está perfeito. Contextualiza bem a situação dos servidores públicos, em especial os mais antigos, que estão sendo roubados pelos ladrões.

Querem reduzir ao teto, tudo bem, devolvam tudo que cobraram a mais, cobrando apenas o que seria cobrado da iniciativa privada e devolvendo a diferença.

Querem tirar a estabilidade, tudo bem, recolham o FGTS por todo nosso tempo de serviço, assim como os da iniciativa privada.

Vê-se diversos comentários uns de apoio e outros contra os servidores, o que é normal.

O que não é certo querer que o servidor seja equiparado a iniciativa privada e pague mais que um trabalhador comum, para se aposentar mais tarde.

Mais é isso mesmo, num país em que:
A) Muitos poderosos são milionários ou bilionários, tendo sido apenas políticos;
B) Muitos empresários são corruptores;
C) Boa parte da população é massa de manobra da propaganda dos verdadeiros “donos do país “.

ESPERA-SE O QUÊ????

Jailson

É mole, o governo federal quer nos comparar com países de primeiro mundo para reforma da previdência, só que nos países de primeiro mundo, as coisas funcionam, ao invés da qui, onde funciona é a corrupção na política, onde o próprio presidente é o exemplo

Doni santos

Adoro quando dizem que funcionário público vai se ferrar, pois são um bando de inúteis,que na realidade não querem trabalhar isto não é de hoje, quanto a este vampiro dos anos 50, que o tal de temer, tanto faz ele ou outro não vejo melhora,são todos falsos políticos, que não pensam no país e sim em si próprio.

    leonardo-pe

    mais 1 amante desta imunda imprensa brasileira. falou tanta bobagem que não dá nem para tirar algo de positivo. com certeza é mais 1 que acha a globo”perseguida”pelos”esquerdopatas”. comentário infeliz.

    Thiago

    Gente como você é que faz o Brasil ser um país pior a cada dia, obrigado estimado coxinhas seguidor do pato amarelo. A panelas pelo visto ainda não está incomodando aí em baixo né…

Vitorio Santos

Estava ruim com a Dilma,agora sofram as consequencias do coronel Temer e aliados.

Perci

Também sou um Adamastor, servidor público a 28 anos.Trabalhava concomitante em mais duas empresas particulares a 20 anos.Contribui nos três empregos para aposentadoria. E antes de ser servidora pública fui trabalhadora rural desde a mais tenra infância. E agora não terei direito nem de aposentar dignamente .Durante 20 anos dormi muito pouco pois precisava corre de um emprego para outro .

    Lukas

    Você é Adamastor, não Aldemario.

Carros silva

Tem que acabar com os previlegios dos trabalhadores públicos ,servidores , exércitos Deputados com aposentadoria altíssima sem ter contribuído com o INSS porque só o pobre tem que contribuír .E agora eles com muito dinheiro pago pelo pobre?Suas Viboras?

    Professora

    Muita gente crítica os servidores públicos, sem saber o que exatamente somos e passamos em nossa jornada de trabalho. Sou professora,que trabalha o mês todo e no final do mês tem salário e 13° parcelado, aquela que apanha de pais e alunos, com jornada de 40 semanais pra poder ter uma vida digna, que leva trabalho da escola pra casa, etc… que vai em psicólogo e psiquiatria pra aguentar a pressão e opressão de todos. E vem um bando de políticos corruptos falar mal??? E pessoas desinformadas tb!!!! Por favor, olhem se no espelho antes de julgar o outro!!!

    Thiago

    Engraçado vê pessoas falando de servidores sem conhecer relmente o sistema, vcs acham mesmo que a previdência dos servidores é uma graça do governo? Vcs acham mesmo que o servidor não contribuem totalmente em cima de seus vencimentos? Vc é o tipo de pessoa que protestou pela a saída da Dilma pq a Mídia incentivou, vc é o tipo manada de boi, que defende absurdos sem conhecimento nenhum e gente como vc deveria ser exilados, pq isso faz mal para o país, e foi assim que o Temer surrupiou a presidência.

Bettina

A falta de conhecimento e o ódio cego geram muita injustiça. Cada situação é diferente. De fato, a grande massa dos servidores, técnicos, analistas, auxiliares, recebem um fixo de por volta de 3 ou 4 mil mais diversos penduricalhos sobre os quais PAGARAM A VIDA TODA contribuição mas não vão receber na aposentadoria. Todo esse valor, não será ressarcido. A verdade é que, às vésperas de se aposentar, mudar as regras, retira desses trabalhadores o direito a programar uma aposentadoria digna. Ficarão só no teto, em que pese contribuírem 30 anos ou mais muito além disso. Injusto, imoral, ilegal. A campanha de difamação dos servidores como causa do rombo é piada …. Antes disso há má gestão, corrupção, privilégios, etc.

    Rachel

    Betina esses caras que vem com tudo para difamar são gente do MBL e são pagos pelo governo para insuflar ódio contra funcionários públicos a pauta dessa gente é privatizar tudo, inclusive a Educação. Observe se criticam se os militares e o pessoal do Judiciário enfrentarão essas reformas? Gente paga para pegar pesado.

Jorge Silva

O governo agora usa o servidor público como bode expiatório de tudo que não presta, tentando demonizar a categoria, como de privilegiados. Os servidores se aposentam mais tarde que o pessoal da iniciativa privada, pra se tornar um servidor público o cidadão tem que passaram numa peneira de um concurso público, concorrendo com milhares de candidatos, gasta rios de dinheiro com cursinhos, paga mais previdência, precisa da estabilidade pra não ser corrompido e ameaçado por políticos corruptos.

Juvenal

Eu queria ver vcs sobreviver com um salário mínimo e ainda estão chorando com o que vocês ganham tô torcendo que está reforma seja feita para acabar com estes privilégios que vocês servidores públicos tem

    leonardo-pe

    típico alienado pela imprensa. mais 1 que se assume amante desta imunda imprensa brasileira.

José Angelo rabelo

A pessoa desconta para o INSS a vida toda no final quando se aposenta o governo vem com artimanhas pra reduzir cada vez mais aquilo que o trabalhador lutou a vida toda,aposenta com uma micharia que na maioria das vezes tem que continuar trabalhando pra poder sobreviver

Rodrigo

Esse temer nesse caso é o homem sem palavra, que não cumpre o acordado. Para mim isso se chama covardia, injustiça e maldade.

Adamastor

Muito prazer! Adamastor ao seu dispor!!!

Richard

Se vc faz questão do FGTS peça pro seu chefe descontar todo mês 8% dos seus vencimentos. Quando vc se aposentar ele lhe devolverá com 3% de juros ao ano mais TR. Se o seu chefe recusar eu faço!

Márcio Augusto LAnnes Abreu

Liga não a alma desde infeliz vai queimar no inferno…Este presidente é o próprio anti Cristo do apocalipse…

Lukas

Adelmario está defendendo sua aposentadoria nababesca. E a minha também.

De qualquer forma, obrigado.

Lukas

Meu irmão militar se aposentou aos 48 anos recebendo R$ 18.000,00. Vou me aposentar aos 59 anos recebendo R$22.000,00. São boas aposentadorias certamente.

    Adamastor

    SQN! A sua aposentadoria seria com paridade? Se for, só aos 65 anos!

    Nílson

    Depois disto tem que se acabar mesmo com previlegio, estou na iniciativa privada vou aposentar aos 59 e nem será no teto

Bacellar

Será que agora o Gigante Adamastor acordará?

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