O Admirável Mundo Novo

Tempo de leitura: 2 min
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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Que reforma trabalhista que nada!

Há anos tenho sonhado com este dia.

Sabia que estava para chegar a qualquer momento.

Pois chegou.

Uma empresa de software, a Three Square Market , acaba de anunciar que vai implantar chips em cinquenta dos seus empregados a partir do dia primeiro de Agosto.

Uma notícia para correr o mundo e dividir opiniões no mais novo Fla-Flu das redes sociais.

Segundo a empresa, o dispositivo vai facilitar tarefas como abrir portas, acessar computadores, fazer cópias de documentos e compartilhar informações.

Também vai servir para controlar o tempo que o empregado dedica à atividade que ele executa.

E, num futuro próximo, vai permitir também ativar “outros mecanismos”.

Claro que com toda ética.

A empresa garante: vai preservar a privacidade dos funcionários.

Mas o que é mesmo privacidade neste atual momento da humanidade?

Ir ao banheiro fazer o número um?

Ir ao banheiro fazer o número dois?

Por que não segurar o número dois para fazer em casa, ao invés de fazer na firma, muita gente se pergunta?

Em breve imagino uma condição análoga à escravidão, em que o chip vai funcionar como despertador, acionar a cafeteira eletrônica, ligar o chuveiro, a máquina de lavar e te deixar em condições de chegar ao trabalho sem que você tenha que gerenciar o tempo.

Afinal de contas que coisa mais chata gerenciar o tempo, não é mesmo?

Agora, imagina só a cena.

É madrugada e você está fazendo amor depois de um jantar a dois regado a um bom vinho.

Seu smartphone está devidamente desligado.

Você acha mesmo que aquele seu supervisor pelego vai ter algum pudor em te dar um toque, “acionar o chip”?

Como diria Thomas Jefferson (autor da Declaração de Independência Estadunidense): “o preço da liberdade é a eterna vigilância.”

Encerro esta reflexão ao som de Zé Ramalho: “Ê, ê, ô, vida de gado, povo marcado ê, povo feliz.”

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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Comentários

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Luiz Carlos P. Oliveira

Ê, Ê Ô, vida de gado
Povo marcado, povo feliz.

Só falta o ferro quente no lombo, com o logotipo da empresa. É o fim.

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