Sim, é textão

Tempo de leitura: 2 min
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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Você já desejou a morte de alguém.

Não é uma pergunta, é uma afirmação.

Todo mundo já o fez.

É o tipo de pecado do qual ninguém escapa.

Pecar é desobedecer a uma norma ou preceito, religioso ou não.

Pecar é errar, cometer uma falta.

O preço a se pagar corresponde à gravidade da falta.

Aqui no Brasil temos duas categorias distintas de pecadores: a dos periféricos, pobres, pretos, quase pretos ou quase brancos.

E a dos ricos, brancos com diploma, brancos caboclos, brancos pardos, brancos bronzeados, brancos mulatos, brancos europeizados…

Para o primeiro grupo a justiça é sumária: linchamento, prisão, tortura e execução.

Para os demais tem o tal ordenamento jurídico movido a dinheiro, muito dinheiro.

Portanto, ao nascer, já sabemos em que categoria estamos e com o tempo vamos aprender o quão difícil é transitar de uma classe à outra.

A segregação disfarçada de cordialidade alimenta o ódio.

Onde há ódio há violência.

E onde há violência, há sentimento de vingança.

Diante de tanta crueldade, seja das pessoas, umas contra as outras, seja do Estado, contra a maioria, o ódio cresce.

Para conter o ódio a violência aumenta.

E a gravidade das penas também.

“Vejo o futuro repetir o passado”, diria Cazuza.

Se antes as pessoas eram condenadas à morte na arena com os leões, à fogueira e ao esquartejamento, não se admire se em breve a gente voltar a adotar práticas até então inaceitáveis.

Afinal, enforcar, decepar a cabeça, apedrejar, fuzilar, dar choque ou inocular injeção letal, são métodos em vigor em 58 países do nosso planeta Terra.

Na “América” dita civilizada morre-se por cometer homicídio qualificado ou atos de terrorismo.

No Irã o adultério e a homossexualidade levam à morte.

Na China fraude, sonegação, desvio de verbas e tráfico de drogas e armas também.

Este é o mundo real em que as pessoas perdem mais tempo com o ódio do que amando-se umas as outras.

Eu escolhi a segunda opção.

Será que meu castigo será a expulsão do Paraíso?

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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Comentários

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Andre

Excelente análise. Que possamos refletir como nós nos deixamos ser conduzidos pela mídia financista.

José Maurício

Será que o amor está ficando ultrapassado?
Será que se importar, se por no lugar do outro, é algo ruim. Será que meus valores estão invertidos?

Se for isso vou continuar. Sempre admirei quem nada contra a corrente.

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