Associação Brasileira de Saúde Coletiva exige afastamento de Ricardo Barros: “De forma ardilosa, está destruindo o SUS”

Tempo de leitura: 3 min

Ministro Ricardo Barros concede sua primeira coletiva
Ricardo Barros é o único dos vinte ministros da Saúde que comandaram o SUS desde 1988, abertamente anti-SUS. Foto: Wilson Dias/ABr

Por outro Ministro da Saúde com outra política para a saúde – Por um Ministério da Saúde comprometido com o SUS!

do site da Abrasco

Ricardo Barros é uma ameaça ao direito à saúde e ao SUS.

Nós, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), somamos-nos às entidades médicas exigindo seu afastamento.

Mais uma vez, ao discorrer sobre problemas de funcionamento do SUS, no caso, o trabalho médico, Barros atuou de maneira demagógica e inadequada ao seu cargo.

Demagógica, porque apresentou proposta simplista para um problema complexo. Controle de ponto mediante o sistema de biometria – o que exigiria uma licitação e gastos milionários – sequer arranha a crônica falta de médicos e a péssima política de pessoal do SUS.

Inadequada, porque o Ministro deveria utilizar o poder de convocação do Ministério da Saúde, por ele dirigido, para construir, com a participação dos estados, municípios e representantes de usuários e de profissionais, uma nova política de pessoal para o SUS.

Vale lembrar que estados e municípios têm arcado com o principal ônus em relação ao gasto com pessoal: afinal, são responsáveis pela contratação e pela gestão de 96% da força de trabalho do SUS. Em realidade, as dificuldades com os profissionais do SUS são decorrentes de pelo menos dois fatores que o ministro jamais menciona.

Primeiro: apesar se seus vinte e sete anos, os dirigentes do SUS não construíram uma política de pessoal sequer razoável.

Assistimos ao caos: precarização, desrespeito aos direitos trabalhistas, péssimas condições de trabalho, ausência de estratégia para controle de resultados, descuido com a formação, fragmentação institucional e um modelo de gestão entre o perverso e o de compadrio.

Todos os cargos de gestão de serviços e de programas do SUS são de livre provimento pelos políticos de plantão. Nenhum governo anterior logrou alterar essa realidade. Tudo isto tem criado um péssimo ambiente de trabalho, comprometendo o relacionamento dos trabalhadores com os usuários e com os colegas e também destruindo a sustentabilidade de projetos e de mudanças positivas.

Todos os sistemas públicos de saúde (Inglaterra, Portugal, Espanha, etc.) que lograram efetividade e eficiência na utilização do orçamento público possuem carreiras nacionais exemplares. Carreiras que combinam direitos e autonomia aos profissionais com o asseguramento da responsabilidade com o cuidado dos usuários.

No Brasil, o Ministério da Saúde deveria tomar a iniciativa de romper com essa inércia e trabalhar para a progressiva construção de uma carreira nacional para o SUS, com alguns elementos centralizados e outros descentralizados e com um financiamento compartilhado entre União, estados e municípios, criando um Fundo Nacional para Política de Pessoal do SUS.

Cada ente federado aportaria a esse Fundo recursos proporcionais ao seu orçamento para a saúde. Todos os profissionais seriam servidores do SUS do Brasil. Concursos de ingresso e gestão das carreiras poderiam ser realizados pelos estados, e a gestão do trabalho, principalmente, pelos municípios, hospitais, etc.

Enfim, cabe ressaltar que é papel do Ministério da Saúde tomar a iniciativa e articular estados, municípios e atores sociais para tratar dos problemas estruturais do SUS. A inércia compromete o direito à vida de milhões de brasileiros.

Segundo: o financiamento insuficiente tem funcionado como um entrave para o desenvolvimento do SUS.

Infelizmente, contudo, esse déficit vem se agravando no governo Temer pela imposição de restrições orçamentárias e quebra de estados e municípios.

Essa derrocada das instituições públicas decorre tanto do período recessivo quanto de governos centralmente voltadas para assegurar o interesse da elite econômica e política. Os entes federados estão sendo obrigados a priorizar o pagamento das dívidas, indexadas por juros exorbitantes, e não a atender, em primeiro lugar, à saúde, educação, segurança e aos cuidado com as cidades.

