A caçada aos blogueiros como tentativa de impor o pensamento único

Tempo de leitura: 3 min

É mais do mesmo

CAÇANDO BLOGUEIROS

Quem impede o debate sobre a democratização dos meios de comunicação força o jogo na sombra de verbas públicas

por Paulo Moreira Leite, em seu blog

Vamos falar da substância das coisas. A caçada a blogueiros simpáticos às conquistas criadas no país depois da posse de Lula, em 2003, iniciada com a investigação sobre um suposto “bunker” do PT na prefeitura de Guarulhos, deve ser visto como aquilo que é.
Uma tentativa autoritária de silenciar vozes que divergem do monopólio político da mídia.

Sei que essa frase parece panfleto esquerdista mas não é.

Num país onde 141 milhões de eleitores foram transformados em reserva de mercado de uma midia monopolizada pelo pensamento conservador,  a internet tornou-se um espaço de resistência de uma sociedadde contraditória e diversificada. Todo mundo – direita, esquerda, centro, nada, tudo, xixi, cocô – está ali.

Vamos combinar. Hipocrisia demais não funciona. Truculência também não.

Até para ter um pouco de credibilidade, sem traços claros de ação eleitoral, a  denúncia contra bloqueiros deveria ser acompanhada pela exposição pública da contabilidade dos grupos de mídia que loteiam cada minuto de sua programação e cada centímetro quadrado de suas páginas com milionárias verbas de publicidade federal, estatual, municipal – sem falar em empresas estatais.

Estamos falando de serviços  de mendicância publicitária, de caráter milionário.

Seguido o método empregado em Guarulhos, seria didático exibir cada cifrão ao lado de cada pacotão de texto e fotos, concorda?

Teriamos bom circo por meses e meses.

Tentar criminalizar blogueiros pela denuncia de gastos públicos – uns caraminguás, pelos padrões de mercado  — é um esforço que apenas trái uma visão contrária à liberdade de imprensa, típica de quem não aceita   diversidade nem contraponto, mas apenas elogios e submissão. É o pensamento único em método linha dura e capa de falso moralismo. Apesar do escândalo, é uma denuncia verbal-investigativa. Nada se provou de ilegal.

Nós sabemos qual é a questão de fundo.

Enquanto não se aceitar o debate sobre democratização dos meios de comunicação, que poderia permitir uma discussão pública, às claras, expondo imensos interesses econômico e politicos em conflito, como se fez em vários países avançados do capitalismo, o jogo nas sombras será inevitável. Isso porque as pessoas precisam receber informações, falar, conversar, dar opiniões. Elas concordam, discordam, rejeitam e querem mais.

Não adianta adiar a chegada de um novo grau de democracia e  civilização. Ela transborda. Na agonia do regime de 1964, quando a imprensa amiga dos generais chegava a proteger a ditadura por todos os meios — inclusive derrotas eleitorais eram transformadas em vitória — os governadores de oposição financiavam nova publicações, sem ranço e sem compromentimento. Enquanto isso, até jornais alternativos, de faturamento menor do que a quitanda da esquina, eram alvo de uma devassa permanente por parte da ditadura. Empresários privados eram pressionados a saber quem ajudar — e a quem negar ajuda.

Aparelhismo?

Os últimos anos mostraram – e os blogueiros expressam isso — que o país não cabe nos limites mentais, políticos, culturais, do ideário conservador. Quer mais, quer diferente e por três vezes disse isso nas urnas. A internet e os blogueiros expressam isso. Têm este direito.
Alguma dúvida?

Este é o debate.

Leia também:

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Comentários

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EVAIR DA COSTA NUNES

Edna Lula nem no que está escrito nas notas de dólares, são 42 milhões de pessoas, atendidas, não 42 milhões de eleitores!!!!!!!!

Urbano

Afinal, chegou o momento do Brasil se desvencilhar de uma vez por todas, não de um conservadorismo ciente e responsável do seu papel dentro do contexto geral, mas de um conservadorismo bandido e fascista, versado unicamente na locupletação via rapinagem,escravismo e assassinatos inclusive, tendo como vítimas basicamente o Brasil e seu povo.

    Mário SF Alves

    Agora você brilhou, prezado Urbano.

    Brilhou, no bom sentido, claro.

    Resta saber se essa utopia seria viável.

    abs.,

    mário.

Edna Lula

Nós somos muitos e conseguiremos esmagar a opinião golpista da mídia vendida aos tucanos.

Edna Lula

Não há com o que se preocupar com relação às eleições, o Programa Bolsa Família nos garante 42 milhões de votos. A informação é do companheiro José Dirceu. E, nele eu acredito!

Luís Carlos

A mídia corporativa faz seu jogo de cena. Acusa o decreto presidencial que promove a política nacional de participação social de aparelhismo, além de atacar medidas de regulação da mídia como “censura”, porém censura a persegue blogs que dela discordam e mostram outras faces dos mesmos temas ou que sequer aparecem na grande mídia, além de aparelharem concessões públicas com pensamento único inibindo o contraditório. Eles são bilhonários, mas não é o bastante. Querem tudo! A ganância e intolerância da mídia corporativa explode diariamente em seus editoriais e envenena o país.

    Mário SF Alves

    A mídia fora-da-lei é parte interessada no negócio, claro. Mas, é bom que não se esqueça, ela é antes de tudo a eterna porta-voz do dono do negócio. E hoje, mais do que jamais teria ousado imaginar ser.

    E o nome do negócio é…

    Renato

    E aquele Boris do SBT falando besteira. Estava num restaurante e fui obrigado a ouvi-lo. Jornaleco. Por isso evito entrar num restaurante, que tem instalado em seu interior televisão. Boris deve achar que somos todos chapeuzinho vermelho. Fala bonito, é eloquente, cheio da moral. Segundo sua versão leia-se mentira, distorção da verdade, o Governo quer cercear os meios de comunicação, quer acabar com a liberdade de expressão. E, segundo ele, isso é ditadura. Fala sério. Se realmente o governo tinha como objetivo cercar os meios de comunicação, obviamente que essa atitude seria inadmissível. Porém, não é. Justamente por essas mentiras e tantas outras distorções da verdade e manipulação é que esses meios de comunicação estão perdendo espaço. Bom para o Brasil e bom para os brasileiros e brasileiras se esses meios de comunicação fossem a falência.

Julio Silveira

E assim pensam os capitalistas brasileiros…monopólio, monopólio, monopólio, cartel, cartel, cartel, acabar com a concorrência, eliminar a concorrência, exterminar com a concorrência, meu lucro máximo, lucro todo pra mim, essa grana é só minha, que mané consumidor, o consumidor são todos manés.

    Mário SF Alves

    Nessas alturas do campeonato, o consumidor já é considerado e tratado como mera propriedade privada dela. Isso vale igualmente para as operadoras de telefonia.

    Cevam-no pelo pensamento único ou pela opção única determinante e resultante da cada vez mais drástica concentração do poder empresarial-corporativo globalisado.

FrancoAtirador

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(http://www.istoe.com.br/expediente)
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