Filho, quando eu tinha a sua idade…

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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Eu voltei a morar com meus pais.

Eu estava no primeiro ano da faculdade.

Eu procurava um estágio.

Eu ganhava mesada.

Eu não tinha uma só namorada.

Eu lia a Folha de São Paulo de cabo a rabo.

Eu ouvia música alta.

Eu não ligava para escapamento de moto.

Eu cochilava 40 minutos depois do almoço.

Eu encontrava os amigos da rua todo dia.

Eu saía todo fim de semana.

Eu bebia vodka e tinha coma alcóolica.

Eu perdi minha irmã mais velha.

Eu virei radialista.

Eu achava que era artista.

Eu queria que o mundo coubesse em mim.

Trinta anos depois…

Eu não visto mais o mesmo figurino.

Eu não ouço rock inglês com a mesma frequência.

Eu tirei o brinco de onix.

Eu larguei o dark side.

Eu criei coragem… fiz uma tatuagem… mínima.

Eu sou pai do meu pai.

Eu virei amigo do meu filho.

Eu às vezes acho que não caibo mais no mundo.

Mas, ainda assim…

Eu quero amar como antes.

Eu quero dar e receber prazer como nunca.

Eu quero viver o que me resta sem culpa nem arrependimento.

Eu quero ser íntegro, leal e feliz.

Eu quero estacionar aqui, nos cinquenta e um.

E quero que você seja tudo o que quiser ser nos seus vinte e um.

Eu amo você.

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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