Pequenas vilas, grandes imagens

Tempo de leitura: 2 min
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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Imagine uma mulher de 88 e um homem de 33 anos.

Não, não estou falando de sexo, nem de relacionamento conjugal.

Falo de um projeto artístico.

Os dois decidem percorrer a França, não no que o país tem de glamour, ou das célebres imagens de cartão postal.

Ambos procuram um país ora esquecido, ora inacabado, ou em ruínas.

E se propõem a retratar o cidadão comum, a tal “gente humilde”.

Não falta dinheiro ao projeto.

Onde a produção chega nota-se que o local se modifica.

Mas, ao contrario do jeito hollywoodano de fazer cinema, tudo é feito com delicadeza, com respeito, considerando os desejos e sentimentos dos moradores locais.

Estou tentando falar, sem dar spoiler, do filme Visages, Villages da cineasta Agnès Varda e do fotógrafo JR, que está em cartaz no circuito não comercial.

Claro que não é um blockbuster!

Trata-se de um documentário, gênero para o qual o grande público costuma torcer o nariz.

Não deveria.

É aquele tipo de cinema que encanta, para quem gosta de se emocionar, rir, chorar e principalmente refletir sobre a passagem do tempo.

Neste sentido, alguns aspectos chamam a nossa atenção.

Primeiro, o choque geracional.

São dois profissionais que vêem e pensam a imagem de uma maneira muito, muito diversa.

Mas que, no entanto, conseguem encontrar uma narrativa comum, não só do ponto de vista artístico, mas principalmente estético.

Ela tem um problema na visão, que a dificulta fazer foco.

Já ele optou por usar óculos escuros permanentemente, o que nem sempre ajuda.

O que pode ser encarado como um problema para ambos acaba virando uma espécie de fio condutor do roteiro.

Os diálogos francos, as trocas de experiências e principalmente as de farpas são tratados de forma genial na montagem.

Tudo isso permite a ambos experimentarem resultados incríveis nas instalações que concebem.

Em síntese, o filme é sobre como sair por aí espalhando arte.

E como sensibilizar pessoas dentro e fora das telas.

Corra, porque Visages, Villages tem tudo para levar o Oscar.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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