Em consequência, o SUS vem se enfraquecendo a cada dia, a cada mês: hospitais públicos e universitários fecham leitos, restringem procedimentos diagnósticos, cirurgias e até o atendimento às urgências.

A Estratégia de Saúde da Família, em várias cidades, vem perdendo profissionais que compõem suas equipes, principalmente enfermeiros e médicos. Esta maneira ardilosa de destruir uma política pública, essencial para o povo brasileiro, precisa ser denunciada e interrompida.

O Ministério da Saúde e, em grande medida, autoridades sanitárias têm sido cúmplices com esse genocídio anunciado.

Convocamos os gestores éticos e comprometidos com o SUS, os profissionais de saúde, a mídia, os movimentos sociais, as igrejas e toda a sociedade para que rompamos com este pacto antissocial. Que cada pessoa, grupo, movimento, denuncie este desmonte e se mobilize para o fortalecimento do SUS.

Para encerrar esta nota ainda há que se proclamar: Por outro Presidente da República, por eleições diretas, e por outra política para o Brasil.

Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco

25 de julho de 2017


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Comentários

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João Bravo

Conceição, aqui é o João Bravo, acho que fiz injustiça com uma jornalista amiga sua,baseada em Londres,chamada Renata loures,conhece? estou pesquisando sobre vendas de orgãos humanos como rins e ela me convidou no facebook.Como tive uma experiencia com um “jornalista” da folha de são paulo,enviei uma resposta grosseira a ela, deletei todos os meus emails antigos por engano, e perdi o seu.

    admin

    João,salve! Anote. O meu e-mail é [email protected]
    Abração

Associação Brasileira de Saúde Coletiva exige afastamento de Ricardo Barros: “De forma ardilosa, está destruindo o SUS”

[…] Fonte: Associação Brasileira de Saúde Coletiva exige afastamento de Ricardo Barros: “De forma ardilosa… […]

LANDO CARLOS

A QUEM RECORRER NÓS OS POBRES,JÁ ESTAMOS SENTINDO OS EFEITOS DA DESTRUIÇÃO DO SUS,ESTE SENHOR E UM ASSASSINO,QUE REPRESENTA A PREVIDÊNCIA PRIVADA,NÃO E POSSIVEL QUE A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ SEJA TAÕ DEREESPEITADA.

maria das dores vieira

Sou fonoaudiologa especialista em saude publica e comungo plenamente

lucila

Ah, esses médicos…
se uniram para tirar a Dilma e depois nem gritaram contra a condução desse mercenário da saúde, esse vampiro escancarado, essa raposa no galinheiro.
até que…
ele resolve botar ponto eletrônico.
ô classezinha ruim.
sei que há muitos e muitos médicos que cumprem muito bem suas funções, exercem com dedicação, qualidade e respeito seu ofício, mas há muitos, muitos e muitos que desprezam os pacientes, têm preconceitos graves de classe, de cor, de gênero, de tudo; que mantêm seus empregos privados, seus consultórios, nos horários em que deveriam trabalhar, servidores públicos que são, servindo a população. e há até os dedinhos de silicone.
é difícil ser solidária a essa gente.
o desmonte do SUS estava anunciado assim que esse sujeito chegou e o ritmo é acelerado.
eles nunca tiveram tantos investimentos em formação, condições de trabalho como nos governos petistas.
mas conseguiram tirar a presidenta eleita e agora, quando gritam contra o governo golpista porque chegou nos seus calcanhares, nivelam todas as gestões por baixo, como se não houvesse diferença.
minha indignação com essa classe organizada só vai cessar no dia em que eles se mostrarem menos fascistas.
sinto muito que estejam sendo tratados assim, mas eu sinto muitíssimo mais, infinitamente mais, pelos pacientes que estão cada vez mais sendo abandonados, pois assim como na saúde, em todas as áreas do governo golpistas os mais vulneráveis (pelos quais eles não têm empatia) estão perdendo absolutamente tudo.

Associação Brasileira de Saúde Coletiva exige afastamento de Ricardo Barros: “De forma ardilosa, está destruindo o SUS” – Blog da Saúde – Brasdangola Blogue

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