O amigo da onça virtual

Tempo de leitura: 2 min
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Por Marco Aurélio Mello

O sujeito era daquele tipo que bolinava todo mundo na turma.

Apesar da pouca estatura e do peso um pouco acima do padrão, ele se comportava como um galã.

Desafiava os mais novos, chamava-os para a briga, era cruel no humor e sarcástico nas brincadeiras.

Mas a molecada da rua o adorava.

Ele foi o primeiro a ter carro, um fusca rebaixado, e levava a turma toda para passear à tarde.

Era do tipo cara de pau, que sabia como se aproximar de todas as meninas.

Não tinha critérios e por isso estava sempre acompanhado de uma.

Depois todos perceberam que, além da falta de critérios, faltavam-lhe também escrúpulos.

Durante um tempo ele passou a se envolver com mulheres ricas e mais velhas, em geral aquelas que não tinham tido muitos relacionamentos na vida, que estavam separadas, ou viúvas.

Ele era capaz de identificar suas fraquezas emocionais e ir direto ao ponto.

Aí se regozijava de ter dado “o golpe do baú”.

Passou a andar em carros de luxo e a se envolver em confusões quando era flagrado em traição.

Ou seja, sem critérios, sem escrúpulos e também sem caráter.

Ao que se sabe ele nunca se deu mal.

Outro dia ele reapareceu.

Parece que vive em Miami, tem mulher e duas filhas.

Sua distração é entrar no perfis de esquerda para comprar brigas virtuais.

Esconde-se atrás do argumento de que como amigo de infância pode tudo.

Provoca, atrai os mais esquentadinhos e fica trocando insultos na timeline que não é dele.

O melhor que se tem a fazer é ignorar.

Não alimente trolls, dizem por aí.

Mas como amor fraternal tem limites, o melhor ainda é depois de um tempo bloquear.

Afinal, nada como amor próprio, porque não existe pior algoz para nós do que nós mesmos.

E amigo assim ninguém merece, não é mesmo?

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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Comentários

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Luiz Carlos P. Oliveira

Quem será esse FDP? Acho que até podemos usar o plural.

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