Alckmin e um terço do ministério de Temer na lista da Odebrecht

Tempo de leitura: 3 min

Lista de Janot inclui um terço do ministério Temer

Por Maíra Magro, no Valor

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de inquérito contra nove ministros do governo do presidente Michel Temer.

O Valor apurou que praticamente um terço da Esplanada, formada por 28 pastas, está na segunda lista de Janot, decorrente das delações premiadas da Odebrecht e enviada na semana passada ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Os nomes de seis ministros vieram a público na semana passada, logo após a entrega dos pedidos de investigação.

O sétimo do rol é o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, segundo apurou o Valor.

Outros dois nomes ainda não foram revelados.

O Palácio do Planalto já foi informado que nove ministros são citados.

Mais um integrante da lista é o ex-presidente José Sarney, que figura ao lado de governadores, ex-governadores, parlamentares ex-parlamentares do PMDB.

O ex-presidente já foi alvo de um pedido de prisão — negado pelo STF — feito por Janot, por suspeita de atrapalhar as investigações da Lava-Jato.

Outros dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, também foram incluídos nos pedidos de investigação.

A lista inclui ainda integrantes do Tribunal de Contas da União, entre eles o ministro Vital do Rego.

A lista de Janot foi enviada na terça-feira ao STF, como resultado das 78 delações premiadas fechadas por executivos e ex-executivos da Odebrecht.

Logo em seguida, na quinta-feira, Maggi pediu licença do cargo por dez dias para tratar de assuntos pessoais.

O ato chamou a atenção por coincidir com o envio da lista ao Supremo.

Com a eclosão da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o ministro da Agricultura acabou cancelando o afastamento para tomar as rédeas da crise em sua pasta.

Maggi (que deixou o PR e filiou-se ao PP para integrar o ministério de Temer) foi governador do Mato Grosso de 2003 a 2010 e senador de 2011 a maio de 2016, quando se tornou ministro.

Procurado pelo Valor por meio de sua assessoria, ele disse que não iria comentar sua inclusão na lista de Janot.

Os motivos pelos quais Maggi se tornou alvo de requerimento de investigação ainda não vieram à tona, mas informações da sua área levantam duas hipóteses.

Atualmente, o grupo Odebrecht detém no Mato Grosso a concessão da BR-163, ligando Cuiabá a Santarém.

A Odebrecht Transport, braço do grupo que explora concessões de infraestrutura, venceu o leilão de concessão em 2013.

O trecho é uma via importante para o escoamento de grãos das regiões produtoras do Centro-Oeste.

As obras de duplicação são feitas em parte pela Odebrecht e em parte pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Enquanto senador, Maggi foi um importante interlocutor com o governo federal sobre as obras e, mais tarde, defendeu que elas fossem integralmente repassadas à Odebrecht.

No ano passado, a Odebrecht Transport colocou à venda o controle da BR-163, com a justificativa de que não estava conseguindo evoluir nas tratativas com o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obter empréstimo de longo prazo para as obras de duplicação da rodovia.

Não houve até agora um comprador.

Alguns delatores da Odebrecht também relataram casos de ex-governadores interessados na aprovação de projetos relacionados ao ICMS.

Segundo as delações, o grupo apoiou as demandas dos governadores com o pagamento de propina.

Além de Blairo Maggi, os nomes de outros seis integrantes do ministério de Temer se tornaram públicos nos dias seguintes ao envio da lista ao STF.

Entre os ministros mencionados, Eliseu Padilha (Casa Civil), um dos articuladores mais próximos ao presidente, é alvo de mais de um pedido de inquérito.

Também estão na lista Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), Bruno Araújo (Cidades) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços).

A lista de Janot também inclui governadores como Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Beto Richa (PSDB-PR), Renan Filho (PMDB-AL) e Tião Viana (PT-AC).

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Comentários

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Regina Maria de Souza

Não adianta aparecerem nomes do PSDB. A lava a jato só investiga PP, PT, PMDB e outros partidos que formaram a base do governo de Lula e Dilma – os extremos devido ao presidencialismo de coalizão. Essa a informação é de Deltan Dallagnoll a Ricardo Boechat, procurador da república que declara isenção de culpa sem investigação, ainda que haja indícios. Que falar mais? Espero que isso cause indignação tb à população brasileira – especialmente àquela parcela manejada pelas diversas denominações religiosas .

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